De um ano para cá, tornou-se quase impossível falar de perda de peso sem mencionar medicamentos como o Ozempic ou o Mounjaro. Estes fármacos, inicialmente desenvolvidos para o tratamento da diabetes tipo 2, ganharam enorme popularidade pela eficácia na redução do apetite e do peso corporal. Em paralelo, cresceu também o interesse por alternativas menos invasivas, como suplementos naturais como é o caso da berberina e do ainda pouco conhecido glucomanano.
Não julgamos quem recorre a medicamentos ou suplementos para ajudar no controlo do peso. A realidade é que, para muitas pessoas, estas ferramentas representam um apoio importante: ajudam a reduzir o apetite, a controlar a vontade por alimentos doces e, em alguns casos, a diminuir o constante “ruído mental” associado à comida. De destacar que, de acordo com a Federação Mundial da Obesidade, cerca de 39% dos portugueses adultos serão obesos até 2035. Ainda assim, nem todos se sentem confortáveis em recorrer a soluções farmacológicas. É neste contexto que o glucomanano surge como uma opção natural a considerar.
Mas afinal, o que é o glucomanano e de que forma pode contribuir para a perda de peso?
O glucomanano é uma fibra solúvel de origem natural, extraída da raiz da planta Amorphophallus konjac, vulgarmente conhecida como konjac. Esta planta é utilizada há séculos na alimentação tradicional asiática, sobretudo no Japão e na China, tanto pela versatilidade culinária como pelas propriedades digestivas.
O que distingue o glucomanano de outras fibras é a extraordinária capacidade de absorver água - pode expandir até 50 vezes o seu volume original. Quando ingerido, entra em contacto com os líquidos no estômago e forma um gel viscoso, que abranda o esvaziamento gástrico e promove uma sensação prolongada de saciedade. É precisamente este mecanismo que explica o potencial papel no controlo do apetite e na gestão do peso corporal. Ao formar um gel no estômago, o glucomanano ocupa espaço e envia sinais de saciedade ao cérebro, ajudando a reduzir a quantidade de alimentos ingeridos nas refeições seguintes.
Os seus efeitos não se limitam à perda de peso. Estudos sugerem que o glucomanano pode ajudar a regular o trânsito intestinal, sendo frequentemente utilizado no alívio da obstipação. Há também evidência de que pode contribuir para a redução dos níveis de colesterol LDL (“mau” colesterol) e para um melhor controlo da glicemia, sobretudo quando integrado numa alimentação equilibrada.
Importa, no entanto, sublinhar que estes benefícios não acontecem de forma isolada nem milagrosa. O glucomanano deve ser encarado como um complemento a um estilo de vida saudável, e não como uma solução única. A evidência científica em torno do glucomanano é mista e deve ser analisada com cuidado. Uma revisão crítica intitulada Glucomannan and obesity: a critical review concluiu que o glucomanano não apresenta efeitos significativos na perda de peso quando tomado sem critérios específicos. No entanto, os resultados podem ser diferentes quando o suplemento é ingerido antes das refeições.
De acordo com vários estudos, o momento de toma é determinante. A ingestão do glucomanano entre 15 minutos e 1 hora antes das refeições parece potenciar o efeito na saciedade, uma vez que o gel se forma no estômago antes da ingestão dos alimentos. É este detalhe que pode fazer a diferença entre um suplemento ineficaz e um verdadeiro aliado no controlo do apetite.
O glucomanano pode ser um aliado útil para quem procura apoio no controlo do apetite e, potencialmente, na perda de peso. No entanto, importa sublinhar que os seus efeitos não são comparáveis aos de medicamentos farmacológicos como o Ozempic, que atuam através de mecanismos mais potentes e específicos.