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Máxima

Celebridades

A incontestável leveza de Roberta

A contagem decrescente para a quinta edição do Rock in Rio Lisboa já começou. Um bom pretexto para conhecer Roberta Medina, a sua vice-presidente executiva.

A incontestável leveza de Roberta
A incontestável leveza de Roberta
17 de maio de 2012 às 07:36 Máxima

Tem um sorriso arrebatador, uma simpatia inquestionável e uma energia que parece não ter fim. Gostava que os filhos, se um dia os tiver, herdassem a leveza com que olha o mundo. Uma leveza muito especial, conquistada, pensada, digerida milimetricamente. Roberta Medina não passa pela vida pura e simplesmente. Nada escapa ao seu escrutínio. Sobretudo aquilo que a vida lhe deu de graça: um berço, uma situação privilegiada, talento e dois palminhos de cara. Esforça-se por merecer tudo o que Deus lhe deu. E por devolver ao mundo benesses equivalentes. Assegura que já não é uma workaholic. E confessa que o programa Ídolos foi um marco na sua vida, levando a que fosse mais conhecida do público em geral, mas, sobretudo, a que fizesse as pazes com a sua beleza e a sua vaidade.

http://videos.sapo.pt/CmRoAN5HJC3jyaeZnS6J

Mais um Rock in Rio (RiR), muita expectativa? Como é que isso altera a sua rotina?

O trabalho é praticamente non stop, porque estamos com o RiR todos os anos. No ano passado foi o RiR Brasil, que era um desafio muito grande, quase como se fosse a primeira vez, porque estivemos dez anos sem o fazer. Portugal, nessa parte operacional, é mais fácil. Desde a terceira edição que a máquina está oleada. O que é sempre um esforço muito grande é a estratégia de colocação do evento no mercado, de conquistar o público, de ter certeza de que o cartaz é espetacular e a cidade do rock ainda mais surpreendente. O stress está nisso e não naqueles cinco dias do evento. A nossa perspetiva é positiva, mas não deixa de haver incerteza: o público português é de comprar mais em cima da hora e ainda mais numa época como esta.

Não há, então, alteração de rotina?

Não, é o tempo todo de um lado para o outro. A altura em que estive mais sossegada foi em 2009, quando fui três meses para o Rio, numa tentativa de tirar um período sabático. Cheguei num ponto em que estava com a sensação de que estava todo o tempo a fazer a mesma coisa.

E decidiu parar por uns meses…

Sim. Foi superinteressante. Parar era um desafio para mim. E descobri que não é nada difícil. O que é importante é estar produtiva de alguma forma. Achei que ia ler livros ou que ia ficar sem ter o que fazer. Imagina! Descobri muitas coisas. A gente olha as atrizes com aqueles corpos fantásticos… Aí a gente vê que é fácil: fica três horas na academia que você fica também com um corpaço.

"Tenho horror a fazer compras, perco a paciência"

E era o que você fazia?

Fazia cinco vezes de manhã, três vezes à noite! Faz bem para a cabeça, é bom para a saúde, é bom para tudo! Percebi que gosto de viajar em trabalho. Nunca tive muito hábito de férias. Com uma empresa pequena, familiar, você não tem essa coisa de parar. O meu pai, por exemplo, só aos 50 aprendeu a tirar férias. É um nível de exigência muito elevado. Mas as viagens de trabalho são altamente estimulantes. Nesses três meses sabáticos viajei muito.

Distância, então, não é um problema…

Não. E também foi interessante porque percebi que preciso de ter um ninho... Independentemente de gostar de viajar muito, precisava de ter a minha casa, com a minha cara, os móveis como eu gosto, com a minha personalidade. Aqui tinha um apartamento alugado. Pedi à minha secretária que encontrasse um calçadão – paredão aqui – e que aí procurasse uma casa. Eu só dei o ‘ok’. Comecei a montar casa lá no Brasil. Eis que em dois meses de retiro sabático me liga o Frederico Almeida, da Fremantle, e me convida para participar no Ídolos. Aí voltei. E o Brasil – puf! – saiu fora do mapa de novo.

E parou de montar a casa lá?

