Beatriz Costa volta à televisão portuguesa já em janeiro
Estreia na RTP2 o documentário 'A Alegria é a Minha Religião', sobre a vida e obra deixada por uma das mais carismáticas e aplaudidas atrizes nacionais.

O palco e a cultura popular portuguesa não seriam os mesmos sem Beatriz Costa. A emblemática artista nascida no início do século XX, marcou uma geração e deu o seu contributo de peso para o teatro de revista e para os anos de ouro do Cinema em Portugal.
Agora, ainda que por breves instantes – 47 minutos mais precisamente – regressa à televisão portuguesa, no dia 2 de janeiro às 15h54, através do documentário biográfico A Alegria é a minha Religião da autoria de Paula Castelar e Henriques Mateus e realização de Laurent Filipe, que estreia na RTP2 e fica depois disponível na RTP Play. Uma bonita homenagem que surge no 25º aniversário da sua morte e que pode bem ser a mote perfeito para juntar toda a família numa viagem pelo passado.


A obra, perspicaz e cheia de ritmo como a própria atriz, apresenta-se sempre sob um ponto de vista auspicioso, mesmo quando a vida é mais dura consigo. Beatriz Costa nasceu na pequena freguesia do Milharado, em Mafra, a 1907, numa família pobre. Na infância serviu de modelo ao pintor José Malhoa e aprendeu a ler e escrever sozinha aos 13 anos, mantendo o gosto pela aprendizagem a vida toda.
Estreou-se na Revista Chá e Torradas aos 15 e desde aí nunca mais parou, entre os palcos de Portugal e Brasil. Do lado de lá do Atlântico o seu talento também não passou despercebido, sendo que aí viveu várias temporadas. O apogeu da sua carreira dá-se, muito provavelmente, com o filme A Canção de Lisboa, ao lado de Vasco Santana. Na memória dos portugueses, ficará para sempre, no entanto, A Aldeia da Roupa Branca, aquela que seria a sua última película. Mais tarde, dedicou-se à escrita, estreia que atribuiu a Jorge Amado, tendo publicado várias obras.

Pelo caminho, teve muito tempo para viajar, e tornar-se amiga de gigantes nacionais como Gago Coutinho, Miguel Torga ou Agostinho da Silva e também internacionais, como Marlene Dietrich, Salvador Dalí ou Pablo Picasso. Os amores e desamores da sua vida também são contemplados no filme, mas sobretudo fica a imagem de uma alma generosa, muito atenta ao próximo, como é referido por amigos e família. Faleceu aos 88, no hotel Tivoli, no quarto número 600 do sexto andar, onde viveu por mais de 30 anos.

Foi aliás, no Tivoli Avenida Liberdade, situado na zona nobre da capital, que aconteceu a antestreia deste documentário, no dia em que celebraria o seu 114º aniversário, a 14 de dezembro. O quarto original desapareceu com a reformulação do hotel em 2017 mas, atualmente, é possível hospedar-se na Suíte Beatriz Costa. São 77m2 decorados com peças exclusivas do seu espólio pessoal, seja mobiliário de época e objetos vários, que o farão recordar um dos maiores ícones do Cinema português.

