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Prazeres

Os poderes da dieta alcalina, a dieta de Jennifer Aniston

Trocar os alimentos mais ácidos por aqueles que tornam o organismo mais alcalino é o princípio orientador de uma dieta que, mais do que a perda de peso, oferece o rejuvenescimento e mais anos de vida com saúde.

Foto: Getty Images
18 de agosto de 2020 às 07:00 Carla Marina Mendes

Ouvimos falar dele na escola, sobretudo nas aulas de Física ou Química, que nos ensinam que o pH é uma escala que indica a acidez, neutralidade ou alcalinidade de um qualquer meio. Agora, o pH chega à mesa, como princípio que norteia um regime alimentar que já conquistou os ricos e famosos. Gwyneth Paltrow, Jennifer Aniston, Uma Thurman ou Kirsten Dunst são apenas alguns dos nomes de uma lista bem mais vasta dos que seguem uma dieta alcalina. E que não se cansam de lhe atribuir vantagens e benefícios.

Rita Boavida é nutricionista e conhece bem o fator pH, que dá mesmo nome a um livro, recentemente lançado, onde explica como e porque é que nos devemos preocupar com o pH do que comemos. À Máxima, confirma que "é preciso existir um equilíbrio no nosso organismo entre o ácido e o básico. Porque se tivermos um pH básico no nosso estômago ele não vai funcionar; se tivermos um pH ácido nos nossos intestinos, ele não vai conseguir fazer a digestão corretamente; se tivermos um pH desequilibrado no sangue, ele é incompatível com a nossa vida". Resumindo, "tudo no nosso organismo tem de funcionar com um pH ótimo", uma máxima que faz todo o sentido. O pior é mesmo consegui-lo e a culpa recai aqui sobre a correria e o stress constantes a que chamamos estilo de vida e, claro, sobre o que comemos. "Há alterações, desequilíbrios graves no nosso organismo e esta relação entre básico e ácido está a ser um bocadinho esquecida", garante a especialista. Resultado: cansaço, obstipação, dificuldade de concentração, constipações, dores musculares e problemas bem mais graves, como as doenças autoimunes ou até mesmo os tumores malignos.

E para aqueles que acreditam que o nosso organismo até é capaz de se equilibrar sozinho, Rita Boavida esclarece que é verdade. De facto, ele costuma conseguir fazê-lo. O problema é quando isso deixa de acontecer. "O excesso de ácidos vai desequilibrar e adoecer o nosso corpo e depois ele fica sem essa capacidade. Fala-se muito, por exemplo, no açúcar, e que, em excesso, é capaz de provocar problemas de saúde. Mas o excesso de acidez faz a mesma coisa e sobre isso pouco se fala."

O primeiro passo é conhecer o pH do organismo, valor que os médicos costumam pedir nas análises de rotina, mas que se pode conhecer em casa, com recurso a umas tiras compradas nas farmácias. "Eu costumo pedir às pessoas para fazerem a medição todos os dias, uma vez por dia, durante uma semana e depois fazer a soma dos valores e dividir pelos dias para nos dar a média do pH. Isto porque só uma medição pode levar a um erro, já que podemos ter feito desporto excessivo no dia anterior, ou um excesso ao jantar, o que vai alterar o pH da urina no dia seguinte", explica Rita Boavida.

Depois, há que começar a escolher os alimentos mais alcalinos, excluindo os mais ácidos. A boa notícia é que esta é uma dieta que, ao contrário de muitas outras, não proíbe, não exclui e não impõe. Aqui, o equilíbrio é mesmo a palavra de ordem. "Qualquer pessoa pode fazer esta dieta, independentemente do seu regime alimentar. Ou seja, um vegetariano pode fazê-lo, um macrobiótico também e por aí fora. Isto porque, aqui, a intenção não é proibir nenhum alimento. O que se pretende é que a pessoa faça as escolhas corretas daquilo que consome, tendo em atenção que deve escolher alimentos mais alcalinos, que são os menos processados, e comer menos alimentos de origem animal." Até porque, defende Rita Boavida, "a dieta alcalina é um modo de vida e não apenas uma dieta". Todas as pessoas a conseguem seguir, garante, "porque não há proibições. Enquanto as dietas restritivas levam as pessoas a abandoná-las mais facilmente, uma vez que gostam de comer certas coisas que não podem, aqui isso não acontece".

