Céline Dion e a doença rara que a obrigou a abandonar temporariamente os palcos
Síndrome da Pessoa Rígida (SPR) é o nome da doença neurológica que fez com que a cantora cancelasse a sua tourné mundial.

Celine Dion já havia cancelado os concertos e apresentações agendados na Europa até julho deste ano, mas veio agora anunciar o cancelamento de quase 40 concertos programados até abril de 2024. A razão é exatamente a mesma que, de há uns tempos para cá, tem obrigado a cantora canadiana a cancelar outros eventos: a doença neurológica rara de que padece e contra a qual tem lutado com variadíssimos tratamentos nos últimos tempos.
Em declaração citada no comunicado divulgado pelos organizadores da sua tourné, Céline Dion, de 55 anos, explicou: "Estou a esforçar-me muito para recuperar as minhas forças, mas as tours podem ser muito difíceis… É melhor cancelarmos tudo agora, até que eu esteja realmente pronta para voltar aos palcos". Os ingressos adquiridos para as 42 datas canceladas serão reembolsados.



A última apresentação de Céline Dion ocorreu em março de 2020, em Newark, nos Estados Unidos. Após realizar 50 concertos na América do Norte, a sua Courage World Tour foi interrompida pela pandemia de Covid-19, e a cantora não conseguiu retomá-la devido a espasmos musculares.
A cantora sofre de Síndrome da Pessoa Rígida, uma doença rara cuja causa exata é desconhecida, mas de origem aparentemente autoimune. Esse síndrome afeta aproximadamente uma em um milhão de pessoas e causa dor intensa e dificuldade de locomoção, impedindo a realização de atividades físicas intensas. A equipa médica responsável pelo tratamento de Céline Dion está a acompanhar de perto a evolução da doença e o respetivo tratamento.
A Síndrome da Pessoa Rígida, tradução literal do inglês, Stiff-Person Syndrome, é uma doença autoimune neurológica raríssima e progressiva que afeta o Sistema Nervoso Central (cérebro e medula) e o Sistema Nervoso Periférico (nervos, raízes dos nervos, músculos e junção neuromuscular). É uma resposta imunológica diferente do corpo a uma substância produzida pelo músculo. Essa enzima é muito importante para o bom funcionamento do músculo, para o seu relaxamento, para a coordenação motora. Mas por razões que ainda não se entendem bem, o corpo processa que essa enzima está a fazer mal e começa a desativá-la. É mais comum em pessoas que já possuam outras doenças autoimunes.
Costuma começar com sintomas leves, e a sua progressão até que chegue a uma situação muito incapacitante geralmente leva anos. Em fase grave, a pessoa pode não conseguir mais andar, ou até mesmo sofrer de deformações ósseas. Hoje em dia, com os medicamentos e tratamentos existentes, é menos comum chegar a esse ponto.
Os sintomas vão desde a rigidez muscular - que costuma começar no tronco, na musculatura das costas e abdómen -, espasmos dolorosos desencadeados por estímulos simples (como uma campainha, um susto, um barulho inesperado), mudança na postura, caminhada dura, com dificuldade e dores musculares. É, por isso, bastante incapacitante.
E a par das dores e limitações físicas, a saúde mental também pode ficar abalada. Há sintomas psiquiátricos, como fobia a tarefas específicas, transtorno de ansiedade generalizada e depressão, que são comuns em indivíduos com esta síndrome e podem piorar a rigidez.
O tratamento passa muito por medicamentos que agem no mecanismo que trava o músculo, reduzindo a rigidez e a dor, a fisioterapia, que é fundamental, assim como atividade física que ajude na qualidade de vida e acompanhamento psicológico.
Aqui, o momento em que a cantora assumiu publicamente a doença, em dezembro do ano passado, e no qual anunciou que teria de cancelar alguns concertos:
De recordar que Celine Dion é uma das artistas mais populares do mundo, sendo sobejamente conhecida de todos nós, por ter interpretado a música My Heart Will Go On, lançada em 1997 como parte da banda sonora do filme Titanic.
