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"Terminei uma relação, mas não consigo libertar-me. O que posso fazer?"

Conheça as respostas de Catarina Rivero, psicóloga e terapeuta familiar.

24 de agosto de 2020 às 13:26 Catarina Rivero
"Terminei uma relação há dois meses. Primeiro namorámos durante um ano, e acabámos por viver juntos durante seis anos. Já não me fazia sentido. Era uma pessoa que se revelou aborrecida e negativa. Puxava-me para baixo. Terminei a relação convicta que estaria muito mais feliz. Mas agora dou por mim sempre a pensar nele, a ver o que faz nas redes sociais, e até a sentir ciúmes… convidei-o para jantar no outro dia, e fiquei ainda mais certa de que não é aquilo que quero. Mas estou com dificuldade em libertar-me. Como se tivesse dificuldade em perceber quem eu sou sem ele. Habituei-me a que andasse sempre atrás de mim. Mas ao mesmo tempo estava farta daquela vida. Sei que não o amo e não lhe quero criar falsas expectativas, mas ele continua na minha cabeça." Clara. 
 
Cara Clara, as relações que experienciamos são de facto complexas e, mesmo quando o sentimento romântico deixa de existir, pode manter-se um vínculo forte que pode trazer confusão e ambivalência.
 
Mesmo quando se escolhe terminar uma relação, a dor por ser inevitável. Há mudanças de vários níveis, com os quais se pode não sentir preparada para enfrentar. Não raras vezes um questionamento face à identidade, sobre quem é para além da relação (mesmo quando a relação era negativa). Quantos mais anos passaram nessa relação, maior a dificuldade que muitas pessoas têm em encontrar a sua vida e identidade de novo. Com o tempo a passar, ocorre muitas vezes a idealização do outro ou da relação, sobretudo quando há dificuldade em avançar com a própria vida. Caso exista um sentimento de solidão, por eventual afastamento de amigos e familiares, bem como por corte com algumas rotinas que ocorriam em conjunto, a vontade de voltar pode emergir, mesmo quando se sente que não se quer aquela relação. Por outro lado, pode ser sempre reconfortante sentir-se amada ou desejada, e manter essas pessoas "em órbita", mesmo quando já não se quer manter o relacionamento.
 
Há assim um luto a fazer no final da relação, tendo ou não escolhido a separação. Se para quem é "deixado", haverá necessidade de lidar com o sentimento de rejeição, para quem deixa, não raras vezes irá lidar com o sentimento de culpa e dúvida. O sentimento de vazio pode acontecer em ambas as situações. O processo de luto pode passar por tristeza e ambivalência, bem como dificuldade em lidar com a incerteza do futuro a construir. Nestas situações, muitas pessoas acabam por tentar reaproximações, pese embora, tantas vezes se retorne ao padrão relacional habitual, levando à confirmação do fim.
 
Sendo o fim inevitável e para manter, a investigação sugere que um exercício facilitador, será escrever sobre os benefícios do fim da relação e do futuro almejado. Aí poderá reafirmar a consciência do fim, bem como dos ganhos por estar fora dessa relação e aos poucos ir reorganizando a vida, com sentido e bem-estar.
 
Será sempre importante refletir sobre o que efetivamente sente e quer. As relações podem passar por crises e mudanças para níveis mais gratificantes e com sentido (a Terapia Conjugal, nestes casos, pode ajudar). Por outro lado, é verdade que também se podem manter pelo medo de avançar com a própria vida. Neste sentido, recorrer ao apoio de um psicoterapeuta poderá ser de grande ajuda.
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