Abacates. Raros, exóticos e extorsionários há pouco mais de 20 anos e agora com lugar cativo em qualquer taça de fruta ou gaveta de frigorífico que se preze. Apesar de o seu cultivo intensivo ser prejudicial para o ambiente, por conta da enorme quantidade de água necessária para a rega, o abacate tem inúmeros benefícios para a saúde. E é uma fruta calórica e muito nutritiva, razão pela qual depois de uma refeição que a inclua, uma pessoa sente saciedade durante mais tempo – ou seja, o abacate mantém a fome à distância. Só tem dois problemas. O primeiro é que está no ponto certo para ser consumido durante o grande total de três minutos. Ontem estava quase bom, mas ainda um bocadinho verde? Hoje já vai estar demasiado maduro. O segundo é como guardar um abacate aberto no frigorífico sem que escureça e perca a graça, e sem que uma pessoa chegue ao fim da vida concluindo que gastou quilómetros em película aderente. Quanto ao primeiro problema, não há nada a fazer, mas, para o segundo, temos um truque infalível, económico e até vagamente divertido.
Não é por acaso que o abacate se tornou parte essencial da nossa alimentação. Apesar de ser uma fruta estranha, gordurosa e sensaborona, e que só ganha vida com a adição de temperos e na companhia de outros ingredientes, o abacate tem vários benefícios para a saúde. É rico em gordura monoinsaturada (ácido oleico), que é o mesmo tipo de gordura do azeite, pelo que ajuda a aumentar o HDL (colesterol “bom”) e a reduzir o LDL (colesterol “mau”), contribuindo para a saúde cardiovascular. Tem alto conteúdo de fibra, com uma metade de abacate a fornecer cerca de 5 a 7 gramas de fibra, auxiliando o trânsito intestinal e ajudando a controlar a glicemia. Tem vitaminas E, K, C e do complexo B, com funções antioxidantes, de coagulação sanguínea e suporte do sistema nervoso. É mais rico em potássio do que a banana e contém antioxidantes, como a luteína, a zeaxantina, e carotenóides. É anti-inflamatório e a sua gordura ajuda o corpo a absorver vitaminas lipossolúveis, como a A, D, E e K, presentes noutros alimentos. Além de tudo isto, é extremamente versátil. Dá para pôr em tostas, batidos, massas, saladas, dá para fazer sobremesas e é o ingrediente principal do guacamole.
Já lhe vendemos o abacate? Ainda bem. Mas, afinal, como é que se guarda a metade que se quer comer no dia seguinte e qual é o problema de usar película aderente? Ora, o problema da película aderente são os ftalatos – substâncias químicas que são adicionadas ao plástico para o tornar flexível e maleável, mas que são nocivas para a saúde, principalmente quando postas em contacto directo com os alimentos.
Portanto, se quer conservar a metade do seu abacate faça o seguinte: corte-o ao meio, longitudinalmente, retire a polpa do interior da metade que não tem o caroço e pegue nessa casca intacta e volte a colocá-la por cima da outra metade do abacate, como se fosse uma tampa, e ponha no frigorífico. Pode colocar um elástico em volta ou dois pedacinhos de fita adesiva de cada lado, mas não precisa. Com um bocadinho de habilidade e equilibrismo, a tampa vai manter-se no sítio e, no dia seguinte, terá meio abacate perfeitamente fresco, como se tivesse sido acabado de cortar.