Obesidade está prestes a ultrapassar tabagismo nos fatores de risco de cancro

A prática de exercício físico regular vai tornar-se cada vez mais importante para ajudar a prevenir o aparecimento de cancro, dizem os cientistas nos estudos mais recentes.

Foto: Getty Images
17 de março de 2021 às 08:00 Rita Silva Avelar

A obesidade poderá em breve ultrapassar o tabagismo como principal risco associado ao cancro, avançam vários estudos citados pelo diário The Guardian. A prática de exercício regular está a tornar-se cada vez mais importante para ajudar a prevenir o aparecimento de novos casos de cancro.

Os estudos, que tomam o Reino Unido como exemplo e abrangem o período de tempo que dura a pandemia, reportam que existe um aumento de peso generalizado entre os britânicos, após a redução da atividade física e o aumento do consumo de fast food, também devido à popularização das plataformas de entrega de comida em casa.

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"Precisamos de comer alimentos melhores, mas é igualmente claro que o exercício regular é também muito importante na prevenção do cancro", diz Linda Bauld, professora na Universidade de Edimburgo. O excesso de peso ou obesidade deixa os indivíduos vulneráveis ao desenvolvimento de tumores, tendo mais de uma dúzia de tipos de cancro sido ligados ao excesso de peso em investigações recentes.

Embora no Reino Unido o tabagismo continue a ser a principal causa de cancro, é provável que a obesidade - que atualmente é o segundo - se torne na causa principal. Há dois fatores em evidência: cada vez mais pessoas estão a deixar de fumar, mas existem cada vez mais indivíduos em risco de obesidade. Como resultado, espera-se que até 2040 a obesidade tenha ultrapassado o tabagismo como a principal causa evitável de cancro nas mulheres, um padrão que os homens seguirão alguns anos mais tarde.

Numa experiência recente que utilizou ratos, os cientistas, financiados pela Cancer Research UK, compararam um grupo que levou vidas sedentárias com outro grupo que foi colocado em passadeiras durante 30 minutos, três vezes por semana. Os cientistas descobriram que o exercício reduziu os níveis de inflamação do fígado, que pode levar a tumores, e melhorou o metabolismo dos ratos mais velhos, mesmo naqueles que tinham doenças hepáticas avançadas.

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Este estudo, que foi conduzido por Derek Mann, professor no Centro de Cancro da Universidade de Newcastle, descobriu que os ratos exercitados tinham menos gordura no fígado e movimentavam-se mais rapidamente. "Queríamos ver se o exercício em ratos - uma rotina suave que pudesse espelhar o exercício possível para as pessoas fragilizadas - poderia ajudar a inverter o declínio imunitário e ajudar a reduzir o risco de desenvolvimento de tumores hepáticos", explica Mann, ao The Guardian. Esta investigação ganha relevo porque os casos de cancro do fígado em humanos aumentaram no Reino Unido na última década, com 17 novos casos a serem diagnosticados todos os dias, e prevê-se que as taxas continuem a crescer. 

Outro estudo recente da Cancer Research UK mostrou que mais de 135 mil casos de cancro poderiam ser evitados todos os anos, em grande parte através de mudanças no estilo de vida, com o aumento da atividade física a desempenhar um papel fundamental nesta inversão de realidades. Embora o estudo seja um reflexo do estilo de vida dos britânicos, este são dados que podemos tomar como válidos, em Portugal, como forma de prevenção.

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