E, mais do que perder peso, "a primeira intenção é a saúde. Claro que com um organismo equilibrado e a funcionar corretamente, em que retiramos uma parte dos alimentos processados, vamos ter uma perda de peso natural. Mas como qualquer plano, se a pessoa quiser perder muito (20 quilos, por exemplo), terá de fazer sempre uma restrição calórica. No entanto, se quiser perder apenas alguns quilos (dois, três ou até cinco), perde-os naturalmente quando começa a fazer esta dieta, sem estar a pensar em restrições".

Claro que, como qualquer outra dieta ou regime alimentar, começar é sempre o que mais custa. Até porque é preciso conhecer os alimentos e ter em conta a lista dos que são mais ou menos ácidos. E é também claro que isto não significa ir a correr atacar as bolachas ou devorar os chocolates só porque não são proibidos. Na dieta alcalina, todos os alimentos que contêm açúcares refinados, sal refinado e gorduras trans "devem ser retirados e comidos esporadicamente". E é fácil perceber porquê. "Não têm vitaminas, nem minerais e as gorduras trans foram processadas pelo homem, de tal forma que o organismo não as consegue identificar como um nutriente."

Se estes devem ficar de fora, outros há dos quais podemos – e devemos – abusar. "Os vegetais, a fruta, as sementes e as oleaginosas são importantíssimos. É óbvio que temos de ter sempre uma boa fonte de proteína, mas podemos comer o peixe, o ovo, a soja fermentada, que é de melhor digestão, e até a carne, mas em menos quantidades."

Para quem, por esta altura, se questiona sobre se é possível seguir este regime alimentar nos dias de hoje, definidos pela falta de tempo para tudo, até mesmo para comer, o que acontece muitas vezes fora de casa, Rita Boavida tem a resposta. E não tem dúvidas que os portugueses têm a vida facilitada. "Claro que é compatível com o nosso estilo de vida! Podemos perfeitamente comer um peixe, uma boa salada, batatas e legumes, que é um prato típico português. Se o fizermos, estamos aqui a ter uma alimentação alcalina. Com uma entrada de sopa, é uma refeição que conseguimos comprar ou fazer em casa com facilidade."

Aquilo que falta aos portugueses, aponta, é mesmo "falta de imaginação para cozinhar de maneira diferente os legumes. As pessoas acabam por ficar um pouco saturadas de estar sempre a comê-los cozidos ou grelhados. O tal meio prato, de salada ou legumes, é o que falta na nossa alimentação, em que temos, isso sim, um meio prato de arroz ou de massa. Fazendo essa inversão tornamos logo o prato alcalino".

Amiga do peso e da saúde

De forma simples e sem grande esforço é então, garante a especialista, possível perder alguns quilos. Mas mais do que isso, a dieta alcalina promete ser amiga do organismo de outras formas. "Esta dieta ajuda muito a melhorar a nossa imunidade. Por isso, penso que é uma dieta ótima para quem tem problemas autoimunes, para pessoas com tumores, já que é uma dieta que ajuda a alcalinizar o organismo. E sabemos que as células cancerígenas produzem bastante acidez e que se adaptam e proliferam melhor em ambientes ácidos. É também uma dieta com toda a vantagem para pessoas que querem ganhar massa muscular, para as mulheres na menopausa e na pré-menopausa, em que há uma perda de massa muscular e de massa óssea bastante elevada, uma vez que ajuda bastante a que haja uma diminuição na perda de cálcio." Mas há mais. "As pessoas sentem muita energia. Deixam de se sentir tão cansadas e sentem menos a preguiça e a moleza. Dizem também que sentem muitas diferenças na parte digestiva, que não têm tanto a barriga inchada ou tantos gases, ou até as dificuldades de digestão."

Alimentos mais e menos alcalinos

No livro O Fator pH (Manuscrito Editora), Rita Boavida oferece uma lista de alimentos mais ou menos ácidos e mais ou menos promotores de um organismo que se quer equilibrado. Entre os alimentos muito alcalinizantes encontramos, por exemplo, a banana, a batata-doce, as castanhas ou o ananás. O dióspiro também aqui entra, assim como o quivi ou o sumo natural de limão que, apesar da acidez que lhe é característica, não é considerado um alimento ácido. Pelo contrário. O coco seco, o funcho, a alface ou os coentros têm também um índice alcalino elevado. Depois há os outros, aqueles que são altamente acidificantes. O açúcar branco surge no início da lista, ali ao lado das batatas fritas, dos biscoitos ou das bolachas. As pipocas doces, o pão de trigo, os óleos refinados ou o café expresso estão também no grupo de alimentos que devíamos eliminar ou, pelo menos, consumir de forma muito esporádica.

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