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Beleza / Wellness

Aplica o antitranspirante de manhã? Está errado

Uma dermatologista explica a diferença entre desodorizante e antitranspirante, quando é que um e outro devem ser usados, se há ingredientes que devem ser evitados e em que circunstâncias não devem ser partilhados.

Foto: Getty Images
27 de março de 2024 às 17:23 Madalena Haderer

A última tendência das redes sociais é aplicar o antitranspirante à noite, por oposição a de manhã, depois do banho, como o comum dos mortais. Duvidámos – afinal, é para isso que aqui estamos – e fomos perguntar a uma dermatologista. Sucede que a internet tem razão: a forma mais eficiente de usar antitranspirante é aplicá-lo antes de ir dormir. De caminho, aproveitámos para saber se o alumínio é um ingrediente prejudicial – há rumores de que pode causar cancro da mama –, e se o antitranspirante, cujo objectivo é bloquear as glândulas sudoríparas, pode fazer mal à saúde.

Venha connosco, nesta conversa com Marta Ribeiro Teixeira, dermatologista na Clínica Espregueira, no Porto, torne-se uma expert em desodorizantes e antitranspirantes, e nunca mais se deixe assustar pelas informações dramáticas das redes sociais.

Foto: DR

Há uma nova tendência nas redes sociais que diz que a melhor altura para aplicar desodorizante é à noite, antes de ir para a cama. Há algum fundamento nisto?

Para responder a esta pergunta, é importante começar por distinguir entre desodorizante e antitranspirante. Os desodorizantes atenuam o odor desagradável associado à transpiração, uma vez que contêm perfumes e substâncias antimicrobianas que diminuíem a quantidade de bactérias que colonizam as axilas, responsáveis pelo odor desagradável associado à transpiração (bromidrose). Não têm influência na produção de suor. Os antitranspirantes são, como o próprio nome indica, produtos que contêm substâncias que vão atuar ao nível das glândulas sudoríparas, diminuindo a produção de suor. A maioria deles contém sais de alumínio, os quais bloqueiam os canais de saída das glândulas sudoríparas e, por consequência, a libertação de suor. Portanto, faz sentido aplicar um antitranspirante à noite, altura em que as axilas se encontram secas, permitindo que estas substâncias tenham tempo suficiente, e as melhores condições locais, para atuar. Aplicar à noite aumenta a sua eficácia. Quanto aos desodorizantes, podem ser aplicados de manhã.

Isso significa que uma pessoa toma banho à noite, usa o antitranspirante e no dia seguinte já não toma banho? Ou toma banho de manhã, mas já não aplica nada porque o antitranspirante que usou à noite ainda está ativo?

Aplicar o antitranspirante durante o dia não é errado, apenas limita a sua ação. O ideal é aplicar à noite depois do banho, com a pele seca, porque assim o seu efeito é maior. Quanto a tomar banho novamente de manhã, é opcional. Mesmo para quem o faça, o efeito do antitranspirante vai estar presente, porque os sais de alumínio já se encontram nos canais das glândulas e vão continuar a sua ação. O uso de um desodorizante depois do banho matinal, nesses casos, será opcional.

Dentro dos vários tipos de desodorizantes disponíveis no mercado – stick, roll-on, spray, etc. – há algum que seja mais recomendável do ponto de vista dermatológico?

Depende do objetivo e do tipo de pele. Os dispositivos em stick ou roll-on são os mais frequentemente utilizados. São adequados a tipos de pele normais e permanecem durante mais tempo na pele, tendo uma ação prolongada. Como entram em contacto direto com a pele, podem acumular bactérias e não devem ser partilhados. Os dispositivos em spray conferem uma aplicação mais rápida e cómoda, mas não são adequados às peles mais sensíveis, pois contêm muitas vezes álcool e não oferecem qualquer tipo de hidratação. Quando aos dispositivos em creme, são os menos agressivos, visto que apresentam na sua composição ativos que hidratam e acalmam a pele.

Foto: Getty Images

Há algum ingrediente que deva ser evitado nos desodorizantes?

Pessoas com pele sensível ou pele atópica devem evitar produtos com álcool ou que sejam perfumados. Estes vão atuar de forma irritante. Pessoas com alergias de contacto conhecidas devem evitar o uso de produtos que contêm a substância sensibilizante. Tanto os casos de irritação como os de dermatite de contacto alérgica podem levar ao desenvolvimento de vermelhidão, prurido, eczema e potencialmente hiperpigmentação pós-inflamatória (manchas acastanhadas).

Há muito que se diz que o alumínio nos desodorizantes é prejudicial à saúde – a teoria é que pode causar cancro da mama. Este receio tem razão de ser?

Não. À luz da evidência científica atual, nenhum estudo sólido demonstrou o aumento de risco de cancro da mama relacionado com o uso de desodorizantes à base de sais de alumínio. Estas preocupações tinham como base o receio de os sais de alumínio dos antitranspirantes poderem atravessar a pele e chegar até ao tecido mamário, onde teriam efeitos semelhantes aos estrogénios, o que poderia potenciar o desenvolvimento ou crescimento de tumores mamários malignos. Nenhum estudo mostrou que isto fosse verdade e esta teoria foi refutada pela comunidade científica. Outra das substâncias amplamente discutidas como potencial carcinogénico são os parabenos. Aqui a evidência científica é escassa e felizmente esta substância tem sido removida da maioria dos produtos cosméticos.

Do ponto de vista de um dermatologista, há alguma preocupação motivada pela utilização do desodorizante?

Não. Nem de antitranspirante. Além do baixo risco de desenvolvimento de pequenos cistos na região axilar, até à data não são conhecidos riscos inerentes ao uso destes produtos na população geral. O suor é um processo fisiológico que ajuda na regulação da temperatura temporal. Contudo, a aplicação de antitranspirantes na área das axilas, não vai ter qualquer impacto em termos fisiológicos. 

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