Francisca Van Dunem: “Antes do 25 de Abril, as mulheres não podiam exercer magistratura”

A trajetória de vida de Francisca Van Dunem levou-a a buscar a Justiça. Depois, a ser o rosto da Justiça. É nele que nos fixamos: os seus olhos mostram-nos, vincados por alguma melancolia, um rasgo de luz e de esperança.

Foto: Pedro Ferreira
06 de novembro de 2018 às 07:10 Rita Silva Avelar

Cresceu feliz em Angola, mas cedo conheceu os conflitos bélicos que assolaram o país do seu coração nos anos que se seguiram. Com um pé em Luanda e outro em Lisboa, regressou a casa, a meio dos estudos, que foram interrompidos pelo golpe de estado que restituiu a Liberdade em 25 Abril de 1974 e pelo consequente vislumbre do fim da guerra colonial e pela inevitável esperança na independência de Angola e de outras antigas colónias portuguesas. Depois do trágico Maio de 1977 – a tentativa de golpe liderada por Nito Alves que acabou com a morte e o desaparecimento de milhares de angolanos, entre os quais o irmão de Francisca, José Van Dunem, e da mulher, Sita Valles, e cujo filho, Che, foi trazido para Portugal pelos pais de Francisca –, a nossa ministra da Justiça escolheu a capital portuguesa, por fim, para dedicar-se à Justiça.

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Entre outros cargos, representou Portugal no Comité Europeu para os Problemas Criminais, do Conselho da Europa, e no Observatório Europeu para os Fenómenos Criminais do Racismo e da Xenofobia, da União Europeia. Assessorou, durante nove anos, o Procurador-Geral da República. Hoje representa, com clarividência e com determinação, a liderança feminina da Justiça. Uma vitória para Francisca Van Dunem. E para todos.

Foto: Pedro Ferreira
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