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Afeição enganosa: quando expressamos mais amor do que aquele que sentimos

Novas pesquisas sugerem que a falsa afeição pode manter os relacionamentos fortes.

13 de abril de 2018 às 17:30 Pureza Fleming

Porque é que dizemos aos nossos parceiros "amo-te"? De acordo com um artigo publicado no site Psichology Today, a resposta é simples: gostamos de nos sentir amados, logo, se amamos outra pessoa, sabemos que expressar afeição fará com que eles (e nós) se sintam bem.

Uma resposta cínica (e estas são sempre mais divertidas) pode ser que, ao convencer o nosso parceiro de que o amamos, podemos, de alguma forma, beneficiar com isso. Um bom exemplo onde assistimos à prática dessa tática são os filmes de adolescentes, onde jovens desesperados por perder a virgindade se desfazem em declarações de amor à líder da claque com o único objetivo de levá-la para a cama.

Mas pesquisas sugerem que "mensagens afetivas enganosas", como são designadas por cientistas, são comummente empregadas mesmo em relacionamentos estabelecidos, numa média de mais de três vezes por semana. E enviam-se essas mensagens enganosas não porque não se gosta do parceiro mas porque se está ciente dos benefícios de exagerar o afeto. Os benefícios podem incluir salvaguardar ("ela disse que me amava, então é melhor eu dizer de volta"), evitar conflitos ("se ??eu for carinhoso com ele, talvez não fique tão irritado com X") ou gestão de emoções ("ambos nos sentiremos bem se mostrarmos um pouco de afeto agora").

É claro que também mostramos afeto quando realmente o queremos dizer. Mas a afeição enganosa pode ser uma maneira extra de manter os relacionamentos fortes, oferecendo ao parceiro algo que ele deseje (com um bónus adicional: é grátis).

Madeleine Redlick e Anita Vangelisti, da Universidade do Texas, em Austin, publicaram recentemente os resultados de um novo estudo sobre afeição enganosa. As pesquisadoras previram então que as pessoas com parceiros especialmente atraentes seriam mais propensas a exagerar no afeto. Estariam, portanto, mais motivadas a reter parceiros tão atraentes que seriam difíceis de substituir. Uma forma de manter um parceiro doce é sussurrar palavras doces aos seus ouvidos: mesmo que essa doçura não passe de sacarina e stevia.

Redlick e Vangelisti recrutaram mais de 200 homens e mulheres heterossexuais que tivessem estado num relacionamento por uma média de 7 anos. Perguntaram aos voluntários com que frequência transmitiam afeto aos seus parceiros que não estivessem genuinamente a sentir. Os voluntários também avaliaram o quão difícil seria encontrar outro parceiro que fosse tão honesto, dedicado, inteligente e sexualmente atraente como o seu atual: isto daria uma boa medida de quão atraentes os voluntários consideravam as suas caras-metades.

Os resultados do estudo mostraram que havia uma ligação entre a tendência de expressar afeto enganoso e a atratividade do parceiro. No entanto, o efeito foi na direção oposta à prevista por Redlick e Vangelisti.

As pesquisadoras, que inicialmente consideraram que aqueles com parceiros mais atraentes estariam mais propensos à afetividade enganosa, acabaram por decifrar o contrário: eles eram, na verdade, menos propensos a enganar.

Análises posteriores revelaram que as pessoas com parceiros atraentes tendiam a ficar mais satisfeitas com os seus relacionamentos e que estando mais satisfeitas enviariam menos mensagens afetivas enganosas.

Redlick e Vangelisti sugerem que pessoas com parceiros insubstituíveis tendem a ficar mais nervosas ao colocar o relacionamento em risco com o envio de mensagens enganosas, que poderiam ser detetadas como falsas. Alternativamente, um parceiro atraente poderia inspirar um afeto mais genuíno, o que significa que as mensagens enganosas seriam menos necessárias.

Afinal de contas, um beijo de Judas sem nenhum motivo oculto é um beijo genuíno. Genuíno e afetuoso.

so.

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