Exclusivo. Tudo sobre o look de Fernanda Torres nos Óscares
Conversámos com Antonio Frajado, stylist responsável pelos looks da atriz na campanha de premiação de “Ainda Estou Aqui”.

Em 1999, quando foi indicada ao Óscar de Melhor Atriz por Central do Brasil, Fernanda Montenegro comparou a exaustiva campanha que antecede o prémio com uma viagem a Júpiter. Agora, 25 anos depois, Fernanda Torres, sua filha, repete a façanha ao interpretar Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui. De lá para cá, as campanhas tornaram-se ainda mais intensas, mas o cinema brasileiro ganhou mais estrutura. O tapete vermelho é parte fundamental do processo, e é nesse quesito que Fernanda Torres conta com a ajuda do Antonio Frajado, seu stylist há mais de 15 anos. "É como ir a Júpiter, mas com uma aeronave melhor", brinca a atriz.
Em tempos de "method dressing", em que as atrizes se vestem para os eventos promocionais com roupas que remetem para a temática do filme – os exemplos mais notáveis são Margot Robbie em Barbie e Zendaya em Dune e Challengers – Fernanda e Antonio decidiram pela sobriedade a fim de honrar a memória de Eunice Paiva. Afinal, Ainda Estou Aqui conta a história da viúva do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado em 1971 pela ditadura militar no Brasil. "O tapete vermelho é um trabalho que acontece em duas camadas, porque exige que você seja um personagem, mas sendo você mesmo", explica Antonio. "A Fernanda é uma mulher muito experiente, muito segura de si, tem a mesma naturalidade na prova de roupa e em frente às camaras. Ela não se perde no personagem".


Como começou a trabalhar com a Fernanda?
Minha relação com a Fernanda foi um verdadeiro encontro. Há 15 anos, eu era assistente da Cláudia Kopke – que, aliás, é a responsável pelo figurino de Ainda Estou Aqui. E a Cláudia trabalha com a Fernanda desde que as duas fizeram Casa de Areia, em 2005. Mas, nesse dia, a Cláudia estava ocupada, então ela não só indicou meu nome, como generosamente me vendeu como se eu fosse a última Coca-Cola do deserto! E, de repente, uma prova de roupa de vinte minutos veio a se tornar a minha carta de abolição do cargo de assistente. A Fernanda estava com muita visibilidade porque era a época de Tapas e Beijos [comédia romântica de 2011]. Nós fazíamos umas três campanhas publicitárias por mês, de clientes diferentes. Antes, já assinava algumas campanhas menores de moda, mas não era o suficiente. Através da Fernanda, ganhei outras seis clientes, num espaço de seis meses, e assim eu me tornei stylist de celebridades. Isso me deu estrutura financeira suficiente para seguir carreira a solo e voar.

E como é a sua relação com a Fernanda?
A Nanda foi a pessoa com quem eu mais falei nos últimos seis meses, ela gosta do diálogo. A celebridade é uma marca, mas essa marca também se confunde com quem a pessoa é de verdade. É mais importante o cliente se sentir confortável, do que eu ir adiante com a imagem inicial que eu tinha em mente, prefiro dar o passo atrás, encontrar algo no meio do caminho.
Qual a diferença do seu trabalho anterior com a Fernanda para esse, em específico, do filme?

O meu trabalho com a Fernanda é sob demanda, focado em eventos e prémios. Não existia necessidade de desenvolver uma ideia com fio condutor, pois eram situações isoladas. Mas, quando surgiu o filme, a Fernanda me chamou, e passou o seguinte briefing que foi crucial para a narrativa: eu não quero distanciar-me do personagem, e sim honrar e respeitar a memória da Eunice. Ainda Estou Aqui é uma história contada de forma muito minimalista, não existe aquele momento arrebatador do melodrama, pelo contrário, a emoção vai crescendo, e, quando você vê, está chorando.

Foi difícil equilibrar o glamour do tapete vermelho com a sobriedade da história?

