Depois de muita insistência por parte dos maiores designers de figurinos de Hollywood a Academia lá cedeu e criou, em 1948, o prémio para melhor guarda-roupa do ano. Afinal foram nomes como a lendária Edith Head (a recordista desta área com 35 nomeações e 8 Óscares), Adrian, Helen Rose (que até desenhou o vestido de noiva de Grace kelly) ou Travis Banton entre muitos outros que ajudaram a criara a era dourada do cinema. Se na Europa eram os costureiros parisienses que lançavam as tendências, nos Estados Unidos eram os figurinistas ditavam as modas. Vestiam as atrizes nos filmes e na vida real e alguns tinham casas de moda onde vendiam as suas criações.
No início eram entregues dois prémios para melhor guarda-roupa e os nomeados dividiam-se entre as categorias a cor e a preto e branco. Em 1967 esta separação deixou de existir e passou a entregar-se apenas um Óscar nesta categoria. A justiça deste prémio é inquestionável. A história do cinema está recheada de roupas memoráveis e algumas ajudaram a definir a imagem que temos de algumas atrizes ainda hoje, como é o caso de Marlene Dietrich. De décadas passadas ficam para sempre na nossa memória os vestidos de Grace Kelly nos filmes de Hitchcock, de Elizabeth Taylor em Gata em Telhado de Zinco Quente ou Cleopatra, Vivian Leigh em E Tudo o Vento Levou e, claro, a icónica Audrey Hepburn.
Nos últimos anos a Academia tem demonstrado uma preferência por guarda-roupas de filmes históricos como O Gladiador (2002), Moulin Rouge (2003), Chicago (2003), O Senhor dos Anéis (2004), O Aviador (2005), As Memórias de uma Gueixa (2006), Maria Antonieta de Sofia Coppola (2007), Elizabeth: A Idade de Ouro (2008), A Duquesa (2009), A Jovem Victoria (2010), Alice no País das Maravilhas (2011) e o vencedor do ano passado O Artista. Quem vai ganhar o Óscar para melhor guarda-roupa este ano? Só ficaremos a saber no próximo dia 24 quando o cinema americano celebrar a sua maior festa do ano. Conheça aqui um pouco melhor os nomeados.
Imagens: Universal Pictures (Anna Kerenina, Les Misárables, Espelho Meu, Espelho meu…, A Branca de Neve e o Caçador), Big Picture (Lincoln), Chanel (Anna Karenina).
>> MIRROR MIRROR – EIKO ISHIOKA
MIRROR MIRROR – EIKO ISHIOKA
Se o guarda-roupa do filme Espelho Meu, espelho meu… há alguém mais gira do que eu? for considerado o melhor do ano, a sua figurinista infelizmente não estará presente para receber o prémio. Eiko Ishioka faleceu em Janeiro de 2012 e a sua carreira conta com, pelo menos, um Óscar pelo Drácula de Francis Ford Capolla. Para a adaptação do clássico A Branca de Neve a criadora japonesa desenhou roupas simplesmente contagiantes. Para além das cores mais exuberantes foram usados metros infindáveis de tecido, cabelos e acessórios inesperados e uma grande dose de magia, foram criados cerca de 400 figurinos e ainda mais os acessórios como as joias e as máscaras. As imagens falam por si.
Criou o guarda-roupa de filmes como:
Imortais (2011), Um Sonho Encantado (2006), A Cela (2000), Drácula de Bram Stoker (1992).
ANNA KARENINA – JACQUELINE DURRAN
Esta é a terceira vez que Jacqueline Durran está nomeada para o Óscar de melhor guarda-roupa e, tal como das outras vezes, com um filme de Joe Wright que tem Keira Knightley como protagonista. Para trás ficam Orgulho e Preconceito e Expiação. Para vestir a heroína de Tolstoi Jacqueline Durran decidiu inspirar-se, não só nas descrições que o autor faz no seu romance, como na couture francesa da década de 1950. Para além dos vestidos com silhueta princesa, os sensuais e desafiantes decotes assimétricos, as camadas de tule que tornaram os movimentos ainda mais dramáticos e os vês e chapéus de pêlo, esta Anna Karenina exibiu ainda joias Chanel cravejadas a diamantes e pérolas e com a lendária camélia em jeito de assinatura.
