Archie Dickens, o designer inglês que resgata uma tradição artesanal portuguesa
Há um ano e meio a viver em Portugal, e com um estúdio no coletivo Anjos 70, Archie Dickens apresenta a sua segunda coleção na ModaLisboa, ‘SAPAL - Da mata ao mar’, uma verdadeira mostra da mestria na arte da tecelagem.
Archie Dickens vem buscar-nos à porta do atelier que partilha com outros criativos no coletivo Anjos 70, onde trabalha horas a fio. Afinal, este designer oriundo de Londres, faz os seus próprios materiais através da tecelagem, desenhando peças únicas e especiais em malha. "Antes de eu criar a marca, estudei Design Têxtil durante três anos, em Londres, e depois fui fazer um mestrado em Moda. Durante esse período já tinha em mente fazer algo do género mas nunca tive a confiança, até à primeira edição do meu desfile no Sangue Novo, concorrer ao desfile" conta-nos. "Isso levou-me a acreditar que conseguia fazer um desfile. Mesmo na primeira edição, não estava à espera de meses depois já ter o meu estúdio e começar a trabalhar apenas nisto. Tinha acabado de me mudar para aqui, não tinha nada. Nem pensava conseguir fazer uma segunda ronda. Foi um momento muito feliz, quando percebi que após todo este tempo de estudos, tudo poderia resultar em algo mais a sério."
O designer formou-se em Textiles pelo Chelsea College Of Art e em Fashion Womenswear pelo Royal College of Art de Londres, e as suas peças são produzidas entre os dois países. A sua matéria de trabalho, fibras e lãs, vem de Itália, pois já conhece bem as fábricas, mas não descarta a ideia de trabalhar com fábricas portuguesas num futuro próximo. Depois de ter chamado à atenção na última edição da ModaLisboa, Archie Dickens foi convidado a apresentar uma segunda coleção. Sobre Lisboa, Archie Dickens não tem dúvidas do quanto marcou o seu percurso. "Lisboa é uma cidade fantástica para viver e trabalhar. Para mim, às vezes, preciso de ser cauteloso porque tenho imensa sorte em poder fazer isto. Sei que muitas pessoas [na Moda] têm adversidades, aqui, e em Londres."

O designer inglês apresentou, assim, um conjunto de propostas primavera/verão 2020, que apelidou de ‘SAPAL - Da mata ao mar’. Inspiradas na cor verde, na proximidade do mar, nas peças que Archie Dickens levou horas a criar nas suas máquinas de tecelagem, sobressaem tons como os verdes da sálvia e das folhas combinam-se com a areia e a água cinza-azulada. "Um clima encapsulado que cria um ecossistema de roupa explorando zonas de transição", pode ler-se no descritivo da sua minuciosa e elaborada coleção. Um designer que segue a sua intuição para criar peças de artesanato com materiais de luxo, resultando em peças originais e intemporais, Archie Dickens é tão simpático como o seu trabalho.
Entrámos pelo seu atelier adentro para descobrir esse universo criativo.

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