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Tina Fey - Cheia de graça

Dizem muitos homens que, ao final do dia, só querem alguém que os faça rir. O humor pode ser bem sexy e Tina Fey é prova disso. Figura incontornável da comédia, é ainda um exemplo de sucesso no que toca a conciliar carreira e família. Ainda assim, insiste: Existem imensas estrelas de cinema no mundo e eu não sou uma delas. Esta senhora tem graça.

Tina Fey - Cheia de graça
Tina Fey - Cheia de graça
30 de julho de 2013 às 06:00 Máxima

É uma das mentes mais aguçadas da comédia, cujo trabalho enquanto escritora e estrela dos celebérrimos programas de TV 30 Rock e Saturday Night Live a tornaram uma das mais famosas entertainers femininas da sua área. Também se tornou um símbolo para as mulheres que querem alcançar tudo, equilibrando a sua carreira com o seu casamento e as suas duas filhas. Mais recentemente, Tina Fey alargou o seu encanto ao apresentar a cerimónia dos Globos de Ouro deste ano, junto com a sua amiga e colega Amy Poehler, atraindo o reconhecimento pelos seus comentários espirituosos e acutilantes, tal como a paródia que fez de Taylor Swift (cujo subsequente ressentimento por ter sido alvo de anedotas a revelaram como uma diva de casca fina) ou da fama de ditador de James Cameron.

'Prefiro ver-me como uma mulher forte que alcançou o sucesso no meio da comédia'Agora, ela está de volta ao grande ecrã com Admission, no papel de uma conselheira de admissão da Universidade de Princeton que volta a encontrar a criança que deu para adoção. É o tipo de comédia que nos faz rir à gargalhada, mas também nos faz pensar em questões importantes da vida. O filme conta com Paul Rudd (Aguenta-te aos 40; És o Maior, Meu) e a lendária atriz cómica Lily Tomlin. Fey já havia entrado em vários filmes de comédia, incluindo Giras e Terríveis (escrito por ela), Vai chamar Mãe a Outra e Uma Noite Atribulada.

A fama de Tina Fey disparou quando ainda trabalhava no Saturday Night Live e fez várias paródias brilhantes em 2008, em que imitava e ridicularizava a então candidata a Vice-Presidente pelo Partido Republicano, Sarah Palin. Muita gente acha que a sua imitação foi um fator determinante na destruição da credibilidade política de Palin e assim Fey pode muito bem ter ajudado Obama a vencer o seu primeiro mandato presidencial. Longe dos holofotes, Tina Fey foca-se na sua vida real: vive em Nova Iorque com o seu marido, o compositor Jeff Richmond, e as suas duas filhas, Alice, com sete anos, e Penelope, com 20 meses. Numa conversa inevitavelmente bem-disposta, fala-nos de maternidade, da curva descendente de 30 Rock e da sua vida enquanto génio da comédia.

Tina, muita gente considera-a um ícone feminista.

Eu adoro ser um ícone, é um título maravilhoso, se for oficial! Eu prefiro ver-me como uma mulher forte que alcançou o sucesso no meio da comédia dominado por homens e que pode inspirar outras mulheres a alcançar os seus objetivos. Não me vejo como uma pioneira, embora qualquer marca que as mulheres façam em diversas áreas, irá ajudar a abrir portas para que outras mulheres lhes possam suceder.

O que foi que a atraiu a fazer o seu novo filme, Admission?

Pareceu-me um golpe de sorte terem-me oferecido este papel. Fico sempre contente por poder representar personagens inteligentes que falam como adultos e têm algo interessante para dizer. Também acho que me pareço mais com uma conselheira de admissão do que a Denise Richards, por exemplo.

Prefere interpretar comédias como as que fez no passado, como Giras e Terríveis, que também escreveu?

Estranhamente, eles nunca me oferecem papéis em filmes como Os Miseráveis ou Catwoman. A Anne Hathaway consegue-os sempre primeiro, caramba!

