Uma experiência improvável no restaurante U.M.I
Um lugar onde a cozinha japonesa é tudo menos convencional, mas os sabores genuínos do peixe estão mais que presentes.

Ao entrarmos pelas portas do U.M.I, o restaurante japonês que inaugurou no início de julho passado no Parque das Nações, em Lisboa, deparamo-nos com um enorme desenho de duas carpas japonesas numa parede negra. Com uma decoração minimalista e contemporânea, é desde logo um recanto acolhedor.
Quando a carta chega à mesa, osurpreende pela diversidade de sugestões, começando logo pelas entradas (que podem ser frias ou quentes) como o aji-tataki, um carapau picado com alho francês, cebolinho e gengibre ou o ika-mentaiko, tiras de choco com ovas de bacalhau picante, ou ainda o nasu dengako, feito com beringela frita com molho de miso, pasta de soja e sésamo. Há os tradicionais combinados de sushi e sashimi, as taças de peixe ou carne (também chamadas de bowls) e seguem-se os pratos quentes – as massas ricas em sabores nipónicos e as cabeças de peixe com caldos deliciosos. Há ainda uma grande variedade de sashimi, niguiris e hosomakis, uramakis, frutomakis, temakis e gunkas, os incontornáveis em cada restaurante japonês. Mas a verdadeira surpresa chega se pedir o menu especial, que consiste em três momentos, no mínimo, inesquecíveis. O primeiro momento é composto por peças sushi to sashimi (sashimi, niguiri e gunkan) que são elaboradas conforme o peixe mais fresco do dia. Segue-se uma agradável tempura de peixe e vegetais com crocante de escamas e espinhas com uma textura leve e aveludada (avessa à ideia dos tradicionais fritos). O momento de glória final é o regresso da cabeça de peixe inicial à mesa, cozinhada ao vapor com sake (a kabutoni).

É este trio que faz as delicias dos clientes, segundo o chef à frente destas cozinha, cuja história é igualmente fora da caixa. Natural do Recife, Pernambuco, o chef José Alves é um sushiman com uma carreira improvável e rica em experiências do "mundo". Formou-se na área militar, tendo pertencido ao Pelotão de Operações Especiais em São Paulo. Seguiu-se uma carreira na área de segurança privado (foi segurança de famílias da alta sociedade do Brasil como os Camargo Correia e mais tarde de uma família israelita). Com intenções de mudar de vida rumou a Portugal. "Estava há dois dias hospedado num hotel em Lisboa, quando fui aceite num primeiro trabalho de segurança. Como não tinha ainda as licenças do país regularizadas, não pude aceitar". Trabalhou numa mercearia do Areeiro, mas cedo percebeu que não queria levar o resto da vida a carregar sacos de compras. O destino (e a resiliência que lhe lemos na voz) quis que fosse copeiro no aclamado restaurante Aya, um ícone na cozinha japonesa em Lisboa, em 2000. Sempre atento aos cozinheiros, rapidamente trocou de lugar e passou a confeccionar os pratos até que o restaurante abriu nas galerias Twin Towers, em Campolide. Saiu para abrir o seu espaço – o Mayumi. "Significava bonito, honesto, verdadeiro, é o nome da minha filha".
Durante o seu percurso, teve oportunidade de trabalhar com vários chefs de renome como Miguel Laffan ou Joachim Koerper, o atual chef do restaurante Eleven. Devido a imprevisibilidades da vida acabou por encerrar o seu espaço após uns anos e foi um tempo para Brasil, não se tendo adaptado. Veio para os comandos da cozinha do U.M.I, onde todos os pratos estão à sua mercê, incluindo a sobremesa. E por falar nela: a obrigatória é, sem dúvida, o brownie de gengibre com gelado de matcha. Para acompanhar cada refeição, o U.M.I conta com uma seleção de cervejas japonesas e sakes, além da diversidade de chás da casa, destacando-se o Sakura, feito a partir da flor de cerejeira japonesa.
O restaurante U.M.I pertence ao grupo SUPERFOOD, detentor dos restaurantes Forneria – Italiano e do M.A.R – Marisqueira, também no Parque das Nações.

Onde? Via do Oriente 16 D, Parque das Nações, Lisboa Quando? De terça a domingo, das 12h30 às 15h30 e das 19h às 23h Reservas 925 529 929

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