“Não queremos isso para os nossos filhos”: A polémica da coleção sem género da Zippy
A marca infantil portuguesa lançou a coleção ‘Happy’ para crianças dos 2 aos 14 anos e as reações negativas não se fizeram esperar – sinal da mentalidade que ainda persiste em relação às questões de género.
Foi no início deste mês que a Zippy lançou a sua primeira coleção sem género. Segundo a própria marca, a linha Happy foi confecionada para "celebrar a individualidade e a liberdade de expressão de cada um". As peças de vestuário, acessórios e calçado foram pensadas para crianças dos 2 aos 14 anos. Contudo, a coleção foi alvo de polémica no Facebook com críticas a denomina-la de "perversa" e até por promover a "erotização de crianças" (!). Depois da inundação de críticas negativas (leia algumas em baixo) vieram as positivas, com uma centena de pessoas a apoiarem a iniciativa da marca, surpresas, como muitos de nós, com a repercussão polémica da mesma.

"Deixem as crianças ser crianças, parem de as usar como instrumentos dessa campanha global hedionda. "Happy"=gay… Boicote à Zippy"; "Nunca mais Zippy, ADEUS. Não percebem que nós pais não queremos isto para os nossos filhos? V-E-R-G-O-N-H-A";
O debate foi tal que a marca emitiu um comunicado de resposta esta quarta-feira, onde se lê que a coleção "não tem qualquer associação a ideologias ou movimentos, sejam eles quais forem. (…) Com esta linha, queremos ajudar os pais na hora de vestir as suas crianças, dando-lhes opções versáteis e que podem ser passadas de irmãos para irmãs, de primas para primos, e vice-versa."
O caso infelizmente está longe de ser inédito. Em setembro de 2017, a britânica John Lewis apresentou uma linha de roupa de criança com género neutro, tornando-se a primeira, no Reino Unido, a fazê-lo. As peças apenas não continham etiquetas ou qualquer indicação de que eram para meninos ou meninas. A coleção também dividiu opiniões na Internet. Depois da John Lewis, no verão do ano passado, a norte-americana Tommy Hilfiger também lançou a sua coleção infantil sem "divisões". Há cada vez mais marcas de vestuário infantil que são criadas sem a delimitação de género, como a Celinununu, uma linha da marca Nununu em colaboração com a cantora canadiana Céline Dion, a portuguesa Blake, e também a Tootsa, Claude & Co ou Bangbang Copenhagen.
