Uma rapariga bem comportada

Nos 50 anos de lt;emgt;Breakfast at Tiffanys lt;/emgt;ou lt;emgt;Boneca de Luxolt;/emgt;, ressuscitamos o estilo de Holly Golightly.

Uma rapariga bem comportada
06 de fevereiro de 2012 às 12:35 Máxima

Muito antes de Kate Moss, muito antes de todas as atrizes icónicas e de todas as it girls que hoje povoam o cenário da moda e do cinema, houve Hepburn. Audrey. Hoje e sempre um ícone de elegância. Um modelo seguido, copiado, fonte de inspiração de tantas mulheres apesar de ela não ter tido consciência de tal poder. Muito longe disso. Audrey sempre se sentiu insegura acerca do seu look, do seu ar de menina magrinha e enfezada.

Em Boneca de Luxo, a adaptação do romance de Truman Capote, Breakfast at Tiffany’s, Audrey vestiu a pele de uma rapariga ambiciosa, uma jovem atriz, provinciana, que parte para a grande cidade em busca do sucesso, do luxo, mas sem renegar os valores tradicionais em que foi educada. Uma call-girl ou, como Truman Capote preferiu sempre chamar-lhe, uma geisha americana: raparigas que acompanham homens ricos aos melhores restaurantes e discotecas, estando claramente subentendido que o homem a recompense com presentes, joias, um cheque… Holly tem 19 anos e tenta perceber o que quer da vida, quem ela é, qual é o seu lugar no mundo, o que a fará feliz.

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Segundo Gerald Clarke, biógrafo de Capote, Holly Golightly tornou-se a personagem favorita do autor, e dizem alguns, por causa das semelhanças entre esta e Capote, que se movimentava no mesmo meio que Holly. Segundo Clarke, Capote baseou a sua personagem em algumas mulheres que ele conhecia bem (como Oona Chaplin, mulher de Chaplin, e Gloria Vanderbilt). Boneca de Luxo é, assim, uma história de amor, de desilusões, em que Truman Capote revela o ambiente jet set de que ele próprio viria a ser, simultaneamente, um membro destacado e um dos seus mais ferozes críticos.

Porque é que Boneca de Luxo foi um sucesso? O romance poderia ter sido escrito hoje e o filme, realizado por Blake Edwards, não perderia atualidade.

Como Sam Wasson diz no seu recente livro Fifth Avenue, 5 A.M. Audrey Hepburn, Breakfast at Tiffany’s, and the Dawn of the Modern Woman, nas velhas comédias americanas dos anos 50 as mulheres não tinham muitas alternativas: ou estavam presas em casamentos infelizes e queriam sair deles ou estavam apaixonadas por homens que por qualquer razão não podiam ter. Opções limitadas e o tempo delas como mulheres solteiras significava no sex! E eis que surge Audrey, divertida, sexy, casada e descasada com “milionários de 24 quilates” que como é óbvio já teve e tem sexo. E longe de ser uma coisa má, ela ainda é recompensada por isso! E como é Audrey a gente desculpa-a!

Mas o que nos vem imediatamente à lembrança quando falamos do filme é a imagem de Nova Iorque às cinco da manhã e o vestido de Audrey, preto, claro, porque apesar de ela ser uma rapariga de vida duvidosa, tem estilo, é sofisticada! Numa época de frufrus ela escolhe ser elegante, adorável e é por isso que nos apaixonámos por ela e todos a adoramos! E se olharmos para as experiências de vida de Holly, as suas preocupações, dúvidas, estados de alma, talvez cheguemos à conclusão que séries como Sexo e a Cidade tenham para com este filme alguma dívida de gratidão.

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FACTOS

Audrey Hepburn não foi a primeira escolha para o papel principal no filme Breakfast at Tiffany’s. Truman Capote, o autor do romance em 1958, queria desesperadamente que fosse Marilyn Monroe a desempenhá-lo, mas a atriz recusou fazer de cal-girl.

Hubert de Givenchy desenhou o icónico vestido preto que Audrey usou juntamente com longas luvas pretas e um imenso colar de pérolas na cena de abertura do filme.

O vestido foi vendido em leilão, em 2006, por 467 200 libras. Assegura-se nos mentideros da moda que foi Victoria Beckham quem o licitou secretamente. O facto de ela nunca o ter desmentido leva-nos a pensar que será verdade.

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A banda sonora do filme, de Henry Mancini, e a canção Moon River ganharam um Óscar e são também considerados como clássicos.

Blake Edwards realizou o filme.

• É em frente das montras da icónica loja de Manhattan, Tiffany’s, que Holly cura os tormentos da alma. Um programa que é muito melhor do que ingerir ansiolíticos ou álcool.

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