Joana Cavaco, uma boss lady no mundo das agências

Tem 29 anos, lidera a agência "+ que uma" e é uma mente criativa em ebulição. À Máxima fala do seu trajeto profissional, mas também das suas paixões: uma pista? A Arte é o centro de tudo.

Foto: Joanna Correia
08 de março de 2022 às 08:00 Rita Silva Avelar

Um dos rostos da liderança na HIT Management, uma agência de gestão de carreiras e novos talentos, Joana Cavaco, 29 anos, é uma mulher de armas que pensou uma ideia, lutou por ela, e pô-la em ação atravessando crises financeiras, tendências de mercado e todas as adversidades que ainda se enfrentam em Portugal. Ela própria uma curadora nata e uma criativa em ebulição, conta-nos a sua trajetória, que culmina no recente lançamento da agência + que uma, uma extensão dentro da HIT dedicada aos novos talentos no digital. 

Joana, és um dos rostos da liderança da HIT, uma curadora nata. Se tivesses que escrever uma mini bio tua neste momento da tua vida como seria?

Boa pergunta, confesso que penso muito nisso. Joana Cavaco, filha de Miguel e Sara, casada com João e madrasta de Dalila, desde sempre foi muito dona do seu nariz e nunca pensou escrever "casada com alguém na sua bio" (risos). Com o pai aprendeu a fazer Arte e com a mãe que podemos ser o que quisermos, e especialmente podemos ser os melhores desde que trabalhemos muito para isso.

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Foto: Joanna Correia

Foste educada com essas duas visões em permanência?

Continuando a minha bio, sim, fui educada por pessoas com visões muito opostas do mundo. Agora com 29 anos sinto que os últimos 9 foram dedicados a vingar numa área que nos 20 anteriores nunca tinha imaginado ser o meu futuro, mas que adoro. Sou empenhada e decidida, nunca digo que não a um bom desafio e estar estagnada é o meu pior pesadelo.

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Foto: Joanna Correia

No meio de tudo isso: líder. Em que momento decidiste levar o teu sonho profissional para a frente?

É difícil aperceber-me disso quando sinto que ainda não o realizei, confesso. Não digo isto com falsa modéstia, prometo, mas acho que nada se faz sozinho e trabalhar em equipa é de verdade o que me motiva a sair de casa todos os dias. Ouvir opiniões diferentes e trabalhar com pessoas que admiro e que também elas me inspiram de alguma forma. Acho que aos 29 anos ainda tenho muitas coisas para aprender, tenho sonhos e fragilidades. Se calhar a exposição de tudo isso ao mundo é o que faz de mim uma líder.

Foto: Joanna Correia

Em que momento surge esta trajetória de carreira, virada para as agências de comunicação? 

A minha formação é em Design de Produto e Design de Moda, que acho que me deram qualidades que uso hoje em dia mas que em nada me prepararam para o lado bussiness da minha profissão. Quando deixei a faculdade estava completamente perdida e senti que não era nada daquilo que eu queria na minha vida, isto foi em plena crise de 2008 e a perspectiva de um futuro próspero era "- 10" . Muitos dos meus amigos estavam a prosseguir caminhos relacionados com as Artes e todos caminhávamos para um abismo. Senti que tinha que fazer alguma coisa de "útil" e inscrevi-me num curso de empreendedorismo, uma palavra muito na moda na altura, no ISCTE, mas foi a melhor coisa que podia ter feito.

Foto: Joanna Correia

Foi nessa altura que decidiste ter uma agência?

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Decidi lançar a minha "agência" de artistas plásticos e fui super motivada pelos professores a seguir em frente. A ideia era trabalhar à comissão e vender as peças ou patentes a marcas ou lojas maiores de forma a ajudar os artistas a sustentar-se - não só ao longo da faculdade, mas depois na chegada ao mercado de trabalho. Uma coisa que ainda hoje acho que seria incrivel e adorava voltar a fazer. Nas artes quanto mais poder de compra de materiais tens, mais possibilidades tens de ser criativo e quando não tens possibilidade de o fazer há uma frustração brutal. Comecei a trabalhar na HIT porque precisava de dinheiro para lançar a minha empresa, fun fact, e nunca mais saí.

