Olga Noronha e um momento de magia na ModaLisboa
Mesmo com chuva e frio, nada nem ninguém poderia impedir a performance de Olga Noronha de seguir em frente, apresentada no terceiro dia da ModaLisboa Metaphysical. Num dia cheio de desfiles, eis um momento de emoção e beleza.

Não obstante, o espetáculo tinha de continuar. Em conversa com a Máxima, a artista plástica contou-nos que não ir para a frente com a instalação Ensaio sobre o corpo-não-copo-no-corpo era uma "não hipótese". Foi obra do destino, diz-nos Olga, até porque a chuva parou logo a seguir. Algo que podia ter estragado a performance, acabou por transformá-la num momento mágico. "O meu grande desafio é trazer algum momento disruptivo, um momento que ninguém sabe o que esperar e que depois cria alguma supresa e emoção."


A dança, que visa reconfigurar o espaço, o tempo e o sentimento do corpo associado, foi executada na perfeição por três bailarinos vestidos de preto. Suspensa no ar, estava a estrela principal. "Tinha muita vontade de recontextualizar aquela grande escultura que lá está, que se chama Corpo Suspenso, e de a desenvolver em escala um pouco mais pequena, quase em fragmentos que dissipavam no tempo e no espaço", explicou a artista. Anteriomente, esteve em exposição na Boutique dos Relógios Plus, no Porto.
"Quando vim ter uma reuniao à ModaLisboa, porque geralmente gosto sempre de pensar nalguma coisa site specific e esse é o conceito principal da instalação, achei que sítio melhor não poderia existir para colocar aquela peça grande (referindo ao edifício em obras onde o evento desta edição está a ter lugar) e daí criar naturalmente um momento em calendário, com chuva ou com sol, a chover cats and dogs (gatos e cães), que fosse uma extensão do corpo." As partes mais pequenas da peça "são quase como microcorpos que saem desse corpo suspenso, que tem a silhueta de uma mulher impressa em três dimensões."




No final, os corpos dançantes foram uma extensão de mim, orgulha-se Olga, "e ofereci-vos a todos vocês uma pequena parte do meu corpo que fica como testemunho deste momento. Enquanto artista plástica, o corpo é apenas o meu modo de inspiração, eu não faço usáveis, não faço roupas, e por isso precisei de, por mim mesma, demonstrar que o corpo é tão ou mais válido no contexto Moda mesmo sem Moda, mas com muita emoção." Vale ainda a pena destacar as escolhas musicais para a instalação. "Sabia que queria Michael Nyman para o início, porque toda a envolvente da banda sonora do filme The Piano traz sofrimento com base no amor, num amor entre um instrumeno como uma extensão do corpo." O problema é que a melodia não era longa o suficiente, confessou entre risos. "De repente, em shuffle das minhas músicas preferidas, surge-me o Haja o Que Houver, de Madredeus, e naquele momento soube que era esta." Quando a ouviu, foi uma espécie de entrega ao destino, "como se entregam as pessoas que estão neste momento a sofrer na guerra, como todos nós nos entregamos e como hoje me entreguei.

moda, tendências, Olga Noronha, cultura, instalação artística, ModaLisboa
De casa para o mundo. Em exclusivo com Alexandra Moura em Milão
‘Lar doce lar’ é o mote da nova coleção de Alexandra Moura. A designer pede para pensarmos no que significa a palavra “casa”, inspira-se em objetos do quotidiano para criar silhuetas e instiga-nos a explorar aquilo que nos torna únicos. Relato de um desfile inspirador.
Em direto da ModaLisboa: todos os desfiles que não pode perder
Até este domingo, 13, partilhamos consigo em primeira mão as novas coleções dos designers de renome nacionais.
O melhor da passerelle da ModaLisboa
Porque a Moda nacional merece a devida atenção, eis os momentos-chave das coleções dos criadores portugueses, apresentadas nesta ModaLisboa Methaphysical.
Mercedes-Benz Fashion Week Madrid. Como é a Moda feita em Espanha?
Estivemos na semana de moda espanhola, a assistir aos novos e consagrados talentos nacionais. Do irreverente desfile do designer Dominnico, ao tradicional desfile de Teresa Helbig, esta é a prova de que a Moda é eclética, não tem rótulos nem limites.
Mallu Magalhães sem filtros. Música, maternidade e o amor com Marcelo
A melodia de Mallu, Maria Luiza, seu nome verdadeiro, contagia-nos como um dia de sol de inverno. À Máxima, conta a infância, a ascensão na carreira, o amor com Marcelo Camelo, a maternidade e, claro, o novo disco: Esperança. Oiça-a cantar.
ModaLisboa Metaphysical: vamos vestir fatos neste inverno?
De Gonçalo Peixoto a Carlos Gil, passando por Behén ou Carolina Machado, os fatos surgem em diferentes estilos, formatos e padrões.
Alexandra Moura: "Quis afirmar-me sem nunca ter cedido à pressão do sistema, e ser a única completamente diferente no meio de tanta coisa igual"
Passaram 20 anos desde que Alexandra Moura desfilou a sua primeira coleção na ModaLisboa para a primavera/verão de 2002. O olhar rebelde e romântico continua intacto, mas agora chega ao futuro e ao outro lado do mundo.





