Nas 13 edições do Prémio Leya é apenas a segunda vez que uma mulher é votada como vencedora. A primeira mulher a vencer o galardão foi Gabriela Ruivo Trindade, em 2013, com o livro Uma Outra Voz. Agora, 12 anos depois, é a vez de Carla Pais ser reconhecida com o Prémio Leya 2025, pela escrita do seu livro A Sombra das Árvores no Inverno. A decisão, por unanimidade, foi anunciada esta manhã, na sede da LeYa, em Alfragide, onde o júri, presidido por Manuel Alegre, esteve reunido na tarde de ontem e na manhã de hoje até chegar ao veredicto agora revelado. Carla Pais, que, curiosamente, concorreu sob o pseudónimo de Aníbal Correia, sucede assim a Nuno Duarte, o premiado em 2024, com o romance Pés de Barro. O livro vencedor, A Sombra das Árvores no Inverno será publicado, com a chancela da LeYa, nos primeiros meses de 2026.
De acordo com comunicado da editora, a escolha foi justificada da seguinte forma: "O júri atribuiu por unanimidade o Prémio LeYa 2025 ao romance A Sombra das Árvores no Inverno de Carla Pais. Com grande elegância de escrita, a autora traz, ao curso do enredo e ao trajecto íntimo e social das personagens, situações problemáticas e convulsas de candente actualidade na Europa, sobretudo decorrentes da imigração oriunda de África e do Próximo Oriente – e oscilantes entre a integração e a rejeição. Mas tudo surge numa ficção de envolvente dialéctica entre a dor da perda e o amor, memória e esquecimento, luto e revivescência, solidão e aconchego familiar, bem como numa dicção cativante da relação poética de cada ser humano com o mundo e consigo mesmo, à procura do seu lugar na vida."
A deliberação final foi feita perante uma selecção de seis finalistas, uma short list a que se chegou a partir do total de 1460 candidatos, que fizeram desta a edição mais concorrida de sempre do Prémio LeYa. O júri, presidido por Manuel Alegre, é constituído por José Carlos Seabra Pereira, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Portugal), Isabel Lucas, jornalista e crítica literária (Portugal), Lourenço do Rosário, antigo Reitor da Universidade Politécnica de Maputo (Moçambique), Ana Paula Tavares, poeta e historiadora (Angola), e Josélia Aguiar, jornalista e historiadora (Brasil).
No comunicado da LeYa é possível ficar a saber um pouco mais sobre a autora que venceu a actual edição do prémio: "Carla Pais, nascida em 1979, é natural da freguesia de Regueira de Pontes e reside atualmente em França. Autora do romance Mea Culpa, finalista do prémio APE 2018, tem sido premiada nos vários géneros literários, nomeadamente na poesia onde venceu a primeira edição do prémio de poesia Francisco Rodrigues Lobo com a obra A Instrumentação do Fogo. O seu último romance, Um Cão Deitado à Fossa, foi galardoado com o prémio Cidade de Almada 2018 e o prémio SPA para o melhor livro de ficção narrativa 2023."
O Prémio LeYa foi criado com o objetivo de distinguir um romance inédito escrito em língua portuguesa e de promover a descoberta de novos autores, contribuindo para a sua promoção nacional e internacional. Tem o valor de 50 mil euros, o que faz dele o maior prémio literário para romances inéditos. Sobre a escolha do livro vencedor convém assinalar que ao longo de todo o processo de leitura e avaliação, a autoria dos romances é desconhecida. Ou seja, o título do livro vencedor (e respectivo autor) é selado num sobrescrito e só é conhecido depois de tomada a decisão do júri.
O Prémio LeYa já consagrou 14 romances e permitiu a publicação de 40 inéditos. Entre os galardoados estão livros e autores tão famosos e considerados quanto O Rastro do Jaguar, Murilo Carvalho (2008); O Meu Irmão, Afonso Reis Cabral (2014); ou Torto Arado, Itamar Vieira Junior (2018).