Cameron Diaz - A luz do sorriso
Fomos a Los Angeles entrevistar uma das mais bem pagas estrelas de Hollywood. O motivo foi a comédia romântica O Que Esperar Quando Se Está à Espera. É um filme baseado no best-seller homónimo, uma espécie de bíblia para as futuras mães. A não perder.

E de Cameron Diaz, o que se pode esperar? Apenas aquela boa disposição contagiante reforçada com o sorriso alvo que tão bem conhecemos dos seus filmes. É até essa expressão aberta que acaba por esconder as suaves marcas do seu belo rosto à beira dos 40 (que completará em agosto). Mesmo quando vive as peripécias de uma mãe à beira de ter o primeiro filho, ou até quando comenta os mexericos que resultam da sua recente mudança de visual. À Máxima não colocou qualquer tipo de reservas em falar no que tem de ser falado. Sempre descontraída, mas sem sofisticação. Escolheu para a nossa entrevista uma simples blusa negra, calças de ganga justas e stilettos. E sem grandes adereços, apenas os habituais brincos de argolas douradas. Um estilo direto que, no fim de contas, rima bem com a sua franqueza. O dia estava bonito em Beverly Hills. E a entrevista correra bem. Agora, era tempo de descer das nuvens. E regressar à realidade...
A Cameron é obviamente uma grande estrela e neste filme reproduz até um pouco o seu papel. Por isso mesmo gostaria de saber até que ponto a perturbam os comentários pessoais que aparecem nas revistas e na net. Por exemplo, ao preparar esta entrevista percebi que existia um enorme burburinho em redor do seu recente corte de cabelo e da deceção que a Cameron terá tido por o ver tão curto. Até que ponto isso é verdade e a afetou?
Eu digo-lhe o que me afeta: afeta-me que esse tipo de coisas seja normalmente com uma conotação muito negativa. Não gosto da negatividade. Como sucedeu, por exemplo, com o meu corte de cabelo.
Mas, olhe, acho que até lhe fica bastante bem...
Obrigado. Ainda bem que acha isso. É que, na verdade, não tive qualquer problema em cortá-lo. Aliás, já o tinha cortado antes. Foi, digamos, mais um acerto. Só que a minha cabeleireira cortou-o um nadinha mais do que eu estava à espera. Por isso, houve um momento emocional em que lamentei com algumas pessoas esse facto. Só que se tornou um evento mediático. E o problema é que essa cabeleireira, que é muito minha amiga, e que trata o cabelo de grande parte das estrelas de Hollywood, viu a sua carreira comprometida porque, diziam, tinha arruinado o meu cabelo. E o que fez com que eu passasse a receber diversas propostas de cabeleireiras dispostas a tratar o meu cabelo... Digamos que foi a coisa mais ridícula que já me aconteceu.
"Tenho tido ao longo da minha vida uma ótima relação com crianças em diversas situações."
Afinal, tratou-se apenas de um desabafo jocoso...
Foi uma reação totalmente bem-disposta. A verdade é que há nos media um lado de superficialidade que é constantemente extrapolado. O que eu desejava era que esse lado não fosse sempre explorado de forma negativa. Por isso, deixo-lhe a si a possibilidade de reescrever a verdade sobre o caso. A minha amiga tratou do meu cabelo hoje. Está bem, não está? [risos]
[Risos] De facto, está muito bonito...
O que importa é que nada se passou e que, neste caso, a minha amizade é o mais importante. E já foi há cinco meses atrás. É ridículo, não é? Vamos lá então falar sobre o filme...
Isso. Tratando-se de um filme sobre a maternidade, tenho de lhe perguntar: apesar de não ser mãe, como reagiu a todas estas sensações de engravidar e ter uma criança?
Na verdade, tenho tido ao longo da minha vida uma ótima relação com crianças em diversas situações. Sejam crianças de amigos, de família.
E também teve no filme a ajuda do seu companheiro Matthew Morrison [uma das vedetas da série Glee]...
É verdade. Ele foi um querido. Ajudou-me muito.
Mas a Cameron está prestes a completar 40 anos. Por isso pergunto: até que ponto não sente...
... Já percebi, vai perguntar-me se o relógio está a contar. Esse tipo de coisa, não é isso que me quer perguntar? [risos]
Sim, reconheço. Mas confesse lá, não sentiu já essa vontade? Apesar de reconhecer que não deve ser nada fácil cuidar de uma criança com a vida alucinante que tem...
Darei as boas-vindas a essa oportunidade, quando ela chegar. Mas deixo que chegue naturalmente. Entretanto, vou partilhando essa experiência com vários elementos da família e amigos, onde contacto com muitos meninos e meninas.
Sim, os filhos dos outros são sempre adoráveis, não é? [risos]
Não é bem assim. Gosto muito da minha sobrinha de 13 anos e dos meus sobrinhos. Mas também não é um projeto que possa desenvolver sozinha, pois não? [risos]
Claro. Quanto à idade, acho até que isso se torna cada vez menos relevante...
Acho que sim. Vamos ver o que acontece no futuro...
Já agora, vamos a outro tema quente: no filme, o seu parceiro, a personagem do Matthew, é totalmente adepto de que, se for um menino, terá de ser circuncidado. É claro que essa é uma questão do foro religioso, já que a personagem é judia. Mas em termos pessoais, qual é a sua opinião?
