O Legado de Diana
Vinte anos depois, a princesa que mudaria para sempre a realeza, a celebridade (e o mundo) mantém-se mais viva do que nunca.

Foi a 31 de agosto de 1997 que o mundo acordou com a trágica notícia da morte de Diana de Gales. Foram sete dias de luto que se estenderam mundo fora, tal como nunca havíamos assistido antes. As homenagens presenciais do povo ultrapassaram de tal forma todas as expetativas que as floristas de Londres viram-se obrigadas a encomendar flores do resto da Europa. Rapidamente os stocks esgotaram no Reino Unido. Pela primeira vez na história, Isabel II quebrou protocolos, para proteger os netos, William e Harry, permanecendo com eles em Balmoral, mesmo sofrendo duras críticas por não ter regressado de imediato ao Palácio de Buckingham, nem ter ordenado que colocassem a bandeira a meia-haste.
Em simultâneo, do outro lado do mundo, mais precisamente no Harlem Hospital, em Nova Iorque, crescia a olhos vistos o mar de flores depositadas pelas pessoas. O mesmo hospital onde, em 1990, Diana fez capas de revistas e jornais ao abraçar um bebé com SIDA. Esta era a natureza de Diana, que não seguia protocolos reais e que recusava usar luvas. Eleri Lynn, uma das curadoras da exposição Diana: Her Fashion Story, patente no Palácio de Kensington, revelou recentemente à revista People: "Ela abandonou o protocolo real de usar luvas porque gostava de dar as mãos às pessoas que visitava ou apertá-las, ter contacto direto. Também deixou de usar chapéus, porque a certa altura disse: ‘não se pode mimar uma criança com um chapéu posto’".

Eis a confirmação de que nela estava realmente a figura de uma verdadeira ‘Princesa do Povo’, como a intitulou o então Primeiro-ministro britânico Tony Blair, num dos primeiros discursos à nação após a morte de Diana. Blair que, recentemente, revelou no documentário Diana, 7 Days a primeira conversa que teve com a rainha logo após o incidente: ‘Estava assustada com o impacto que teria nos rapazes. Estava obviamente muito triste pela Diana. Também estava preocupada com a monarquia porque tem um instinto muito apurado no que toca à opinião pública e como esta se desenrola’. Foi essa, também, uma das maiores lições dadas à aparentemente inquebrável família real britânica. Foi graças a Diana, que a imagem gélida e distante da monarquia se desvaneceu.
Agosto de 2017, precisamente 20 anos depois, o mundo volta a prestar-lhe uma merecida homenagem. Mas, mais do que relembrar a figura de Diana, há um desejo geral em mostrar às novas gerações, a Diana mãe, mulher defensora dos oprimidos, detentora de um extraordinário trabalho humanitário e que acabou por se tornar uma das mulheres mais fascinantes do século XXI. A par dessas suas múltiplas características, está também o facto de ainda hoje ser considerada um ícone de estilo. Este ano, o criador Virgil Abloh (Off-White) afirmou que a sua coelção de primavera 2018 será inspirada em Diana. Mas quem não se lembra do famoso vestido preto Victor Edelstein que usou numa visita aos Estados Unidos e com o qual deslumbrou tudo e todos ao dançar com o ator John Travolta? Ou do vestido branco de Catherine Walker, cravejado a pérolas, que ficou conhecido como o ‘Elvis Dress’? Foi precisamente na moda que, mais tarde, Diana encontrou a linguagem perfeita para se exprimir em total liberdade, após o divórcio de Carlos. Foi através dos seus vestidos e do seu novo corte de cabelo que conseguiu mostrar que havia tomado finalmente o controlo da sua vida. Tratou-se de uma mudança radical de imagem que representou um marco importante no percurso de Diana.
A história pode e deve, por isso, continuar a ser contada, para que quem já não cresceu com o nome Diana, saiba exatamente a importância que a sua presença teve na sociedade.

Claramente, não é qualquer personalidade que, já não estando viva, consegue ser falada em todos os cantos do mundo, meses a fio. Diana volta a fazer história, ao ser recordada através de, nada mais, nada menos do que 8 documentários televisivos, infindáveis programas especiais, entrevistas com família e amigos, exposições, livros, réplicas das suas jóias - uns mais criticados e polémicos do que outros, é certo. As capas das revistas e jornais voltam a ser invadidas por teorias em redor de Diana. Ela domina a imprensa, tal qual o fazia no seu auge, quando era a mulher mais fotografada do mundo. E ainda assim, tudo isto parece pouco para cobrir toda a saudade em redor de uma princesa que marcou um antes e um depois na era real do século XX.
Agora, e pela primeira vez em 20 anos, os próprios príncipes William e Harry viram-se dispostos a falar sobre o trauma da morte da mãe. Em programas transmitidos ao longo dos últimos seis meses, William revelou que o choque de a perder ainda permanece, sendo que o mais difícil para ele até hoje foi acompanhar a pé todo o percurso do funeral atrás do caixão da mãe. Já Harry revelou que fez terapia há alguns anos para lidar com a dor. "A nossa mãe era a nossa guardiã, a nossa amiga, a nossa protetora. Não permitiu, nem uma única vez, que o seu amor por nós não fosse evidente (...). A última coisa que ela fazia todos os dias à noite, era dar-nos um beijo, e quando regressávamos do colégio, lá estava ela, esperando-nos com o seu sorriso resplandecente", afirmou Harry em Our Mother: Her Life and Legacy , exbido na inglesa ITV.
Têm sido eles os grandes conciliadores entre o povo britânico e a monarquia. A amabilidade de William e a descontração de Harry são um misto daquilo que Diana era e daquilo que desejou passar-lhes em vida. "Vivo para os meus filhos. Estaria perdida sem eles", chegou a confessar Diana na famosa e polémica entrevista que serviu de base ao livro Diana - Her True Story, de Andrew Morton. E mais recentemente, em Diana: In Her Own Words (Channel 4) pudemos ouvi-la uma vez mais dizer: "Espero que o William e o Harry sigam o meu exemplo. Que compreendam as inseguranças, emoções, angústias, sonhos e esperanças dos mais necessitados".