O apartamento já estava montado, mas aluguei-o. E montei a minha casa aqui. Para poder criar raízes. Achava que uma casa, por si só, não me ia prender. Então comprei um cachorro. Assim tenho de voltar, dar comida, passear. E agora são dois! Já estou na segunda aventura.

A próxima é ter filhos…

Não! Estou fazendo um estágio com os cães para poder chegar na fase dos filhos; essa é um pouco mais complexa para quem é muito independente. No Brasil fiz terapia por um tempo. Às vezes, quando vou lá, passo para dar um ‘oi!’ ao terapeuta e, nessa fase, dizia: “Montei uma estratégia. Vou comprar um cão. Estou maluca?” Ele respondia: “Não. Se acha que isso vai funcionar…” E funcionou! Digo para o Ricardo [com quem Roberta casou em junho de 2011] que a sorte dele foi o cachorro ter vindo antes, porque ser presa por um homem era um processo muito mais complicado. Casamento era para mim uma ideia muito complexa. Santo Bambu! [Risos] [Bambu é o cão].

Voltando ao começo. Veio para cá a liderar uma empresa. Li algures que você usava tailleur e óculos para ser levada a sério. É verdade?

Ah! Isso era quando ainda estava no Brasil.

E porque fazia isso?

O processo de querer trabalhar cedo, comecei aos 17 anos, era uma coisa que estava em mim. Não tinha a certeza do que queria fazer. Quando estava no último ano do colégio fui ser assistente da equipa de marketing de um grande shopping. E me colocaram para fazer a mesma coisa que faço até hoje, que é conectar a parte técnica de produção (uma equipa externa) com a equipa de marketing em si. Eu me apaixonei e nunca mais quis fazer outra coisa. Depois, trabalhei para uma empresa que estava fazendo um projeto para a Artplan [agência do pai]. Terminado o projeto, desempenhei outras funções até que começo a abrir um departamento de eventos dentro da Artplan. Comecei por desenvolver um calendário de eventos para o Governo do Estado do Rio. Aí entra o tailleur.


Porquê?

Porque esse processo todo dentro da agência era muito mais difícil do que fora; porque a imagem de ‘filha’ [do dono] fica muito mais reforçada. Eu era muito nova. Aí, recorria ao tailleur e aos óculos para ver se me levavam mais a sério.

E quando é que desistiu disso?

Quando a minha confiança passou a ser superior à minha ideia de confiança. Ou seja, quando entreguei o processo todo desse calendário de eventos. Ali senti que tinha feito um bom trabalho. E o primeiro evento foi o próprio RiR, em que fui coordenadora de produção. Foram nove meses em que não fazia mais nada. Acordava e dormia no escritório. E correu bem porque trabalhámos com uma equipa maravilhosa, a melhor do Brasil, com muito respeito e admiração. Aí já não era a filha do Roberto. Quer dizer, sempre se é, felizmente. E acho que do bom e do mal que podem vir de uma relação assim, o bom é sempre muito melhor. Nessa fase, o tailleur já estava mais que arrumado.

Preocupa-se muito com a imagem? Como escolhe a sua roupa?

Tem sempre a ver com o meu espírito do dia, mas não se vai de Havaianas numa reunião com um banco. Sempre fui muito eclética. Me divirto muito com o Ricardo, porque posso chegar em casa como uma princesa pop e em dois minutos parecer uma miúda com pijama do Snoopy. Agora, o Ídolos me fez ficar mais vaidosa. Eu não gosto de ter muita coisa. A minha casa é minimalista. Quando compro uma coisa nova, chego em casa agoniada para ver se tiro umas três.

Perde a cabeça com alguma coisa em especial?

Não. Tenho horror a fazer compras, perco a paciência. Agradeço a Deus por ter nascido bonitinha, numa família estruturada, numa situação económica que, por mais altos e baixos, nunca me fez passar necessidades. Isso, mais o nome Medina que piscava na testa no Brasil, reforçado pela situação política [o tio é político], fazia com que sentisse que era tudo demasiado. E já que não conseguia ser discreta por isso, tentava ser discreta na forma de vestir. O Ídolos me fez vestir, maquilhar, produzir a imagem de uma forma da qual eu fugia literalmente. Hoje já saio de casa com uma base e um blush, que não usava. Acho que o tipo de roupa começa a mudar, porque deixei de me sentir um pavão se estiver mais produzida.