Criou o guarda-roupa de filmes como:
A Toupeira (2011), Nanny McPhee e o Toque de Magia (2010), O Solista (2009), Expiação (2007) e Orgulho e Preconceito (2005)
Veja a entrevista a Keira Knightley para a Máxima aqui.
SNOW WHITE AND THE HUNTSMAN – COLLEEN ATWOOD
Colleen Atwood é uma das referências da atualidade pelos três Óscares que já conquistou. A atmosfera mais pesada e escura desta adaptação da famosa história fez a figurinista decidir de imediato que não usaria cores berrantes nem vestidos ultrafemininos. Para Kristen Stewart foi criado um vestido que, para além de ter uma cor adequada à atriz e ficar bem na maioria dos fundos do filme, procurava representar da forma mais realista possível o facto de ser o vestido que Branca de Neve usou durante todos os anos que esteve presa na torre. Para a rainha Ravenna, interpretada por Charlize Theron, Colleen Atwood tirou partido da altura da atriz para lhe dar um look mais imponente e assustador e criou para ela dois mantos muito especiais que seriam mais tarde trabalhados pela equipa de efeitos especiais. Um que se transformaria em corvos e outro que se transformaria numa espécie de óleo e destaque ainda para um vestido todo em malha metálica do qual foram feitos três exemplares.
Criou o guarda roupa de filmes como:
O Turista (2010), Alice no País das Maravilhas (2010), Nove (2009), Inimigos Públicos (2009), Sweeney Todd - O Terrível Barbeiro de Fleet Street (2007), Missão Impossível 3 (2006), Memórias de uma Gueixa (2005), O Grande Peixe (2003), Chicago (2002), O Planeta dos Macacos (2001), A Mexicana (2001), A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), Marte Ataca! (1996), As Mulherzinhas (1994), Filadélfia (1993), O Silêncio dos Inocentes (1991), Eduardo Mãos de Tesoura (1990).
Veja a entrevista a Kristen Stewart para a Máxima aqui.
>> LES MISÉRABLES – PACO DELGADO
LES MISÉRABLES – PACO DELGADO
Este foi o maior projeto cinematográfico de Paco Delgado e incluiu cerca de 2200 figurinos. O figurinista espanhol mergulhou no livro depois de lhe ser entregue este trabalho e inspirou-se nas suas descrições e em pinturas da época e até passeou pelas ruas de Paris para conhecer aquele momento tão marcante da história de França. Para Paco Delgado as cores da bandeira francesa foram fundamentais para definir a paleta cromática dos figurinos e passar a mensagem de patriotismo que se vivia na altura.
Criou o guarda roupa de filmes como:
A Pele Onde Eu Vivo (2011), Biutiful (2010), Os Crimes de Oxford (2008), Má Educação (2004).
LINCOLN – JOANNA JOHNSTON
Embora já esteja habituada a trabalhar com Steven Spielberg, esta é apenas a primeira nomeação de Joanna Johnston para melhor guarda-roupa. Teve ajuda da autora da biografia de Mary Todd (Mrs. Lincoln) e recorreu aos museus para estudar os verdadeiros fatos da época. Sally Field teve que usar vários enchimentos para chegar á semelhança física com a mulher do presidente Lincoln, uma apaixonada por roupas que, aparentemente, chegou a ser criticada por gastar muito dinheiro nelas. Joanna Johnston teve que produzir jogos de sombras e desgaste nas roupas para adaptar o domínio do preto da época ao filme. O famoso chapéu de Lincoln foi criado em Itália, a figurinista achou que uma peça tão marcante teria de ser perfeita e traça os maiores elogios à interpretação de Daniel Day-Lewis que deu às roupas a personalidade necessária.
Criou o guarda roupa de filmes como:
Cavalo de Guerra (2011), O Barco do Rock (2009), Valquíria (2008), Munique (2005), Guerra dos Mundos (2005), Polar Express (2004), O Amor Acontece (2003), Era Uma Vez Um Rapaz (2002), O Náufrago (2000), O Sexto Sentido (1999), O Resgate do Soldado Ryan (1998), Forrest Gump (1994), A Morte Fica-vos Tão Bem (1992), Horizonte Longínquo (1992), Regresso ao Futuro III (1990), Regresso ao Futuro II (1989), Indiana Jones e a Grande Cruzada (1989), Quem Tramou Roger Rabbit? (1988).
http://www.youtube.com/watch?v=ld5pNH3G3dI
http://www.youtube.com/watch?v=-pfFRa9neBQ
