Presidente da República não vai intervir na discussão sobre a eutanásia
Marcelo Rebelo de Sousa explicou que, enquanto Chefe de Estado, não deve condicionar a discussão.
Na passada noite de domingo, uma reportagem produzida pela TVI juntou depoimentos de ex-funcionários da instituição para mostrar como Paula Brito e Costa usou fundos da Raríssimas para sustentar vários luxos, das peças de roupa às despesas de um carro topo de gama. Um dia depois, uma petição pública dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, a António Costa e Ferro Rodrigues, Presidente da Assembleia da República, exigia a demissão de Brito e Costa. Com quase 1800 peticionários em pouco mais de quatro horas, o documento considerava inadmissível que a fundadora da associação se mantivesse em funções até serem averiguadas todas as provas expostas pela jornalista Ana Leal.
Agora, Paula Brito e Costa acaba de confirmar ao jornal Expresso que vai mesmo demitir-se da Presidência da Raríssimas, associação de solidariedade que fundou. "A minha presença já está a afetar a instituição e tenho de sair. Esta é uma cabala muito bem feita. Deixo à Justiça o que é da Justiça, aos homens o que é dos homens e ao meu país uma das maiores obras, mas mesmo assim vou, saio. Presa só estou às minhas convicções", avançou a Presidente da Raríssimas em entrevista ao semanário.
Segundo a investigação da TVI, a presidente da Raríssimas receberia um salário base de 3 mil euros mensais, aos quais se somavam 1300 em ajudas de custo mais 816,67 euros para um plano poupança-reforma e 1500 euros para deslocações. Ao valor total acresce-se a despesa do aluguer de um carro de luxo por 921,59 euros por mês, além de compras pessoais, que Paula Brito e Costa pagava com o cartão de crédito da associação. Entre as testemunhas contactadas pela TVI estão dois ex-tesoureiros da associação, uma antiga dirigente e uma ex-secretária. Entre as provas que corroboram os depoimentos estão vários documentos que mostram transações ilícitas que terão beneficiado Paula Brito e Costa.
No caso, que já está a ser investigado pelo Ministério Público, estão também envolvidos Manuel Delgado, atual secretário de Estado da Saúde (que alegadamente recebeu 3 mil euros mensais para fazer a consultoria da instituição durante um ano, recebendo um total de 63 mil euros), e Sónia Fertuzinhos, deputada do Partido Socialista, que chegou a fazer uma viagem para a Noruega paga pela Raríssimas.
O Ministério nega conhecer o caso mas, para já, admite avançar para uma inspeção global com carácter de urgência.