Tintas para o cabelo e alisamentos químicos poderão causar cancro da mama
De acordo com um novo estudo realizado nos EUA, além dos danos para o cabelo, os tratamentos e produtos químicos aplicados no mesmo poderão contribuir para o desenvolvimento de vários tipos de cancro.

Bastante comuns nos salões de cabeleireiro, as tintas permanentes e os alisamentos químicos poderão estar associados ao risco de cancro de acordo com um estudo conduzido pelo Instituto Nacional da Saúde e o Instituto Nacional das Ciências da Saúde Ambiental nos EUA. De acordo com estudos feitos pela Sociedade Americana do Cancro, foi registado um pequeno aumento do cancro na bexiga e de vários tipos de cancro no sangue entre pessoas que trabalham em salões.
Enquanto um estudo da Universidade de Boston recolheu informação durante meados da década de 90 com maior foco nos tratamentos de relaxamento capilar utilizados nas mulheres afro-americanas, não foi encontrada qualquer ligação direta entre os mesmos e o cancro da mama, o tipo de cancro mais comum entre as mulheres. Os investigadores encontraram, no entanto, vestígios do formaldeído cancerígeno nas fórmulas de tratamentos de queratina popularizados a partir dos anos 90.

Este novo estudo reuniu 46 700 mulheres americanas cujas irmãs tenham sido diagnosticadas com cancro de mama, de idades compreendidas entre os 35 e os 74 anos, que durante 8 anos partilharam as suas rotinas de beleza e estilo de vida (incluindo os cuidados capilares). Mais de metade das mulheres afirmou usar tintas de cabelo permanentes no ano anterior ao início do estudo, e cerca de 10% fez tratamentos de alisamento.
De um modo geral, concluiu-se que as mulheres negras que usam tinta permanente de dois em dois meses ou com maior frequência tinham 60% mais probabilidade de ter cancro da mama, comparando com quem não pinta o cabelo. Concluiu-se também que as mulheres negras que fizeram alisamentos químicos (74% do grupo comparado com 3% de mulheres caucasianas) têm à volta de mais 18% de probabilidade de ter cancro da mama. Alexandra White, do instituto Nacional das Ciências da Saúde Ambiental e uma das autoras do estudo, explicou à revista Time que isto também poderá acontecer devido às fórmulas diferentes entre os produtos usados por mulheres negras e os produtos para mulheres brancas. Dale Sandler lembrou, na mesma entrevista, que o cabelo mais denso absorve mais produto.
Apesar das conclusões do estudo, é difícil relacionar este fator diretamente com o cancro da mama, dado que, por exemplo, com a idade o consumo de coloração capilar aumenta. Até à data não foi encontrada nenhuma conexão entre os casos de doentes de cancro da mama e pessoas que tapam os cabelos grisalhos com muita frequência. No caso deste tipo de cancro, o estudo também acrescenta que a prova mais concreta de que este produto seja prejudicial são as aminas aromáticas, químicos incolores na tinta de cabelo que, segundo já foi comprovado, se ligam ao ADN do tecido mamário e poderão contribuir para danos causados nesse tecido e, mais tarde, para o desenvolvimento de cancro. No que toca às tintas semipermanentes ou temporárias, estas contém menos aminas, o que provavelmente as torna mais seguras do que as permanentes.

Conclusões à parte, o estudo é um lembrete de que é preciso ter em atenção à regulamentação e aos ingredientes dos produtos de beleza consumidos, especialmente os que requerem tantos químicos como a coloração e os alisamentos. Apesar de ser necessária a consciência dos riscos que estes produtos trazem, o cancro da mama quase nunca está relacionado com um único fator, e serão necessários estudos mais extensos em mulheres que tenham efetivamente a doença.

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