Há Praia no Parque (e o mar também entra por ali adentro)

A experiência nipónica que se vive na barra do restaurante Praia no Parque com o chef Lucas Azevedo é única, intransmissível e seguramente repetível. Ou seja: vá, desfrute, e repita (várias vezes, recomenda-se).

21 de fevereiro de 2020 às 07:00 Rita Silva Avelar

Se há forma de tirar partido do sossego do "campo" e da candura do mar, em plena cidade (e capital) essa forma começa por marcar as coordenadas do Praia no Parque. Naquele que durante anos foi o Botequim do Rei, e que situa ao lado do emblemático lago inserido no jardim do Parque Eduardo VII, o Praia no Parque é a recriação do conceito sazonal que existe em Vilamoura, o Praia na Villa. O Praia no Parque abriu portas no final de 2018 e tornou-se na location perfeita para famílias, ao fim de semana, almoços de negócios, jantares de amigos e, à noite, funciona como clube noturno.

Não é, por isso, de estranhar que o Praia no Parque tenha feito uso da barra para acolher um conceito nobre de sushi, onde há lugar para 12 pessoas sentadas. Do lado de dentro, sereno e concentrado na sua matéria-prima – o peixe fresco –aguarda-nos o chef Lucas Azevedo, que passou pelo Bonsai e por formatos pop-up de cozinha japonesa como o Izakaya Tokkuri Japanese Bar & Grill ou o Harmonia by Sakemico. Ao seu lado está Celso Szczerba, que ficará responsável por dar continuidade à experiência.

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Uma refeição para desfrutar com calma enquanto se saboreia um dos saqués disponíveis no restaurante, a experiência do sushi no Praia é para ser levada com tranquilidade, de olhos postos na mestria destes chefs atrás do balcão e sempre atentos ao que sai da famosa caixa de madeira onde repousam os peixes frescos desse dia. Mas vamos ao que interessa: primeiro, há que apresentar o amuse bouche especial da casa, recriado com as "sobras" de outros pratos, perfeitamente aproveitáveis para criar este primeiro momento – uma política de sustentabilidade que parte da essência da própria cozinha japonesa. No caso, chegou-nos à mesa uma junção de rábano tornado pickle, alga kombi e karasumi feito com ovas de robalo. Seguimos para as ostras da Ria Formosa (€7, três), frescas e com sabor a maresia, como se quer, acompanhadas de molho ponzu e momiji oroshi (rábano com malagueta e cebolinho). A transição perfeita para  primeiros pratos a brilhar nesta carta: o usuzukuri com molho ponzu, servido em gelo, com ukami, limão, daikon com malagueta e cebolinho (€15), e o carpaccio de lírio de lírio charuteiro com molho umeboshi (€16) e ainda o sashimi de toro (€22).

Nos niguiris (mix de cinco, €24), para comer à mão, as surpresas somam e seguem, seja pelo uso na hora do binchotan (carvão japonês) para brasear ligeiramente o toro num, como o uso de carabineiro noutro (acompanhado com um shot com sabor ao marisco). O atum é bluefin maturado, para se tornar mais suave e saboroso. O arroz é servido morno, a uma temperatura ideal, desconstruindo o mito de que o arroz do "sushi" deve ser compacto e frio.

Um dos pormenores que marcam a diferença nesta experiência é que o wasabi é fresco, sendo a raiz desta planta raspada no momento com uma lima de pele de tubarão. Mas as surpresas não acabam aqui. Respeitando, mais uma vez, a tradição nipónica, o temaki de ouriço-do-mar e toro (€12) é servido aberto, como na versão original; já o temaki de toro com caviar (€12) vem numa versão fechada. Uma curiosidade: a alga nori usada no temaki, que só por si é finíssima, é passada pelas brasas do binchotan, para se tornar ainda mais crocante. No que toca a sobremesas, o ex-líbris é o petit gateaux com gelado de noz, mas o chef recomenda uma sobremesa que gira em torno do ananás, para terminar em bom. Esta experiência está disponível das 12h às 18h. É caso para dizer: gochisousama deshita (obrigada por esta refeição, expressão usada pelos japoneses para agradecer no fim).

Onde? Alameda Cardeal Cerejeira (Praia no Parque, junto ao Pavilhão Carlos Lopes) Quando? De domingo a quarta-feira das 12h à meia-noite; quinta-feira das 12h às 2h, e de sexta-feira a sábado das 12h às 3h. Reservas 96 884 2888 ou reservasparque@apraia.pt

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