Jacqueline Goodnow, uma das maiores especialistas em desenho infantil, garante que não espanta que nos apaixonem. Afinal, diz, "a maior parte deles possui encanto, novidade, simplicidade e uma apresentação fresca que é fonte de prazer puro", ou seja, valem por si mesmos. Mas para a investigadora os desenhos podem também ser vistos como uma expressão da nossa procura de ordem no mundo, como exemplo de comunicação, como pistas para entender a sociedade em que vivemos e, acima de tudo, como expressão da alma. "O consenso final é de que os desenhos são, sem dúvida, mais naturais que imitativos – eles emergem de dentro", explica Goodnow, enquanto Alain de Botton conclui que é exatamente por revelarem tanto sobre a vida interna das crianças que vemos neles "bocadinhos da nossa personalidade em exílio". Deixam-nos entrever bocadinhos da criatividade, espontaneidade, inocência e sensibilidade de que fomos abdicando para nos encaixarmos melhor num mundo de precisão, trabalho, concentração e valorização de um caminho sem atalhos. Lembram-nos de quem fomos.
A magia dos lápis
Uma família de Ursos
Mostra-me o que desenhas e dir-te-ei quem és
Se não gosta, não pendure!
*Por Ana e Isabel Stilwell, originalmente publicado na edição da Revista Máxima nº338