É estranho que na América existam cada vez mais tipos que querem ver a piloca dos seus filhos sem pele. Eu digo: deixem-nos estar em paz! Eu não gostaria de ver alguém cortar o que quer que fosse do meu menino. Acho que tudo tem a sua função.
Já agora, falando do corpo, no caso da Elizabeth Banks [no papel de outra das mulheres prestes a dar à luz no filme], ela transforma-se completamente e perde um pouco o controlo da sua vida. Mas, no seu caso, tanto no filme como na vida real, a Cameron mantém-se muito atlética e supera essa transformação. Já alguma vez lhe aconteceu que tivesse perdido esse controlo?
Certamente que quando estou a fazer surf ou snowboard pode haver momentos em que perdemos o controlo [risos]. Nessas alturas rendo-me... Seja o que Deus quiser. Não há nada a fazer.
Compreendo, mas perguntava mais no sentido daquela transformação física que o corpo sofre...
Sim, estou a ver. Mas é semelhante. Tem tudo a ver com a natureza e com o que fazemos com o nosso corpo. Se nos excedemos teremos de estar preparados para enfrentar as consequências.
Então, essas perdas de controlo também já lhe aconteceram...
Sim, muitas vezes, pode crer... [risos]
Vou acreditar. Agora, diga-me, o que lhe passou pela cabeça quando estava na marquesa de pernas abertas a simular as contrações? É uma cena impressionante e muito realista. O que sentiu, apesar de nunca ter passado pela experiência?
Por acaso estive sempre na sala com a minha irmã no momento em que teve as suas três crianças. Por aqui já se vê que são reações com que estou familiarizada. É um ato de amor, uma expectativa enorme e em que temos uma grande ligação à natureza. Até porque sabemos que é um passo que não podemos interromper, por muito que nos custe. Para a minha personagem é um momento em que ela sabe que o seu filho está a chegar. Foi nisso que ambos se comprometeram.
Foi uma cena muito longa de filmar?
Muito longa?! Durou um dia e meio! Ao todo, foi um trabalho de parto de nove horas [risos].
Como reagiu ao uso das próteses no peito e na barriga?
Já agora pergunto-lhe: sabe porque é que as mamas das grávidas descaem?
Humm… Pela gravidade?
Sim, mas não só. Eu estive em África e as mulheres Masai vão trabalhar logo depois de dar à luz, levando o seu filho às costas. Com um filho às costas durante um ano e meio têm de dar de mamar. E o que fazem, porque não podem parar de trabalhar?
Não me atrevo...
Atiram o peito para trás do ombro e assim o bebé mama. Mas até existe outra posição: se ele estiver de lado, o peito pode passar debaixo do braço. E assim não deixam de trabalhar. Digamos então que existe uma função prática pelas mamas descaídas. Acaba por ser algo muito funcional.
Deveras. Mudando de assunto: a sua personagem, a Jules, tem uma casa deslumbrante, cheia de estilo. A sua casa assemelha-se com esta de alguma forma?
Sabe, eu tenho tão poucas coisas só para mim, que reservar a minha casa em nome da minha privacidade é algo que prezo. Não me leve a mal, mas partilho-a apenas com o meu grupo restrito de amigos.
Compreendo. Por falar em amigos, não parece ter sido difícil ser companheira do Matthew Morrison neste filme. É que não só dança com ele como vive também os seus momentos românticos...
Meu Deus, ele é fantástico! Um excelente dançarino e um grande profissional. Percebi que era alguém em quem poderia confiar inteiramente. É alguém que esteve presente durante todo o tempo. Facilitou muito o meu trabalho.
A Cameron também gosta de dançar?
Adoro dançar! Oxalá tivesse dedicado mais tempo à dança. Mas é um pouco por isso que adoro a minha profissão, pois permite-me durante alguns meses fazer algo que nunca tinha experimentado.
Qual é a sua opinião destes livros, tipo O Que Esperar Quando Se Está à Espera, especialmente neste caso, sobre a maternidade? Acha que é algo realmente útil?
A verdade é que as experiências de gravidez de outras pessoas ajudaram-me a entrar na minha personagem.
Sim, mas refiro-me aos livros. No fundo, é um tipo de livros de autoajuda. Acha que é uma leitura importante?
Sim, claro. Até porque este livro relata mesmo tudo o que vai acontecer à futura mãe. Passo a passo. Este livro é uma autêntica bíblia, pois é tudo muito autêntico.
Não sentiu algum ceticismo por se tratar de uma adaptação literária?
Nem por isso porque percebi que iriam concentrar-se na parte humana, na experiência emotiva com o nosso parceiro. Nesse sentido, acho que foi uma adaptação muito inteligente.
Sente que esta missão será sempre mais complicada no caso de mães solteiras e/ou divorciadas?
Acho que é necessário não só a mãe como o pai, mas um conjunto de pessoas da família, e não só, em redor da criança. É claro que já vi muitas mães conseguirem sozinhas tomar conta de várias crianças. Mas é um sacrifício enorme. No entanto, acredito mais nessa pequena aldeia de pessoas em redor da criança. Será seguramente uma forma de mais depressa se adaptar ao mundo. É, por isso mesmo, algo que supera o casal.
E se as nossas leitoras lhe pedissem alguns conselhos de beleza, o que diria?
Eu aposto na consistência e na perseverança. E em beber muita água. Ou seja, tratar bem do nosso corpo, manter uma boa relação com ele, pois só assim nos sentiremos bem na nossa pele.