Vir morar aqui tem a ver com a vida no Rio, o sequestro do seu pai?...

Não, nada. Na verdade, nem vim morar aqui, vim fazer o RiR. Não conhecia Portugal. E, apesar do meu avô ser português, não tinha nenhuma referência do país. Vim muito sozinha, numa de que quem tem de se adaptar sou eu. E não suporto piadas preconceituosas. Quando acabou o RiR, podia ficar eu ou um executivo da empresa. Fiz grandes amigos e estava namorando na época. Fui ficando. Em 2005, fui fazer um festival em São Paulo, por cinco meses. E, quando voltei, senti que o prazer de estar voltando era muito maior do que a ideia de ir morar no Rio. Eu me identifico com a qualidade de vida daqui, com o equilíbrio maior entre a vida profissional e a vida pessoal. O contraste social ser menor é para mim importante, porque sou uma pessoa que sofre imenso ao ver crianças a pedir… Tive um processo muito intenso na minha infância e adolescência para entender como é que as coisas podiam ser assim. Aqui, é uma realidade muito diferente. E isso é um sossego. A história da segurança faz diferença, mas não é decisiva. E não é só segurança, é educação.

Li algures que define o RiR como uma mistura de rock com Disney. Complicada a mistura, não é?

Não. É o paraíso. Nós não somos promotores de eventos. O Roberto não é um apaixonado pela música. Quando criou o RiR, quis promover a cidade dele, promover a juventude brasileira. Era um movimento. A música pela música não era nada que justificasse. E continua não sendo. O 4.º RiR, que foi em Lisboa, foi um bom exemplo. Lisboa virou um parque: tinha pista de neve, tenda fashion, desfile de moda, eletrónica, raízes, brinquedo, montanha russa, roda gigante. Esta experiência é muito mais importante do que o artista que está no palco. A gente quer cada vez mais fortalecer a tomada de decisão do nosso público pelo conjunto. Cinquenta por cento do público já vai porque vai.

Como é feita a escolha do cartaz?

Escolha de mercado. Pouco romântico. É o que o público quer ver. Isso passa pelo meu pai. É claro que todos damos a nossa opinião. E há uma troca muito grande com os parceiros, as rádios, os meios. Mas não é a minha pasta.

Daqui a 10 anos o que se vê a fazer?

Quero estar com o RiR como uma marca global, estabelecida, com muitos subprodutos. E quero estar fazendo outros projetos também. Por exemplo, tem um projeto agora, que desenvolvi para a Bela Vista – tenho uma inquietação enorme do parque não ganhar vida –, que envolve arte, turismo e inclusão social. E é inevitável associar ao RiR. Por exemplo, eu me envolvi com a vinda da exposição do Vik Muniz para o CCB. Adorei! É um outro mundo. Agora voltei a estudar, estou na Católica fazendo um curso para executivos. São outros planetas que reaparecem na minha vida. Sair da minha zona de conforto é fundamental.

Como gostava que os seus filhos a vissem?

Eficiente, mas acima de tudo que vissem a pessoa. Em tendo filhos, espero que venham pegar de mim o mesmo que peguei dos meus pais, que são os valores, a forma de olhar o mundo, a forma de se colocar no mundo. Olhar o mundo com a perspetiva do todo, e do outro inclusive. E que eles possam ter a mesma leveza que eu tenho na forma de encarar a vida. Felizmente a minha vida me proporcionou e me permitiu ter essa leveza. Não tenho ilusões: se a vida tivesse sido mais dura comigo talvez fosse diferente, ainda que isso não seja linear. E no Brasil a gente vê muito isso: uma vida dura não significa um olhar duro sobre a vida. E, seja como for, acho que tenho um olhar muito leve e doce sobre a vida e espero que eles tenham isso também, porque é tão bom!

Fotografia de Ricardo Lamego  .  Realização de Filipe Carriço  .  Maquilhagem: Elody Fiuza  .  Cabelos: Nuno Souto  .  Agradecimento especial a Vesstah Interiores

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