Alexandria Ocasio-Cortez responde às críticas por ter sido empregada de bar
A famosa congressista da ala mais à esquerda do partido democrata discursou no dia de abertura da Convenção Democrata. AOC, como é conhecida, não perdeu a oportunidade de dizer o que pensa sobre as críticas que os republicanos costumam dirigir-lhe.

No dia em que apresentou o seu parceiro na corrida à Casa Branca – o governador no Minnesota, Tim Walz – Kamala Harris disse com todas as letras: "Quando a classe média é forte, a América é forte." E prometeu que um dos seus principais objetivos como presidente será apoiar essa enormíssima fatia da sociedade norte-americana e de todas as sociedades ocidentais: as pessoas que vivem do fruto do seu trabalho. No arranque da Convenção Democrata – que começou ontem, dia 19, e se prolonga até dia 22 – a congressista Alexandria Ocasio-Cortez provou que recebeu o briefing e aproveitou o seu discurso para dar resposta às críticas dos republicanos ao seu passado como empregada de bar.
"Os republicanos atacaram-me dizendo que eu devia voltar a servir mesas num bar. Mas, deixem-me dizer-vos: fá-lo-ia com todo o gosto, qualquer dia da semana, porque não há nada de errado em trabalhar para viver. Imaginem como será termos líderes na Casa Branca que compreendem isso. Líderes com Kamala e Tim." Foi esta a resposta da congressista, também conhecida como AOC, e que é vista com horror por boa parte dos republicanos – se não todos –, pelos seus ideais mais colados à esquerda – outro ícone deste setor do partido é o famoso senador Bernie Sanders – o que, para um norte-americano, soa quase sempre a comunismo.





Este foi o primeiro discurso de AOC numa Convenção Democrata de peso, como esta, que antecede uma eleição – e cujo objetivo é nomear, oficialmente, os candidatos a presidente e vice-presidente, e unificar o partido. O facto de AOC ter tido uma plataforma de destaque, logo no dia da abertura – dia em que Joe Biden, o ainda presidente, também discursou, para se despedir do partido e prestar todo o seu apoio a Harris – parece, realmente, um sinal de que as políticas preconizadas por esta congressista vão ter um papel mais preponderante, caso Kamala Harris vença a corrida.
Hilary Clinton, que perdeu as eleições para Donald Trump em 2016, e que também discursou no primeiro dia da convenção, acredita que os ventos estão a mudar e que será, finalmente, possível pôr uma mulher na Casa Branca. "Algo está a acontecer na América – conseguimos senti-lo", disse.

Alexandria Ocasio-Cortez em novo documentário da Netflix
‘Knock Down The House’ segue a ascensão política de Alexandria Ocasio-Cortez, a democrata mais jovem representante do Congresso dos Estados Unidos.
Debate Trump x Harris. As frases mais polémicas da noite
Durou 90 minutos. Trump foi igual a si próprio. Hesitou em cumprimentar a adversária, mas ela caminhou até ele de mão estendida. Kamala olhou para Trump sempre que o discurso lhe era dirigido. Ele pouco olhou para ela. E houve sorrisos de desdém de um lado e de incredulidade do outro.
As mulheres (ainda) vão mandar no mundo?
"The future is female". Nos últimos anos, vimos esse slogan por todos os lugares: nas redes sociais, em campanhas publicitárias, em t-shirts, possivelmente até na parede de algum Airbnb. No entanto, agora o statement já não é mais tão certeiro.
Presidenciais norte-americanas. Mulheres brancas decidem a eleição
Kamala Harris fez um derradeiro apelo para angariar o voto destas mulheres, que representam mais de 30% do eleitorado e que, normalmente, apoiam o candidato republicano. Mas estas são as primeiras eleições presidenciais desde que o acesso ao aborto foi limitado e muitas não estão satisfeitas com isso.