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“Estou aqui com uma jornalista. Estou desejoso de fazer amor com ela, mas ela diz que eu tenho idade para ser pai dela!”

Este é apenas um trecho de uma história anónima de assédio. Conheça casos reais relatados na primeira pessoa e aprenda a defender-se.

12 de junho de 2023 Máxima

Mulheres em todo o mundo já foram alvo de olhares indiscretos, comentários inconvenientes, toques não desejados, perseguições, entre muitas outras situações que lhes causaram medo, desconforto, angústia, nojo. Se também aconteceu consigo, queremos dizer-lhe que não está sozinha. Faz parte do grupo de 80% das mulheres em todo o mundo que já foram vítimas de assédio em algum momento da vida.

Neste artigo, partilhamos testemunhos em registo anónimo de várias mulheres que aceitaram o desafio da Máxima e escolheram fazer valer a sua voz.



Programa Stand Up

Aprenda a defender-se através do programa lançado pela L’Oréal Paris, em parceria com a Right To Be, uma ONG especializada na luta contra todo o tipo de assédio.





“Ia encontrar-me com uma pessoa que já tinha entrevistado várias vezes. Sabia que ele costumava fazer doações a causas nobres e contactei a secretária dele para saber se estaria disponível para doar para uma causa que me era muito querida. Pediu-me que me fosse encontrar com ele no seu escritório. Começou por fazer algumas perguntas que me pareceram demasiado pessoais, um pouco inconvenientes, até. Mas ele era conhecido por ter uma personalidade peculiar e não dei importância.

– Vives sozinha?, perguntou.

– Sim. Porquê?

– E quem é que te paga as contas?

– Eu pago as minhas contas.

– E o que te pagam lá no jornal chega para tudo?

Eu ia desviando, delicadamente, a conversa para o assunto que ali me tinha levado, mas ele parecia não estar muito interessado em solidariedade. O telefone dele tocou. Era, segundo ele, outra secretária. Desliga e diz-me:

– Esta veio para mim a ‘estrear’.

Começo a ficar profundamente incomodada. Olho em volta e vejo que estamos os dois fechados numa sala de reuniões. Ele insiste nas perguntas indiscretas e eu vou tentando fugir, usando algum sentido de humor. Reparo que, à frente dele, debaixo de um pisa-papéis, está um envelope fechado. Calculo que seja um cheque para a doação que manifestou interesse em fazer. O telefone dele volta a tocar.

– Sim, sim… estou aqui com uma jornalista. Estou desejoso de fazer amor com ela, mas ela diz que eu tenho idade para ser pai dela! (risos)

Estremeço da cabeça aos pés. Começo à procura de um ponto de fuga. Assim que ele desliga o telefone, confronto-o.

– Tenho mesmo de me ir embora. Está interessado em doar para a causa que lhe referi?

– Espera só mais um bocadinho.

Pega no envelope como se fosse entregar-mo, mas não entrega. Continua a contar histórias sobre como acumulou fortuna, as personalidades – nacionais e internacionais – que recebeu na sua mansão, as obras de arte que coleciona… A dada altura, a meio de uma história, põe-me a mão na perna. Salto logo da cadeira e levanto-me no mesmo instante.

– A nossa conversa acaba aqui. Se não quer fazer a doação, não faça. Mas eu vou-me embora.

Dirijo-me à porta da sala e ele vem atrás. Abro e constato, com algum alívio, que estava uma pessoa sentada a uma secretária logo ali. Encaminho-me para a saída, ele entrega-me o envelope e tenta demover-me:

– Anda ali comigo a outra sala ver a obra de arte que acabei de receber.

– Não posso demorar mais, obrigada.

Saio dali o mais depressa que posso, chego ao carro e abro o envelope: um cheque no valor de 150€. Não consegui conter-me mais e ali desabei: as lágrimas corriam, tremia da cabeça aos pés, sentia-me usada, humilhada. Esta foi uma das piores experiências de assédio que tive. Mas também já tive outras, em espaços públicos. Já fui, inclusivamente, assediada por um polícia, durante uma Operação Stop, que prometia não me multar se eu fosse beber café com ele. E o colega dele, ao lado, não fez nada. Pelo contrário, ainda achou piada.”

