No dia 18 de junho, comemora-se o Dia Internacional de Combate ao Discurso do Ódio, proclamado pela ONU em 2021. Esta data é uma oportunidade para refletirmos sobre a crescente ameaça representada pelo discurso de ódio, especialmente no ambiente digital. Alberto Lopes, neuropsicólogo, ilumina, as várias dimensões deste fenómeno, desde as suas raízes evolutivas até às suas manifestações contemporâneas. Combater este fenómeno exige uma abordagem integrada que envolva educação, intervenção terapêutica, políticas públicas inclusivas e a responsabilização das plataformas digitais.
O especialista começa por afirmar que "o fenómeno do discurso de ódio tem-se tornado cada vez mais visível com a ascensão das redes sociais." Inicialmente concebidas para conectar pessoas e promover a troca de ideias, estas plataformas digitais também se transformaram em arenas de disseminação de ódio e intolerância. Esta dualidade reflete a natureza humana, expondo tanto o nosso potencial para a conexão quanto para a hostilidade.
O ambiente digital é especialmente propício à formação de bolhas de pensamento, onde preconceitos e ódios são reforçados continuamente. "Os algoritmos das redes sociais frequentemente priorizam conteúdos polarizadores e emocionais," observa Lopes, amplificando ainda mais o alcance do discurso de ódio. Este fenómeno cria um ciclo vicioso de desinformação e extremismo, exacerbado pela sensação de anonimato que permite que indivíduos se expressem de formas que não seriam aceites em contextos presenciais.
Explorando também os fatores psicossociais e evolutivos que contribuem para o discurso de ódio, o profissional acresenta que estes comportamentos são frequentemente exacerbados por crises socioeconómicas, que aumentam a insegurança e o medo. Em tempos de crise, as diferenças são frequentemente percebidas como ameaças, levando à desumanização do outro e à propagação do ódio. É de destacar que, em Portugal, "os dados oficiais mostram que houve, no ano passado, um aumento de cerca de 38% deste tipo de crimes", afirmou Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e Modernização, à Lusa.
Em termos filogenéticos, Lopes lembra-nos que "existe uma dimensão primitiva e estrutural ao fenómeno de rejeição do outro." Nos tempos ancestrais, a sobrevivência dependia da coesão dentro de pequenos grupos, que enfrentavam ameaças de tribos rivais. "A evolução favoreceu aqueles que eram capazes de identificar rapidamente e reagir de forma defensiva a qualquer ameaça externa," explica, apontando para a desconfiança e hostilidade relativamente aos desconhecidos como características adaptativas.
Para enfrentar este complexo fenómeno, é necessária uma abordagem multifacetada. "Ensinar desde cedo a valorizar a diversidade e a desenvolver empatia é crucial," sugere o neuropsicólogo. Programas educacionais que promovam a inclusão e a tolerância podem ajudar a construir uma base sólida para uma sociedade mais justa. Além disso, "programas de intervenção cognitivo-comportamental e terapias psicanalíticas podem ajudar os indivíduos a explorar e resolver conflitos internos que levam ao ódio."
Políticas públicas inclusivas são igualmente essenciais. "Implementar políticas que promovam a inclusão e a equidade é essencial," afirma, sublinhando a importância de garantir que as minorias tenham acesso igualitário a oportunidades e recursos. As plataformas digitais também devem ser responsabilizadas pelo conteúdo que permitem e disseminam, estabelecendo diretrizes claras contra o discurso de ódio e monitorizando ativamente o cumprimento dessas políticas.
Os média têm um papel crucial na promoção de narrativas positivas sobre a diversidade e na conscientização sobre os efeitos prejudiciais do discurso de ódio. A responsabilidade de promover um discurso que valorize a diferença e combata a intolerância não pode ser subestimada.
Em termos filogenéticos, Lopes lembra-nos que "existe uma dimensão primitiva e estrutural ao fenómeno de rejeição do outro." Nos tempos ancestrais, a sobrevivência dependia da coesão dentro de pequenos grupos, que enfrentavam ameaças de tribos rivais. "A evolução favoreceu aqueles que eram capazes de identificar rapidamente e reagir de forma defensiva a qualquer ameaça externa," explica, apontando para a desconfiança e hostilidade relativamente aos desconhecidos como características adaptativas.
Para enfrentar este complexo fenómeno, é necessária uma abordagem multifacetada. "Ensinar desde cedo a valorizar a diversidade e a desenvolver empatia é crucial," sugere o neuropsicólogo. Programas educacionais que promovam a inclusão e a tolerância podem ajudar a construir uma base sólida para uma sociedade mais justa. Além disso, "programas de intervenção cognitivo-comportamental e terapias psicanalíticas podem ajudar os indivíduos a explorar e resolver conflitos internos que levam ao ódio."
Políticas públicas inclusivas são igualmente essenciais. "Implementar políticas que promovam a inclusão e a equidade é essencial," afirma, sublinhando a importância de garantir que as minorias tenham acesso igualitário a oportunidades e recursos. As plataformas digitais também devem ser responsabilizadas pelo conteúdo que permitem e disseminam, estabelecendo diretrizes claras contra o discurso de ódio e monitorizando ativamente o cumprimento dessas políticas.