Cancro do ovário. Um desafio silencioso na saúde feminina
Muitas vezes descrito como o "assassino silencioso", esta doença continua a desafiar a medicina moderna com a sua natureza insidiosa e sintomas inespecíficos. Numa conversa esclarecedora com Joana Augusto, médica oncológica, exploramos os complexos aspetos desta doença devastadora e as estratégias para enfrentá-la de frente.
Em maio assinala-se o Dia Mundial do Cancro do Ovário (a 8), uma ocasião que nos lembra da importância da consciencialização e do entendimento desta doença complexa. Em entrevista com Joana Augusto, médica oncológica do Hospital Lusíadas Amador, tentámos entender os desafios e as perspectivas em torno deste tipo de cancro que, apesar de não tão discutido quanto outros, é uma ameaça significativa à saúde das mulheres em todo o mundo.
Primeiro: é essencial compreender que o cancro do ovário é o sétimo mais frequente entre as mulheres globalmente, e na Europa, afeta cerca de dez em cada 100.000 mulheres, sendo a quinta causa de morte por doença oncológica. Por ser predominantemente assintomático em fases iniciais, o cancro do ovário tende a ser diagnosticado em estágios avançados, o que diminui significativamente as oportunidades de tratamentos bem-sucedidos. A especialista destaca que "os sintomas mais comuns do cancro do ovário são inespecíficos e quando surgem, normalmente são indicativos de doença avançada que já se estendeu para a cavidade pélvica/abdominal". Tais sintomas incluem "desconforto abdominal e/ou pélvico, aumento do volume abdominal, falta de apetite e perda de peso".

Quais são os fatores de risco? O mais importantes é a componente genética, com mutações nos genes a desempenharem um papel significativo no desenvolvimento da doença - "o principal fator de risco para o desenvolvimento de cancro do ovário é a história familiar de cancro do ovário e/ou cancro da mama. Cerca de 1/5 dos cancros do ovário são devidos a mutações genéticas, sendo 65-85% destes tumores hereditários (...)." Outros fatores incluem "a idade avançada, nuliparidade, tratamentos de infertilidade, consumo de álcool e tabaco." No entanto, Joana Augusto ressalta que "a gravidez, a amamentação e o uso de contracetivos orais podem conferir um efeito protetor."A deteção precoce é fundamental para melhorar o prognóstico deste tipo de cancro. No entanto, devido à ausência de um rastreio definido, é crucial que as mulheres sejam proativas na sua saúde ginecológica, mantendo consultas regulares com o ginecologista e estando atentas a quaisquer alterações no seu corpo.
Quando discutimos as opções de tratamento, a médica destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo oncologia, ginecologia oncológica, imagiologia e genética. "Dependendo do diagnóstico anatomo-patológico e estadiamento, o plano de tratamento pode incluir cirurgia ginecológica, quimioterapia e terapêutica dirigida", afirma. Destaca-se que os avanços recentes na pesquisa têm contribuído para aprimorar essas técnicas terapêuticas. Após o tratamento, o acompanhamento contínuo é vital para monitorizar potenciais efeitos secundários e detetar qualquer recidiva da doença precocemente.
Em Portugal, os números também são preocupantes, com o cancro do ovário sendo o nono mais comum e uma das principais causas de mortalidade por cancro. A falta de rastreio populacional e o diagnóstico tardio contribuem para estes números alarmantes.

O cancro do ovário é uma doença desafiadora que, além do acompanhamento médico habitual, requer uma abordagem holística e proativa. A especialista enfatiza a importância da deteção precoce, incentivando as mulheres a manterem uma vigilância ativa sobre a saúde ginecológica e a procurarem ajuda médica diante de quaisquer sintomas preocupantes. A conscientização, a educação e a pesquisa contínua são as nossas melhores armas na luta contra este inimigo invisível da saúde feminina.

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