Este é, apenas, um de muitos testemunhos sobre assédio sexual que chegaram à Máxima: em Portugal ou no estrangeiro, em espaços públicos – como ginásios ou cafés – ou em plena rua, as histórias multiplicam-se. Em alguns casos, estas mulheres foram assediadas por homens mais velhos quando ainda eram menores de idade. Muitas vezes, há pessoas que assistem e não fazem nada, simplesmente olham para o lado e ignoram.

“Quando era adolescente, fui – juntamente com um grupo de amigas – perseguida na rua por dois homens adultos. Primeiro, tentámos entrar num café e pedir ajuda à senhora que estava ao balcão. Ela viu que os homens estavam à porta e disse-nos simplesmente que não podia fazer nada e que tínhamos de sair. Felizmente, caminhámos mais um pouco (com estes indivíduos sempre atrás e a tentarem dialogar connosco) e entrámos num ginásio. Desta vez, assim que explicámos o que se passava, levaram-nos a sério e abordaram os homens que simplesmente se afastaram”, conta uma leitora.

“Lembro-me de ter uns 16 anos e de estar num parque da cidade com duas amigas”, refere outro testemunho. “Era um ‘passatempo’ habitual. Um dia, vimos um homem, nos seus 50 anos, uma ou duas mesas ao lado, vestido com uma gabardine: estava a olhar para nós e a masturbar-se. Quando nos preparávamos para sair, o homem levanta-se e vem na mesma direção com a gabardine ainda aberta. Primeiro acelerámos o passo. Depois, corremos, claro. Sempre que entro num parque lembro-me daquele momento e quando o faço sozinha sou capaz de olhar 500 vezes à minha volta e garantir que saio de lá em três tempos.”

A abordagem nos transportes públicos também é frequente: “Estava num autocarro a abarrotar depois de sair das aulas. Sentei-me num dos bancos duplos. Um senhor com os seus 60/70 anos entra e senta-se ao meu lado. Quando dou por mim começo a sentir alguma coisa no meu joelho. Achei que devia ser um objeto qualquer e não liguei. Comecei a sentir cada vez mais pressão. A dado momento, percebo que era a mão do senhor. Cada vez mais para cima. Cada vez com mais afinco. Congelei durante uns momentos. O que é que fazia? Começava a berrar ali dentro? Não tive coragem. Chegámos à paragem seguinte e, num ápice, levantei-me e saí a correr. Não me lembrava sequer se tinha trazido tudo: mochila, casaco, telemóvel... Só queria sair dali. Não saí na paragem certa nem apanhei o autocarro seguinte, que também estava cheio, com medo que voltasse a acontecer o mesmo. A partir desse dia, se me sentar no autocarro, levanto-me, se for um homem a sentar-se ao meu lado. Se for de pé, encosto-me sempre e utilizo a mochila como escudo.”

De acordo com um estudo internacional promovido pela L’Oréal Paris em parceria com a Ipsos, uma empresa de estudos de mercado, o assédio sexual em espaços públicos é um dos principais problemas que afetam as mulheres no mundo inteiro. Situações como as que foram relatadas pelas leitoras da Máxima geram sentimentos de insegurança e afetam a autoestima.

Foi a pensar no empoderamento das mulheres que, a 8 de março de 2020, a L’Oréal Paris lançou o programa Stand Up em parceria com a Right To Be, uma ONG especializada na luta contra todo o tipo de assédio. Trata-se de uma formação online, com a duração de apenas dez minutos, assente na metodologia 5D (Distrair, Delegar, Documentar, Dirigir-se ao assediador, Dialogar), que permite à vítima e às testemunhas saberem como reagir perante o agressor, de forma segura. No final de 2022, mais de 1,5 milhões de pessoas já tinham feito esta formação.

Segundo um inquérito realizado, 97% dos participantes sentem-se mais capazes de intervir quando testemunham casos de assédio em locais públicos. Nove em cada 10 estão convencidas de que poderiam fazer pelo menos uma ação para combater o assédio em locais públicos se o testemunhassem e as que já foram vítimas de situações de assédio revelam que tendem a sentir-se menos vulneráveis (19%), assustadas (20%), desconfortáveis (46%) e ansiosas (25%) após a formação.



Junte-se a esta causa, aprenda a defender-se e a ajudar outras mulheres na mesma situação: faça a formação. Faça valer a sua voz. Juntas podemos fazer a diferença. Porque nós merecemos.