Entrevistámos c'marie, uma das artistas dos projeto que está a agitar Lisboa, no que respeita à democratização da arte.
18 de novembro de 2016 às 17:55 Máxima
Para além disso, estão à venda 2.500 postais e a sua venda reverterá a favor da HeArt, uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo divulgar e promover o trabalho artístico das pessoas com deficiência.
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Entrevistámos c'marie, uma das artistas portuguesas convidadas a criar uma ilustração para este projeto.
Como é ser artista em Portugal?
Não é fácil. Num país onde a cultura é posta em segundo plano, são inúmeras as situações em que o nosso trabalho é pouco valorizado. Até nós, artistas, nos desvalorizamos um bocadinho. Às vezes aceitamos encomendas e orçamentos que não queremos para poder pagar contas, arranjamos part-times que nos consomem a vontade, criatividade e tempo porque 'viver só de desenhos' não dá. Porquê? É pouco certo e seguro, e porque a maioria dos convites e propostas que temos, são para 'divulgação do trabalho ou para acrescentar ao portfólio'.
Ainda assim, há que tentar ser-se positivo. tem que se lutar muito, é certo, mas se queremos chegar longe temos que nos fazer ouvir. Hoje em dia as plataformas online são uma grande ajuda de autopromoção, assim como streetart e exposições desta natureza (mercart). Tem que se insistir mas é por uma boa causa.
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Qual é o seu maior sonho enquanto ilustradora?
Ainda que desenhe desde que me lembro, incluindo em toalhas de papel de restaurantes, o meu percurso enquanto ilustradora está no início. Sou ainda muito pequenina nesta área, mas confesso, já me vou permitindo a alguns sonhos e vontades. Gostava muito de ilustrar artigos, livros, murais, mas acima de tudo, gostava de conseguir viver com o meu trabalho. Muitos artistas evitam ou desvalorizam esta questão, mas eu creio que é um erro.
A ilustração é uma das minhas formas de comunicar com o mundo, de deixar uma espécie de legado, contribuição, e gostaria de poder ter a ilustração como 'emprego', sentir-me realizada e feliz.
Como surgiu a oportunidade de participar no Merc'Art?
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Terminei recentemente o meu Mestrado em Artes Plásticas e senti finalmente aquele arrepio que há tanto evitava.. o ingressar na vida adulta, o mercado de trabalho, a pressão social (e própria) de arranjar um emprego sério. Enviam-se candidaturas, alguns e-mails que não têm resposta, outros que nos enchem de esperança mas que por aí ficam.
Decidi então fazer uma venda online de trabalhos, a preços acessíveis e por sorte, a J de Montaigne, uma artista plástica, comprou uns desenhos meus.
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Creio que gostou bastante, porque acabou por dar o meu contacto à organização do Merc'art, que no fim me selecionaram e convidaram a ingressar no evento.
Como vê este género de iniciativas?
Tenho pena que não haja mais! Estas iniciativas são positivas para a comunidade artística, para o público que visita e frequenta o espaço e individualmente para o artista que tem hipótese de divulgar e vender o seu trabalho.
O que significa a obra criada para o projeto? Qual o conceito?
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Esta obra ilustra um sonho, em que o peixe representa a consciência da rapariga.