Como a biotecnologia pode prolongar a vida dos cães e até a nossa
A Loyal, startup norte-americana, está neste momento a testar um medicamento que promete tornar a vida dos cães de maior dimensão mais longa - e possivelmente dos seres humanos também.

O envelhecimento é um dos maiores desafios biológicos enfrentados pela medicina moderna. Nos últimos anos, a biotecnologia tem feito avanços notáveis no combate aos efeitos do envelhecimento, não apenas em humanos, mas também em animais. Neste cenário, uma start-up norte-americana chamada Loyal, baseada em São Francisco, está a desenvolver um medicamento que promete prolongar a vida dos cães, oferecendo uma nova esperança tanto para os amantes de animais quanto para os investigadores de longevidade humana.
Os cães, nossos companheiros mais fiéis, têm uma característica comum que todos os donos lamentam: a sua vida curta. Celine Halioua, CEO e fundadora da Loyal, foi motivada por esta realidade e por uma observação científica intrigante: as discrepâncias na longevidade entre cães de diferentes tamanhos. Por que é que um chihuahua pode viver até 18 anos, enquanto um grande dinamarquês, com a sua majestosa estatura, raramente ultrapassa os 8 anos?

A resposta pode estar no que os cientistas chamam de "envelhecimento acelerado", um fenómeno que parece ser especialmente prevalente em raças maiores. Estudos genéticos indicam que estas discrepâncias na longevidade resultam de seleções artificiais que priorizaram características físicas e comportamentais, mas que inadvertidamente criaram vulnerabilidades genéticas, avança um artigo da Elle. Estas vulnerabilidades manifestam-se em problemas comuns como a displasia da anca em pastores alemães ou os problemas respiratórios em cães de focinho achatado, como os buldogues franceses.
O LOY-1, o principal medicamento desenvolvido pela Loyal, é um avanço significativo na tentativa de reprogramar o envelhecimento em cães. Este medicamento atua na modulação da hormona IGF-1, que desempenha um papel central no crescimento celular e no processo de envelhecimento. A intervenção proposta pela Loyal é administrada através de injeções periódicas, com o objetivo de reduzir a velocidade com que os cães grandes envelhecem, permitindo-lhes viver mais anos de forma saudável. Além do LOY-1, a Loyal está a conduzir ensaios clínicos noutros dois medicamentos: o LOY-2, um comprimido destinado a melhorar a aptidão metabólica de cães de todos os tamanhos, e o LOY-3, uma versão em comprimido do LOY-1. Estes medicamentos não só têm o potencial de aumentar a longevidade, como também podem melhorar a qualidade de vida dos cães à medida que envelhecem.
Embora o foco inicial da Loyal seja prolongar a vida dos cães, os resultados desta investigação podem ter implicações diretas na medicina humana. Os cães são considerados modelos valiosos para estudar o envelhecimento humano devido às suas semelhanças biológicas e ao facto de partilharem o mesmo ambiente que os seus donos. "O cão é um modelo interessante porque é um companheiro muito próximo dos humanos", relata Idan Shalev, especialista em longevidade e professor associado na Penn State à Elle.

Estudos sobre a epigenética, a área da biologia que investiga como o ambiente e outros fatores podem influenciar a expressão dos genes, mostram que apenas 20 a 30% da nossa longevidade é determinada pela genética. Isso sugere que intervenções que retardem o envelhecimento biológico nos cães poderiam, teoricamente, ser adaptadas para humanos, oferecendo novas estratégias para prolongar a vida humana. No entanto, a investigação sobre longevidade também levanta questões éticas significativas. Até que ponto devemos intervir no curso natural do envelhecimento? E quais seriam as consequências de prolongar significativamente a vida dos cães, tanto para os próprios animais quanto para as suas famílias humanas? Há ainda o risco de criar um mercado de luxo, onde apenas os mais ricos poderão dar aos seus animais de estimação — e a si próprios — a possibilidade de uma vida mais longa e saudável.

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