Quando Leandra Medine Cohen publica no Instagram a foto de um dedo do pé com um anel solitário, fazemos todas a mesma viagem: primeiro estranhamos, depois perguntamos - "será que também preciso de um anel (de diamante!) no dedo do pé?" No fundo, é para isto que servem as influenciadoras de moda: testar o que parece invulgar e puxar pelos nossos limites do que é "usável". Cohen - fundadora do Man Repeller - sabe perfeitamente o que está a fazer: voltou a colocar os pés (literalmente) no centro do styling, com imagens de toe rings e pulseiras de pé de diamantes e até com uma mini-coleção "Summer Diamonds" onde há… um toe ring "a sério".
Não foi, claro, Leandra quem inventou os anéis de dedo do pé. Existe uma história longa - sobretudo no subcontinente indiano. Na Índia, os toe rings (bichiya) são tradição antiga: usam-se tipicamente no segundo dedo de ambos os pés, em prata, como sinal do estado civil; em muitas comunidades, o noivo coloca-os na noiva durante a cerimónia. É um costume documentado e preservado em coleções de museus, para lá da cultura pop.
A "descida" dos acessórios para a parte de baixo do corpo não começou com os anéis nos dedos, mas com a reabilitação das pulseiras nos torrnozelos. No Ocidente contemporâneo, ganharam mais visibilidade a partir do século XX e sobretudo na estética boémia dos anos 70 - quando a pele descoberta e as sandálias minimalistas pediam um brilho no tornozelo.
Nos últimos dois anos, os pés viraram novamente palco. Mas então como podemos usar estes acessórios? Um só diamante (como no post da Leandra) destaca-se com sandálias muito simples; se prefere muitos (um dedo com dois anéis, ou vários dedos), compense com um calçado de couro liso e linhas minimalistas. Marcas e editoriais deste verão mostram as duas vias, do delicado ao escultural. E no tornozelo? Podemos usar correntes próprias ou reciclar colares curtos.
Os acessórios nos pés encaixam na macro-tendência de "micro-luxo visível": detalhes pequenos, mas com grande impacto visual e de intenção - perfeitos para câmaras (e stories) a apontar para baixo. O regresso não é só nostálgico; é culturalmente referenciado, tem prova de passerelle e a bênção do algoritmo. E sim, às vezes um diamante no segundo dedo do pé vale mais do que uns brincos novos.