Prazeres
Quinta de Covela: na rota dos vinhos verdes
Apanhámos um comboio em direção ao Douro para descobrir os encantos de um dos melhores vinhos portugueses: o da Quinta de Covela.

Há recantos no Douro que não passam despercebidos, não fosse esta uma das mais belas regiões portuguesas e um verdadeiro oásis dos vinhos. É o caso de São Tomé de Covelas, pertencente a Baião, uma pequena aldeia com pouco mais de 500 habitantes, que guarda uma relíquia vinícola outrora pertencente à família de Manoel de Oliveira. Trata-se da Quinta de Covela, hoje propriedade de Tony Smith e Marcelo Lima, os fundadores da Lima&Smith.
Datada do século XVI e erguida sobre a antiga Casa de Covela, formada pelas ruínas do solar renascentista, os lagares e a capela, a carga histórica do local é inegável – e incontornável. Depois de pertencer ao aclamado cineasta português Manoel de Oliveira, que investiu na construção de aquedutos, muros maciços, casas de pedra e eiras de granito, no final dos anos 80 a quinta foi adquirida pelo empresário Nuno Araújo que, por sua vez, apostou nas vinhas e fez nascer a marca Covela. Em 2007, e conhecido por ser um produtor biodinâmico, Araújo colocou a Quinta de Covela na vanguarda vinhateira do país. Composta por uma casa principal, pela adega, espaços desenhados e ampliados pelo cineasta durante os anos 50, a Quinta de Covela possui, atualmente, três casas modernas, de linhas sóbrias, um projeto arquitetónico assinado por José Paulo dos Santos.

Hoje, a alma do negócio pertence a Tony Smith e Marcelo Lima, proprietários da Lima&Smith, que, além da Quinta de Covela na região dos vinhos verdes, também estão à frente das Quintas das Tecedeiras e da Boavista, no Douro. Em 2011 adquiriram o espaço e rapidamente reavivaram o espírito da quinta ao trazer de volta o enólogo ligado ao projeto inicial da vinha em 1992 e responsável pela criação dos vinhos Covela desde 1998, Rui Valter da Cunha. Conhecida por apostar numa produção biológica com leveduras espontâneas, a dupla Lima&Smith apostou, logo de início, em criar um vinho 100% avesso (a principal casta, o mais natural possível, caracterizada pela capacidade de longevidade) e um vinho 100% arinto, duas castas naturais das terras que se estendem pela quinta.
Além de ser possível realizar piqueniques, mediante marcação prévia, a grande viagem pelos sabores do vinho da Covela é feita durante as provas comentadas com enquadramento da região. Tivemos oportunidade, e o privilégio, de realizar a prova com Tony Smith, e o primeiro vinho apresentado foi precisamente um Avesso 2016, este que é feito unicamente com uma das castas de eleição da casa, conhecida por não se adaptar em muitos terrenos e de "viajar pouco". Com a continuidade e ao ganhar longevidade, torna-se um vinho verde encorpado graças ao granito e ao sol. Quando as uvas ficam maduras, no ponto, eleva-se a um vinho de 12/12,30° e transforma-se num vinho branco do Douro feito com uva verde. Para além deste, algumas das edições escolhidas para a prova foram um Avesso 2013, maduro e seco; um Arinto 2016, aromático e floral; um Rosé 2016 seco; e um Avesso 2012 com Chardonnay, feito com a primeira colheita. Todas as provas podem ser acompanhadas pelas iguarias (deliciosas!) da chef Diana Oliveira, residente no espaço.
Beneficiar de uma incrível vista sobre o rio Douro deveria ser argumento que bastasse para a Quinta de Covela ser paragem obrigatória a quem esteja de visita pela região. Mas há uma infinidade de razões para fazer pelo menos uma prova de vinhos no local e contemplar a natureza verde que se estende ao longo de 49 hectares e que nos aviva a memória, a cada trago, de que gozamos de um verdadeiro privilégio por ter o paraíso mesmo à saída da paragem de comboio mais próxima: Aregos. A mesma paragem a que Eça de Queirós chamou Estação de Tormes, em A Cidade e as Serras, obra que ainda hoje inspira a região.
Recentemente, a Quinta de Covela apostou num projeto que alia a literatura à cultura vinícola: uma parceria com a quinta da Fundação Eça de Queirós, localizada na casa de Tormes, em Baião, com a finalidade de lançar no mercado português um vinho que expresse a alma artística e a boa qualidade que por décadas caracteriza ambas as quintas.
A Quinta de Covela está integrada na rota dos vinhos verdes, logo é possível percorrer duas das rotas pelo interior da propriedade. Pelo menos uma das rotas tem a duração de duas horas e qualquer pessoa pode fazê-la, a contribuição é simbólica (€5 por pessoa).

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