Foto: Joanna Correia

Como recordas os primeiros tempos?

Inicialmente foi muito duro mesmo, mas acho que o desafio manteve-me muito motivada para aprender e tornar-me cada vez melhor e mais consciente do mercado. Comecei na parte de ficção, depois passei para a Publicidade e algures no tempo senti que se não déssemos um passo na direção do digital íamos estagnar. É uma micro empresa, acho que vestimos muito a camisola porque também víamos alguma liberdade caso fôssemos bem sucedidos. Fui para o ISEG fazer uma pós-graduação para ter mais know-how na área, sendo que acho que quem faz o nosso trabalho (não são muitos os que aguentam muito tempo) não é numa faculdade que vai aprender a gerir pessoas, 80% no nosso trabalho é conhecer bem aqueles com quem trabalhamos para podermos concentrar-nos no que os torna únicos. Muito mais do que números. Acabou por ser uma missão progressiva, muitos little steps sem perder o foco.

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Foto: Joanna Correia

Que qualidades marca quem tem que ser sempre o exemplo para as equipas? Como se concilia com a vida pessoal?

A primeira coisa que me ocorre é a empatia ao mesmo tempo e na mesma medida, ser muito incisiva e objetiva quando é necessário. Ui, vida pessoal, o que é isso mesmo?! Acho que depende muito de pessoa para pessoa, eu vivo muito intensamente esta ideia que decidi projetar na minha vida profissional, trabalho com o meu marido, portanto acho que as linhas são muito ténues, sinceramente não acho que seja um exemplar de "como ter sucesso e ter um vida fabulosa" (risos). Trabalho muitas horas e se há coisas para tratar ao fim-de-semana faz parte, férias nunca acontecem sem um telefonemazinho ou outro e sei que já perdi muita "vida" porque acredito neste projeto, mas não me arrependo. Acredito que estou na idade de lutar, e todos os dias sinto-me muito muito privilegiada por poder escolher o meu caminho.

Foto: Joanna Correia

Podes explicar melhor a ideia por detrás da + que uma?

Nasceu o ano passado e é baseada numa capacidade de criar conteúdos e gerir a imagem de alguém de uma forma muito mais transversal do que o básico PR a que estamos habituados. Para além de agenciarmos atores também começámos a agenciar artistas de várias áreas - finalmente consegui juntar aqui um bocadinho do sonho inicial. Trabalhar com vários intervenientes do meio artístico em parceria é algo que acredito fazer parte do futuro...

Foto: Joanna Correia

És naturalmente criativa, és a energia e a vibe de muitas das ideias que se desenham neste projeto. Como expressas o teu lado criativo?

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Sim sou, muito mesmo. Poder ter esse lado é mesmo o que me alimenta a alma. A parte empresarial dá imensa pica mas se não tivesse a oportunidade de tirar as ideias da cabeça acho que seria uma mulher frustrada e infeliz. Felizmente estou rodeada de pessoas incríveis que alinham em quase tudo o que me passa na cabeça e conseguimos com pouco fazer coisas incríveis. Com a Joanna Correia, a Marta Oliveira, a Diana Conceição e a Daniela Inácio em especial. Posso dizer a coisa mais absurda que elas confiam e vamos em frente. Não é todos os dias que se consegue trabalhar com pessoas assim. Mas também temos todas o mesma drive, queremos criar e fazer bem feito.

Foto: Joanna Correia

Quais são os teus objetivos neste momento?

Tornar a "+ que uma" numa plataforma de referência cultural, ter exposições, workshops, no fundo um ponto de encontro para todas as pessoas incríveis com quem trabalhamos e ainda vamos trabalhar e conhecer no futuro. É o SONHO. Mas ainda tenho um longo caminho para ter uma estrutura que me permita libertar o tempo necessário para por tudo de pé.

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Foto: Joanna Correia

Vês-te como uma boss lady? O que é que para ti define esse conceito?

Quero muito que este projeto seja bem sucedido e realisticamente alguém tem que viver com as maiores responsabilidades, e obviamente que tenho imenso orgulho de poder dizer que a "+ que uma" tem 100% do meu ADN, mas sempre com a noção que tenho ao lado pessoas fundamentais que erguem comigo este sonho. Em especial o João Louro e a Marta Oliveira.

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