E depois de William e Harry, surgiu Kate Middleton que com a sua elegância, simplicidade e delicadeza conseguiu que se multiplicassem as inevitáveis comparações com Diana. Na verdade, a ela se deve a maior facilidade do caminho de Kate, enquanto elemento da casa real britânica, mulher e mãe dos herdeiros ao trono. Também este ano, Paul Burrell, antigo mordomo de Diana, cometeu uma inconfidência, no programa de televisão 9News, ao considerar Kate encantadora, mas sem o ‘Factor X’ de Lady-Di: "Conheci Madre Teresa, ela tinha-o. O Papa João Paulo II também o tinha. A rainha tem-no. Diana certamente o tinha. Kate não."
A verdade é que a popularidade dos Duques de Cambridge intensificou-se ainda mais com o nascimento dos príncipes George e Charlotte. "[Diana] seria um pesadelo de avó. Iria adorar os miúdos, mas seria um autêntico pesadelo. Seria o tipo de avó que chega na hora do banho e criaria aqueles cenários de bolas de sabão por todo o lado", confidenciou William no documentário Diana Our Mother: Her Life and Legacy, imaginando aquilo que poderia ser hoje o seu mundo se a mãe estivesse viva.
Vinte anos serviram para que também só agora, muitos outros elementos próximos da Princesa Diana resolvessem divulgar factos até então desconhecidos. É o caso de Jackie Allen, antiga assistente pessoal de Diana que a propósito de um trabalho de investigação do jornal britânico Daily Mail, veio defender que, ao contrário do que se pensava, Diana estaria a preparar-se para deixar Dodi Al Fayed. De recordar que Diana e Dodi morreram no trágico acidente em Paris, depois de terem passado umas férias juntos no sul de França. "Conversámos sobre o que Diana faria na semana seguinte e do seu programa de outono. Ia viajar para Singapura, para um evento que seria enorme e a Armani desenhou-lhe um vestido. Ela falou no quanto estava ansiosa para chegar a casa, e havia algo na forma como ela disse isso – "Estou entediada com isto agora" – É uma visão pessoal, mas não acho que ela voltasse a ver Dodi novamente depois de regressar" , lembrou Jackie sobre o último telefonema que teve com Diana, a 29 de agosto de 1997, no Palácio de Kensington.

É talvez o lado menos positivo de todo este frenesim novamente criado em volta de Diana, nomeadamente no que toca a alguns dos documentários, entrevistas e até livros que surgiram ao longo deste 20º aniversário da sua morte. Há pormenores íntimos que seriam evitáveis, sobretudo perante os dois filhos de Diana.
Virginia Pitman, antiga colega de casa de Diana, recordou também recentemente como ela se divertia com as perseguições iniciais dos fotógrafos, ainda ela era uma jovem babysitter. "É horrível dizer isto agora, mas ela adorava. Ela achava naquela altura que era hilariante, uma competição, e quando conseguia meter-se num parque de estacionamento ou numa pequena garagem e os via a passar, era como se dissesse "SIM!". Mas nós tínhamos apenas 19, 20 anos e era divertido", revelou Pitman ao mesmo jornal.
Para além de Diana e Dodi, morreu também Henri Paul, o motorista do carro onde se encontravam. Na altura, foi sobre ele que caiu grande parte da responsabilidade para o despiste, até porque ficou provada a presença de álcool no sangue. Ainda assim, poucos souberam, e somente agora foi divulgado, que no 10º aniversário da morte de Diana, o príncipe William escreveu uma carta a Jean Paul e Giséle, pais de Henri Paul, convidando-os a assistir ao serviço memorial em Londres. Eles não compareceram, apesar da boa vontade dos filhos de Diana: 'Sou um pobre homem com uma reforma pequena’, justificou ao Daily Mail o pai de Henri Paul, destroçado pelo facto do filho ser apontado como o responsável por tamanha tragédia.

Estas, e tantas outras histórias que se misturam com um legado irrepreensível deixado por Diana Spencer, a Princesa de Gales, a Princesa do Povo, que na verdade, não desejava ser rainha de Inglaterra, apenas ‘gostava de ser a rainha no coração das pessoas’.

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