Já foi descrita como um símbolo sexual do homem pensador?

Fico contente por saber que andam por aí homens que pensam, no que respeita a mulheres!

Em que é que Admission se refletiu na sua personalidade?

Eu já passei pelo terror de tentar inscrever a minha filha mais velha num infantário exclusivo em Nova Iorque e, mais recentemente, numa escola privada em Manhattan. Na realidade, é mais difícil conseguir a entrada de uma criança num bom infantário do que entrar para uma universidade da Ivy League como Princeton. Há tantas crianças pequenas nesta pequena ilha. E depois, como é que se pode avaliar uma criança de cinco anos? E se os levarmos para uma entrevista e eles têm de fazer cocó? Se eles tiverem de fazer cocó, acabou-se.

Você tentou entrar em Princeton, não foi?

Eu lembro-me de chumbar na minha entrevista em Princeton. A minha mãe queria que eu me inscrevesse desde que era uma miúda. Eu tinha uma saia de xadrez comprida e um casaco de fato, mas não me saí bem. Ao contrário da personalidade forte e da pessoa deslumbrante em que me tornei.

Há muita gente na Europa que provavelmente não se apercebe do quão competitivo é o processo de candidatura para as universidades da Ivy League.

Não, tenho a certeza que não. Essa foi uma das coisas interessantes que me agradaram na premissa do filme. Há tanto humor inerente na tensão subjacente, ansiedade e loucura que envolvem o processo de candidatura. Tantos pais que investem tanto dos seus valores próprios, que poupam uma pequena fortuna e dedicam as suas vidas a colocar os seus filhos numa das cinco melhores faculdades (Princeton, Harvard, Yale, Brown e Cornell), apesar de haver milhares de boas faculdades por todos os Estados Unidos e outros países.

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Em que universidade andou?

Eu andei na University of Virginia e vinha de um subúrbio de Filadélfia. Andei lá de 1988 a 1992. Foi uma ótima escola, e para mim era culturalmente diferente. Eu vinha de um subúrbio onde todos eram meios italianos ou meios irlandeses, gregos, o que fosse, e aquelas eram as pessoas mais brancas que eu já tinha visto. Eram as mais lindas raparigas de rabo-de-cavalo e grandes brincos de argolas e andavam de cavalo. Aquilo era divertido para mim. Eu sentia-me como se tivesse ido para a Suécia ou coisa parecida. Mas envolvi-me com o departamento de teatro e aí encontrei as pessoas menos atrativas e com formas estranhas e assim nos juntámos.

A Tina e o Paul Rudd devem ter-se divertido muito a fazer este filme.

O Paul disse que tinha lido o meu livro Bossy Pants, portanto sabia como lidar comigo. Mas tentámos evitar criar uma onda de riso permanente nas filmagens, de modo a conseguirmos chegar ao fim do filme sem provocar o riso compulsivo dos outros atores. Têm de nos pagar imenso dinheiro se querem que sejamos engraçados e divertidos.

Como descreveria a sua personagem no filme?

Ela é uma mulher muito inteligente. Vive uma vida sossegada, mas agradável, com o namorado que é professor de inglês, não estão interessados em casar, não estão interessados em ter filhos. Então uma série de coisas acabam por perturbar a sua vida e começa tudo a desmoronar-se. Foi bom porque o livro e o argumento são muito inteligentes. Foi um verdadeiro desafio para mim tentar representar – representar a sério. O meu marido Jeff dizia-me todos os dias: “Não te esqueças de representar.”

Como gere os seus vários projetos de cinema e televisão com a vida como mãe e esposa?

Eu tento cuidar dos meus filhos primeiro, mas tenho bastante ajuda a tomar conta deles. Portanto, confio nas amas e quando ninguém está a ver, escondo-me algures em casa a dormir, onde ninguém me possa encontrar! Às vezes, costumava esconder-me na lavandaria! Eu dizia ao meu marido: “Fica com os miúdos uma hora.” Então escondia-me no andar de baixo.

