Adeus às leggings: O fim de uma era

Esta peça de roupa é usada há décadas, mas o seu reinado está a chegar ao fim. A sua herança, porém, permanece: ajudaram a amaciar a transição entre o ativo e o casual, entre o exercício e a vida urbana. Agora, é tempo de virar a página, um adeus consciente e de estilo.

Adeus leggings: geração Z prefere peças largas para ginásio
25 de julho de 2025 às 18:08 Safiya Ayoob

Durante anos foram omnipresentes – em ginásios, cafés, aeroportos e até reuniões por Zoom. Mas, de repente, aquilo que parecia eterno começa a soar datado. As leggings, outrora símbolo de liberdade e conforto, estão a sair discretamente de cena. O que antes era sinónimo de modernidade tornou-se, para muitos, um uniforme cansado de um athleisure que já não dialoga com a nova geração. Segundo o Financial Times (em How To Spend It), esta peça de roupa representa cerca de 40% da receita global do mercado de roupa desportiva, num universo avaliado em cerca de 358 mil milhões de dólares (aproximadamente 305 mil milhões de euros).

Mas em pleno verão de 2025, algo mudou. A tendência que dominou o athleisure está a inverter-se. Marcas como Free People Movement já reportam queda no volume de vendas de leggings desde o ano passado, com as “Never Better” – até então o top de vendas – já destronadas por calças mais fluidas como o modelo “Champ Is Here”  .

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A geração Z,  está a abandonar o corte justo do milénio em favor de silhuetas soltas e confortáveis. A mudança revela-se em dados concretos: as pesquisas por “baggy gym outfits” aumentaram mais de 400% entre 18 e 24 anos no Pinterest, e as leggings agora representam apenas 32% das alternativas inferiores no athleisure, contra 47% em 2021. Títulos como o The Guardian , já anunciam que a era das roupas justas e restritivas terminou, deixando lugar a peças respiráveis e de movimento livre: skinny leggings são substituídas por tracksuit pants ou calças flared que permitem mais liberdade.

Para muitos o fitness não é performance – faz parte da vida diária. A pressão estética que alimentou o culto das leggings entre os Millennials está a perder força. Vestir para autonomia, individualidade e conforto é agora a ordem do dia. A mentalidade aspiracional do “beauty is pain” está a desaparecer, trocada por uma atitude mais inclusiva e descontraída.

Porquê agora? A mudança é pautada por alguns fatores: a moda atravessa uma transição das micro-tendências e estética saturada das redes sociais para uma atitude anti-fashion e de curadoria pessoal. Leggings, símbolo de uma estética uniforme, ficam fora deste novo ethos que valoriza singularidade e autoexpressão. Até Lululemon, pioneira do movimento athleisure, sente os efeitos: com vendas desaceleradas e críticas à qualidade das leggings (como o episódio das “Breezethrough”), a marca está a reestruturar-se para investir em novas silhouettes que já não passam exclusivamente pelo ajuste apertado.

Não será um desaparecimento repentino, mas sim um declínio contínuo de uma peça que, apesar do conforto e ubiquidade, hoje simboliza algo que já não nos representa: o uniforme padronizado do athleisure milénio. A nova geração quer mais do que moda funcional – quer moda com atitude, movimento e personalidade.

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