ModaLisboa Capital. Os destaques imperdíveis desta edição
Nos últimos dias, a cidade de Lisboa fervilhou com a energia da ModaLisboa Capital. No Páteo da Galé, todos os olhos estiveram postos nas passerelles, onde designers portugueses apresentaram as suas coleções para o outono/inverno 25/26. A Máxima resume.
Durante dois dias, assistimos a um jogo entre a tradição e a inovação, com coleções que resgatam memórias e apontam caminhos para o futuro da moda.
Primeiro vimos Constança Entrudo, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, que numa sala escura nos mostrou que pode sempre continuar a apostar em formatos de apresentação mais imersivos, uma vez que as suas criações se revelam perfeitamente nesse formato. Em "Second Best" (segundo lugar, numa tradução livre), a designer posicionou os seus 27 manequins numa espécie de pódios, como se estivessem num concurso de beleza, num jogo de crítica e ironia aguçado pelos pins que alguns deles ostentavam, com frases como "Never to Win". A experiência era aberta ao público, e funcionou por turnos. Na referência direta através da roupa, sobressaiu o prateado, muitas vezes em forma de fitas, aludindo quiçá às medalhas de prata dos concursos, que simbolizam o tal segundo lugar. Um manifesto que abriu bem o certame.


Já o desfile de abertura do Páteo da Galé foi o concurso Sangue Novo, plataforma que dá palco aos novos talentos. Dri Martins apostou em volumes esculturais, Duarte Jorge brincou com a fusão entre alfaiataria clássica e streetwear, enquanto Francisca Nabinho trouxe uma paleta de cores neutras e materiais sustentáveis. Gabriel Silva Barros, com os seus cortes geométricos e tecidos metálicos, projetou um futuro minimalista e futurista, e Ihanny Luquessa trouxe à passerelle peças ousadas com uma paleta de cor simples, porém com bastante impacto. Duarte Jorge e Gabriel Silva Barros foram os grandes vencedores da noite.







Ainda no mesmo dia, Inês Barreto e Mestre Studio integraram a plataforma Workstation. Num ambiente onde a arte se funde com a moda, apresentaram coleções inovadoras que exploraram volumes e novas modelagens, desafiando os limites da forma e do design. A sua proposta contemporânea trouxe uma abordagem ousada que dialoga tanto com a tradição quanto com a constante evolução do vestir.



O regresso emocionante de Alves/Gonçalves, em homenagem a Manuel Alves, encerrou o dia com uma coleção que reforçou a excelência da alfaiataria portuguesa, combinando tecidos nobres e uma paleta de cores sóbria que reverbera o legado do passado.


No sábado, a passerelle abriu com Carlos Gil, que evocou o glamour clássico com tecidos acetinados, cortes precisos e detalhes metálicos. A fluidez dos vestidos contrastou com a estrutura das peças de alfaiataria, numa coleção com tanto de sofisticada como de versátil.

Logo depois, o IED Graduates Fashion Show apresentou Nostalgia for the Future, um conjunto de seis coleções de jovens designers que exploraram a relação entre passado e futuro. Silhuetas oversized, materiais tecnológicos e uma paleta que oscilava entre tons neutros e cores vibrantes dominaram a apresentação.
Mais tarde, Luís Onofre, mestre do calçado e dos acessórios, elevou a sofisticação com botas statement, saltos arquitetónicos e detalhes metálicos que davam um toque futurista às peças. Este ano foi particularmente especial para o criador, que celebrou 25 anos de marca em 2024.

No entanto, foi Lidija Kolovrat quem mais se atrevou a sair fora do usual, trazendo à passerelle camadas exageradas, transparências e combinações cromáticas inesperadas. O seu desfile foi uma experiência sensorial, surpreendendo ainda mais do que já é costumo, já que a criadora nunca foi fiel às tendências clássicas. Os seus padrões irreverentes, aliás, continuam bem presentes.

Ricardo Andrez, apresentou um streetwear futurista, na qual tecidos sintéticos e cores neon deram vida a peças oversized. A sua visão reflete um mundo onde a moda é conforto, identidade e vanguarda.

No sábado à noite, Luís Carvalho apresentou Rush Hour, uma coleção inspirada no ritmo frenético das cidades. A alfaiataria sofisticada foi o ponto central, com fatos de cortes impecáveis, ombros estruturados e cinturas marcadas. Os tons neutros, como preto, cinza e azul-marinho, contrastaram com apontamentos vibrantes de verde ácido e azul royal. Vestidos justos e saias lápis evocaram o officewear dos anos 90, mas com uma abordagem moderna e funcional. Combinando elegância e pragmatismo, Luís Carvalho mostrou que a moda pode acompanhar o ritmo acelerado da vida urbana sem perder sofisticação.

Nestes dois dias, a ModaLisboa Capital reafirmou a criatividade e a ousadia dos designers portugueses. Entre a nostalgia e a experimentação, as passerelles foram um espelho da sociedade contemporânea: um espaço onde tradição e inovação coexistem, onde o passado inspira o futuro e onde a moda continua a ser uma poderosa forma de arte e expressão.

O certame terminou domingo, 10, com as apresentações de Portuguese Sould by APICCAPS, no MUDE - uma celebraçõ do melhor do calçado nacional -, Nuno Baltazar, Bárbara Atanásio/ Ardnes (em formato workstation), Valentim Quaresma, DuarteHajime, Gonçalo Peixoto e Dino Alves.


