
"A minha cozinha é o resultado da universalidade portuguesa simbolicamente representada no mar, elemento primordial da memória construtora dos meus afectos, sentimentos e emoções, " confessa a Chef Felicidade.
"Foi lá, junto ao mar, na Arrifana, que o mundo todo se sentou comigo à mesa, para juntos, vermos a minha avó cozinhar, partilhando gestos, movimentos de alma, cheiros e sabores, com que eu, hoje, sacralizo a eternidade do rito, repetindo, diariamente, as cores e os sabores da cozinha da minha avó, num tempo, agora, em que Lisboa é a cidade cais, e Portugal, uma imensa plataforma multicultural.
A minha cozinha é o resultado da universalidade portuguesa como é a Literatura ou a Música contemporâneas por onde viajo, e a viagem é esta revisitação com que procuro o mundo inteiro em nós, para depois compor e escrever receitas inscritas na saudade com que dou as boas vindas a quem deseja experimentar o mundo dentro de mim, na minha cozinha, escrita de passado, no presente, como o conjunto de todas as expressões humanas criativas.
Assim é a Gastronomia, um palco silencioso de cantares humanos, de sabores terrenos e, de experiencias, cheias de céu, azul, cor que inunda a Terra, lugar de vida e partilha, através do qual trato os elementos, os misturo, equilibro e dou vida sem desperdiçar a mais leve partícula.
A minha cozinha é o resultado da universalidade portuguesa porque foi, é e será nas raízes que construo e edifico as casas onde recebo o mundo e o mundo me recebe. E nessa cozinha, de uma infância rodeada de mar e de sabores, lá estão a minha avó e a minha mãe, também elas, cozinheiras, as três rodeadas de produtos frescos locais, às vezes, olhando o mar, sempre atentas à proa do barco que trazia o peixe e o marisco, palavras essenciais ao menu.
Dos quatro anos aos dezoito, confundi a vida com a cozinha e, a cozinha, com a vida.
A gramática da minha cozinha foi, no essencial, escrita naqueles anos e, apesar de ter vindo para Lisboa, concluir os meus estudos académicos (licenciei-me em Direito, tornei-me advogada e pós graduei-me em Direitos de Autor) trouxe a cozinha comigo, deixando que a vida, de novo, olvidasse a cozinha e, depois, a cozinha concertasse a vida.
Quando as tascas e as tabernas pareciam ter desaparecido do património histórico de Lisboa, dei o meu contributo nos Restaurantes A Taberna Ideal e na Petiscaria Ideal, com as minhas receitas, para que o conceito da partilha à mesa, dos petiscos, e a cozinha portuguesa, regressassem ao cardápio gastronómico da cidade.
Depois, veio o Restaurante a Pharmacia e, mais recentemente, a Cozinha da Felicidade.
A ideia que me anima e, a paixão que me move, são sempre as mesmas: recuperar na minha cozinha a tradição secular da gastronomia portuguesa e dos seus produtos." Para quem quiser saber a rota da Cozinha da Felicidade, saibam que se devem dirigir ao Mercado da Ribeira!
Para quem quiser saber a rota da Cozinha da Felicidade, saibam que se devem dirigir ao Mercado da Ribeira!
