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O regresso triunfal do cinema português a Cannes

Crista Alfaiate, protagonista do filme "Grand Tour", realizado por Miguel Gomes, representou a cultura filmográfica portuguesa na Riviera Francesa, mas não só. Levou consigo um vestido feito especialmente para a passadeira vermelha de Cannes por Maria Carlos Baptista. A Máxima conversou com estas duas grandes mulheres sobre tudo, desde o processo da criação da roupa até ao peso que é representar uma nação.

Foto: Valdemar Brito
28 de maio de 2024 às 18:56 Safiya Ayoob / Com Rita Silva Avelar

Após uma ausência de 18 anos, o cinema português voltou a brilhar na Riviera Francesa no Festival de Cannes com "Grand Tour", realizado por Miguel Gomes. O filme, que teve Crista Alfaiate como protagonista, não só destacou o talento nacional na sétima arte, mas também no mundo da moda, através dos looks únicos concebidos pela designer Maria Carlos Baptista.

Foto: Valdemar Brito

Uma história de determinação e movimento

"Grand Tour" segue a história de Molly Singleton, uma mulher determinada a encontrar o seu noivo, Edward Abbot, na Birmânia. A trama, rica em visuais e emoções, permitiu a Crista Alfaiate explorar profundamente a sua personagem. "Ser protagonista do filme é interessante porque permite acompanhar o processo desde o início, desde a construção do guião até à criação dos cenários," comentou a atriz. Este envolvimento íntimo com a personagem trouxe-lhe a responsabilidade e o desafio de dar vida a uma figura complexa e dinâmica.

Foto: Getty Images

A parceria criativa entre Alfaiate e Baptista

A colaboração entre Alfaiate e Maria Carlos Baptista resultou em looks que absorveram a essência do filme e a personalidade da atriz. Baptista, conhecida pela sua abordagem inovadora aos prints fotográficos, viu em "Grand Tour" uma oportunidade para criar algo verdadeiramente único. "Criar prints através de fotografia sempre fez parte do meu trabalho," explicou. "Para este projeto, utilizei imagens do filme, exagerando as dimensões para que os detalhes fossem perceptíveis apenas à distância." Esta abordagem inovadora não só resultou em tecidos visualmente impressionantes, mas também em peças que refletiam os momentos significativos do filme, selecionados pela própria Alfaiate. "Quando tive esta ideia e a partilhei com a Crista, quis que ela, como personagem principal, escolhesse frames importantes do filme," acrescentou a designer.

Foto: Valdemar Brito

Desafios e triunfos na criação dos looks

A criação dos looks para Cannes não foi isenta de desafios. O principal obstáculo foi o tempo limitado para o desenvolvimento das peças. No entanto, a colaboração estreita e a comunicação eficiente entre ambas permitiram que o processo decorresse sem grandes percalços. "O desafio mais significativo foi o tempo de desenvolvimento," admitiu Baptista. "Mas, graças à organização e à fluidez da nossa colaboração, conseguimos superar esses obstáculos."

A passadeira vermelha

Para a passadeira vermelha, Alfaiate vestiu um vestido deslumbrante com um print de um fogo de artifício do Vietname, uma imagem extraída diretamente do filme. Este look, criado com musselina e lã fria portuguesa, não só garantiu o conforto da atriz, mas também apreendeu a atenção de todos pela sua originalidade e elegância. "Foi um momento muito feliz, vestir a Crista para um evento tão importante foi uma grande emoção", afirma Baptista. A escolha dos acessórios também foi meticulosa. Joias de Beatriz Jardinha, selecionadas em colaboração com a designer, complementaram o vestido, criando uma harmonia perfeita entre todos os elementos. "Estava muito contente com esse look, que acompanhava com umas joias lindas da Lage," afirmou Alfaiate.

Foto: Valdemar Brito

A importância de representar a cultura portuguesa

A presença de "Grand Tour" em Cannes é um marco significativo para o cinema e a cultura portuguesa. Alfaiate expressou a esperança de que esta participação ajudasse a atrair mais atenção para as produções nacionais. "Espero que o impacto da participação do filme em Cannes seja importante e que traga mais atenção e curiosidade para o cinema português," comentou a atriz. Baptista, por sua vez, destacou a importância de representar a moda portuguesa num evento internacional tão prestigiado. "Portugal é pequeno e por norma não tem muito palco, e é de extrema relevância haver esta ponte entre vários meios de criação artística," acrescentou. "Foi um momento muito importante para mim, foi a primeira vez que vesti alguém para o Festival de Cannes."

Foto: Valdemar Brito

Olhando para o futuro

Após Cannes, tanto Alfaiate quanto Baptista têm vários projetos promissores em vista. Alfaiate está preparada para regressar ao teatro, com estreias previstas em Lisboa e no Porto. "Vou começar com ensaios e devo estrear no início do próximo ano no Teatro Nacional e no Rivoli no Porto," revelou a atriz. Entre ensaios, planeia acompanhar as estreias do filme noutros países sempre que possível.

Foto: Valdemar Brito

Baptista continuará a desenvolver novas criações e a expandir a sua marca, sempre com o objetivo de elevar a moda portuguesa a novos patamares de reconhecimento internacional. "Continuarei a trabalhar novas criações e a fazer com que a minha marca cresça, idealmente sempre associada a momentos de extrema relevância para a cultura e arte em Portugal," terminou a designer.

A colaboração entre Alfaiate e Baptista em Cannes exemplifica como a moda e o cinema podem interagir para criar momentos inesquecíveis, elevando a cultura portuguesa em eventos internacionais prestigiados. A presença de "Grand Tour" em Cannes não só destacou o talento dos artistas portugueses, mas também reforçou a importância de continuar a apoiar e promover a cultura e a arte em Portugal.

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