Face ao cenário de mudanças legais em relação ao aborto nos Estados Unidos da América, o tema continua envolto em preconceito. Um novo estudo, publicado na revista académica Annals of Internal Medicine, diz o contrário, e sugere que abortar não é em nada prejudicial para o corpo feminino.
"Há uma grande quantidade de pesquisas que mostram que, no curto prazo, fazer um aborto é muito mais seguro do que o parto, mas não há muita pesquisa sobre os efeitos a longo prazo", diz a médica ginecologista Lauren Ralph, co-autora do estudo. "O nosso estudo demonstra que fazer um aborto não é prejudicial para a saúde das mulheres, mas ter o acesso ao mesmo negado é ", explicou à revista Time.
O estudo financiado por diversas fundações pró-aborto, como a Fundação Wallace Alexander Gerbode e a Fundação William e Flora Hewlett, rastreou durante cinco anos a saúde física de cerca de 900 mulheres que faizeram abortos em clínicas dos EUA entre os anos de 2008 e 2010. O critério de seleção foram mulheres que estavam próximas ou ligeiramente além do limite gestacional para realizar um aborto. Casos de mulheres que fizeram abortos tardios ou viram a sua solicitação de interrupção negada foram comprados com os de mulheres que fizeram abortos mais comuns durante os primeiros três meses de gestação.
Ao todo, 328 mulheres fizeram um aborto no primeiro trimestre, sendo que 20% destas descreveu a sua saúde pré-gravidez como regular ou má em relação a 17,5% de 383 mulheres que fizeram um aborto no segundo trimestre. As 163 mulheres que foram rejeitadas aumentaram para 27% estas mesmas queixas, sendo estas mais propensas a doenças crónicas, dor persistente e má saúde geral nos cinco anos seguintes de acompanhamento.
"O argumento de que o aborto prejudica as mulheres certamente não é suportado pelos nossos dados.", finalizou Ralph na mesma entrevista.