O look não pode ser maior que o personagem nem que a pessoa. É preciso passar uma mensagem que esteja de acordo com o filme. Há várias coisas lindas, mas que é preciso dizer: não, obrigada. Eu sou um profissional de moda apaixonado pela minha profissão, às vezes, me animo, fico eufórico, quero algo mais extravagante. E a Fernanda diz: ok, eu posso provar, mas você enlouqueceu! A moda é um ambiente de fantasia, existe uma liberdade para ir adiante, mas o ideal é encontrar algo que tenha impacto, mas que seja simples, o equilíbrio perfeito entre o glamour e o severo. No caso do Óscar, que é a fronteira final, considerámos que podíamos ir um pouco além. A roupa escolhida é Chanel, e funciona porque é um exagero controlado, tem um excesso permitido, tem brilho, mas é fechado, é justo, mas não tem volume. É a Eunice em dia de festa.
O que mudou do início da época de prémios para agora, com o Globo de Ouro e o Óscar?
No início, já tínhamos marcas internacionais, mas queríamos usar marcas brasileiras, então escolhemos o Alexandre Hercovitch para o Festival de Veneza. A Fernanda tem uma relação de longa data com o Alexandre - e ele é um talento absoluto! Depois do Globo de Ouro, a coisa foi para outro patamar, marcas que no início não tinham sido tão recetivas vieram até nós. No início, era um trabalho de convencimento, afinal, trata-se de um filme brasileiro de baixo orçamento, ninguém sabia do que se tratava. Eu insistia para que as marcas entendessem que estávamos falando de obra grandiosa que iria entrar para a História. Para a estreia em Londres, conseguimos a Phoebe Philo através de um amigo em comum que explicou a ela toda o contexto do filme e da Fernanda. A Phoebe não veste ninguém, mas é inteligentíssima, e tem uma narrativa parecida, então entendeu de imediato. Depois que o filme ganhou o mundo todo esse processo ficou mais fácil.

Existe pressão para usar estilistas brasileiros?
Num mundo ideal, é lógico que a minha preferência seria pela moda nacional, mas existe uma logística complicadíssima para usar marcas que não tenham algum tipo de base na cidade onde acontecem os eventos. A Fernanda só voltou ao Brasil uma vez desde outubro, então tenho feito syling à distância, por isso precisei priorizar as marcas com maior disponibilidade física.
Poderia explicar a parte logística?

No início, a marca mostra as fotografias do desfile, e então verificam se a roupa escolhida já foi usada por alguém, já que a preferência é sempre por uma peça que ninguém nunca usou, em seguida veem em que parte do mundo está a roupa, e enviam para o hotel. Eu tenho vinte anos de trabalho, sei como a roupa vai vestir só de olhar a fotografia, mas existem imprevistos, então é sempre bom ter várias possibilidades, sobretudo se não for sob medida. No Globo de Ouro, embora tivéssemos mais dez opções na arara, eu soube de primeira que seria Olivier Theyskens. O vestido é muito bem construído, não confunde o simples com o banal. É Eunice na veia, nas artérias, nos órgãos. A moda é importante porque a roupa tem a capacidade de iluminar uma pessoa, a roupa te preenche, e eu acho isso incrível. É um desses momentos mágicos da profissão.
*A jornalista escreve em Português do Brasil.

"Le Grand Dîner du Louvre" de 2025. Quem foram as celebridades presentes?
Sediado num dos museus mais famosos do mundo, este sumptuoso jantar reuniu diversas personalidades da moda e do entretenimento e serviu como pontapé de partida para a Semana da Moda de Paris. Nomes como Naomi Campbell, Gigi Hadid ou Anna Wintour foram algumas das convidadas presentes.
Meghan Markle revela qual foi a primeira promessa de amor que Harry lhe fez
The Drew Barrymore Show convidou Meghan Markle para o seu mais recente programa. Nesse episódio, a ex-duquesa falou sobre o seu novo capítulo de vida, como é ser mãe trabalhadora e o segredo para sete anos de casamento com o príncipe Harry.