O som de cubos de gelo a estalar entre os dentes – para muitos, é uma sensação irresistível, quase terapêutica. Mas este hábito aparentemente inofensivo pode estar a esconder mais do que parece. Para além de fragilizar os dentes, esta prática pode ser um sinal de alerta para questões de saúde que vão muito além da boca. O que há por trás deste comportamento tão comum? E, mais importante, como podemos proteger os dentes e a saúde em geral?
Os dentes foram feitos para mastigar alimentos, mas o gelo, devido à sua dureza, exerce uma força que pode ultrapassar os limites naturais do esmalte dentário. A exposição repetida a este tipo de pressão pode levar ao aparecimento de fissuras, ao lascamento de partes dos dentes ou, nos casos mais graves, a fraturas.
Embora o esmalte seja a camada mais resistente do corpo humano, não é imune a danos quando submetido a ações repetitivas como esta. Holly Shaw, professora assistente da Universidade de Columbia, refere num artigo do The Washington Post: dentes com fragilidades, como restaurações antigas ou alinhamento inadequado, são ainda mais vulneráveis. Adicionalmente, o tipo de gelo trincado pode fazer diferença no grau de impacto sobre os dentes. Pedaços grandes e sólidos causam maior desgaste, enquanto formas mais suaves ou gelo triturado oferecem menor risco.
Quando é que este hábito indica algo mais sério? Se o desejo por gelo for persistente e difícil de controlar, pode estar relacionado a questões de saúde. Uma condição chamada pagofagia, que se caracteriza pela vontade de consumir substâncias sem valor nutricional, como gelo, pode ser um sinal de deficiência de ferro ou anemia. Nestes casos, é importante procurar um profissional de saúde para avaliar e tratar possíveis desequilíbrios. Ignorar este sintoma pode significar perder a oportunidade de identificar e resolver problemas subjacentes.
Para aqueles que procuram substituir o hábito de trincar gelo por opções mais seguras, existem alternativas que ajudam a satisfazer a necessidade de estímulo sem prejudicar os dentes: utilizar uma palhinha ao beber líquidos, para reduzir a tentação de morder objetos duros ou até comer pastilha elástica sem açúcar, que mantém a boca ocupada de forma segura. Outra opção é optar por alimentos crocantes, como cenouras ou aipo, que proporcionam uma sensação semelhante à de trincar sem riscos para os dentes. Estas estratégias não só protegem os dentes, como também ajudam a reduzir os danos associados ao comportamento.
Embora possa parecer uma prática trivial, trincar o gelo é desaconselhado, sobretudo para pessoas com histórico de problemas dentários ou condições que fragilizam os dentes. Além disso, este comportamento pode ser um sinal de alerta para problemas de saúde mais amplos, como deficiências nutricionais.