Como é a vida em sua casa?

Não me lembro, é tão movimentada. É só trabalho e crianças e entrar e sair de carros e garantir que os miúdos não morrem de fome. Mas as minhas filhas dão-me uma alegria imensa, e a mais pequena (Penelope) é uma bombinha. Ela trepa e corre e grita o dia inteiro. Tem o cabelo claro e é um pouco parecida com o meu pai. Parece determinada. Tenho a sensação de que o temperamento dela vai dar-me cabelos brancos muito em breve.

Agora que a sua série 30 Rock acabou, a sua vida é menos agitada?

Estranhamente, ainda estou exausta, não sei porquê [risos]. Parece que estou a reentrar na sociedade, depois de ter estado presa como refém em Long Island City, onde filmámos o 30 Rock. Espero estar agora num período de recarga. Tento ir ao ginásio duas ou três vezes por semana. Normalmente, escrevo durante algumas horas, todos os dias, e depois certifico-me de que estou em casa quando a minha filha mais velha, Alice, chega no autocarro da escola. Basicamente, é esta a minha vida agora.

A sua carreira beneficiou imenso da sua aclamada imitação da Sarah Palin...

Foi o que me tornou muito famosa, mas nunca é uma coisa muito boa ser imediatamente identificada com uma personagem ou imitação. Também porque metade do país vota nos Republicanos, vais ser criticada por ser politicamente parcial. Mas a minha imitação era uma caricatura da mulher e não necessariamente a sua política. E ela não é uma mulher frágil e a impressão que tenho dela nunca teve maldade. Isso é um aspeto da natureza sexista que a crítica a uma performer feminina pode ter. Nunca ninguém disse: “Ai aquele Will Ferrell. Devia ter vergonha da forma como se comportou ao fazer de George W. Bush.” Ninguém diria isso em relação ao Will Ferrell.

Tem havido imensos boatos de que irá apresentar os Óscares no ano que vem (ela já recusou o convite várias vezes).

Todos os anos fico satisfeita por não ser eu a apresentar. O Seth (MacFarlane, cuja prestação enquanto apresentador dos Óscares este ano dividiu acentuadamente a crítica) atirou-se com força, deu tudo o que tinha, que é o que é preciso fazer. É um espetáculo mesmo difícil. Por outro lado, para os Globos de Ouro, a Amy (Poehler) e eu escrevemos piadas, pedimos a alguns amigos para escreverem piadas e na sexta-feira antes do espetáculo reunimo-nos durante um bocado no hotel. E foi isto. Os Óscares envolvem cinco ou seis meses de preparação e não acho que possa dedicar esse tempo todo ao projeto.

Está a gostar do seu recém-adquirido estatuto de superestrela de Hollywood?

Estou contente por ter mais oportunidades agora e estou desejosa de fazer mais filmes. Mas ainda não me considero o tipo de atriz que tem uma pilha de argumentos na mesa de cabeceira e se pergunta: “Deixa lá ver estas grandes propostas.” Existem imensas verdadeiras estrelas de cinema no mundo e eu não sou uma delas. Fico radiante se alguém me liga a convidar para fazer alguma coisa.

Lembra-se do seu primeiro trabalho?

Antes de começar no mundo do entretenimento, fazia uns biscates no snack-bar de um clube com piscina, a fazer bifes com queijo. Assim, a minha mãe podia usar a piscina. O meu irmão teve esse trabalho antes de mim e depois a minha mãe pôs-me lá a mim para continuar a poder usar a piscina sem pagar. Mais tarde subi de escalão e trabalhei no YMCA nos arredores de Chicago, onde entrava às 5h30 da manhã até às 2h30 da tarde. Suponho que esse tenha sido o meu primeiro emprego.

Assinou contrato para fazer a sequela do filme dos Marretas?

É um sonho tornado realidade. Estou muito entusiasmada! As minhas filhas vão adorar.

http://www.youtube.com/watch?v=_nR_0QDVf6Y

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