Faz mal começar a correr depois dos 40? Falámos com um especialista

A corrida conquistou as ruas, os parques e as redes sociais. Mas será que quem nunca correu pode começar a fazê-lo aos 40, ou mesmo depois? Conversámos com um especialista para percebermos se correr pode ser exatamente aquilo de que o seu corpo (e mente) precisam nesta fase da vida.

Foto: Pexels
03 de junho de 2025 às 17:52 Inês Henriques / Com Rosário Mello e Castro

Não é novidade para ninguém que estamos na era do exercício físico. Mas, mesmo com o crescimento de modalidades como o ioga, pilates e o padel, a chegada do calor chama por uma boa caminhada ou corrida, seja ao final do dia ou logo depois de acordar. O fenómeno chegou às redes sociais e são vários os vídeos onde as influencers partilham os seus percursos diários e maratonas. Além de ser um desporto totalmente gratuito e que não necessita de nenhuma especialidade, apenas gosto e força de vontade, é um também um exercício direcionado para qualquer idade.

Mas será que faz mal começar a correr depois dos 40? Mesmo sem nunca tê-lo feito antes? A verdade é que quanto mais velhos ficamos mais razões procuramos para nos reconectarmos com o nosso corpo. A saúde já não é a mesma de quando éramos jovens e o exercício físico torna-se ainda mais essencial. Cuidar do corpo não é apenas uma opção estética, mas também uma necessidade fundamental para prevenir doenças, melhorar o humor e sustentar um estilo de vida mais ativo. No entanto, é claro que, com o passar dos anos, ficar em forma requer mais esforço e a corrida acaba por ser exatamente aquele exercício que mais facilmente poderá praticar em qualquer lugar, a qualquer hora e sem necessitar de equipamentos específicos.

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A Máxima conversou com Ricardo Ribeiro, Fisiologista do Exercício no Centro Clínico Andar. Quando questionado inicialmente sobre se a corrida é apenas mais uma moda impulsionada pelas redes sociais, Ricardo afirmou-nos: “É um estilo de vida. A corrida está associada a hábitos de saúde sustentáveis, com benefícios cardiovasculares, metabólicos e psicológicos. As redes sociais ajudam na motivação e na partilha, mas o comportamento é duradouro.”

A verdade é que a simples prática de correr tem inúmeros benefícios para a saúde, principalmente de um adulto. Falamos da redução do risco de doenças cardíacas, do risco de AVC, diabetes tipo 2, hipertensão e até prevenção de alguns tipos de cancro. Para além da melhoria da densidade óssea, da capacidade cardiorrespiratória, composição corporal e da longevidade. Os pontos positivos da corrida não passam apenas pela parte física, podendo proporcionar igualmente melhorias a nível de saúde mental, como diminuir sintomas de ansiedade e depressão, melhorar a autoestima e a qualidade do sono, pois correr “estimula a neurogénese e a libertação de endorfinas”, como nos explicou o especialista, o que irá ajudar a acalmar a mente.

Correr não tem, portanto, idade, desde que a corrida seja feita progressivamente. O processo de adaptação numa prática desportiva deve ser contínuo e respeitar o diferente ponto de partida de cada um. “A adaptação ao exercício físico é possível em qualquer idade, desde que gradual e adequada à condição física individual”, referiu Ricardo Ribeiro, justificando que existem também consequências quando praticado sem cuidado. “Risco aumentado de lesões (joelhos, tendões, pés), dores articulares, fadiga excessiva ou problemas cardiovasculares se houver doenças pré-existentes. A falta de progressão adequada é a principal causa”, concluiu o especialista.

Dessa forma, existem alguns cuidados extra qye são recomendados, como fazer uma avaliação prévia, uma progressão mais lenta, ter maior atenção à recuperação após cada corrida, o fortalecimento muscular complementar e tomar atenção à hidratação e ao sono. A flexibilidade e a mobilidade são os pontos a serem mais trabalhados. Assim, Ricardo Ribeiro conclui explicando-nos como deve, de forma generalizada, ser feita a corrida por uma pessoa com 40 anos: “Idealmente, 3 a 4 vezes por semana, alternando com caminhada nos primeiros meses. Começar com sessões de 20-30 minutos, com intensidade moderada. Investir em calçado adequado, piso amortecido e incluir treino de força 2 vezes por semana.”

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Não importa qual a idade, se tem vontade de correr, o momento certo para começar pode ser agora. Com orientação adequada, progressão controlada e atenção ao corpo, a corrida deixa de ser um desafio inalcançável para se tornar uma parte da sua rotina. Porque seja aos 40, aos 50 ou aos 60 anos, o que realmente importa não é o ritmo a que se corre, mas o compromisso com o bem-estar.

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