O Museu do Oriente “é outra música”
À beira Tejo plantado, o Museu do Oriente é um oásis de arte e cultura asiática em Portugal e na Europa. A celebração do 10.º aniversário da instituição foi o pretexto perfeito para a Máxima ir conhecer as chaves do seu sucesso.

"Atrás de nós está a exposição Ópera Chinesa, um núcleo da coleção Kwok On", explica Sofia Lopes, subdiretora do Museu do Oriente, num dos curtos intervalos da sessão fotográfica para a Máxima. "Trata-se de uma coleção de artes performativas asiáticas. O que tem de especial é que documenta o contexto religioso a que estas estão associadas. Temos muitos objetos que evocam as várias divindades por toda a Ásia, documentam os rituais e artes performativas, como Ópera Chinesa", continua a curadora, que conhece bem esta coleção. Sofia Lopes formou-se em Antropologia Social e Sociologia e fez um mestrado em Antropologia, Património e Identidade. Estava a trabalhar no Museu de Etnologia quando a Coleção Kwok On chegou a Lisboa vinda de Paris, como uma doação da Association des Arts et Traditions Populaires de l’Asie (Musée Kwok On), em 1999. A necessidade de alguém que orientasse o seu estudo e inventário levou-a para a Fundação Oriente (instituição que celebra este ano 30 anos e a partir da qual nasceu o Museu do Oriente). O museu era então ainda um projeto. Esta coleção, que tem o nome do seu colecionador, conta hoje com mais de 13 mil objetos e é uma das duas que compõem o espólio do Museu. A outra é a Coleção Presença Portuguesa na Ásia.
Ao lado de Sofia Lopes está Joana Belard da Fonseca, atualmente diretora-adjunta do Museu do Oriente. Joana licenciou-se em História, pós-graduou-se em Museologia e Património e, depois de um mestrado em Artes Decorativas, começou a trabalhar no Palácio da Ajuda. Em 2004, chegou à Fundação Oriente para preparar a abertura do museu.

A propósito deste 10.º aniversário do Museu do Oriente, a Máxima foi até ao n.º 352 da Avenida de Brasília, em Lisboa, e convidou-as a fazerem um pequeno balanço desta primeira década. Primeiro em pose, com saltos altos. Depois, num gesto intuitivo e descontraído de quem se sente em casa, encostadas à parede, já descalças. Afinal, viram este espaço começar de raiz. Pelo meio, os turistas que visitam o museu pestanejam com curiosidade, mas não estranham. A presença de ambas no espaço do museu é quase orgânica, por isso, falar do trabalho que realizam hoje ou dos objetivos alcançados ao longo destes anos não é difícil.
Muito antes do Museu do Oriente abrir, em maio de 2008, já a Fundação Oriente tinha um plano de intercâmbio de peças do seu acervo. Hoje, o Museu tem parcerias com embaixadas dos países asiáticos em Portugal, colabora com festivais culturais que se realizam por cá e destaca a importante colaboração com o Ministério da Cultura da República Popular da China. Estas relações e protocolos que o Museu estabelece já permitiram trazer a Portugal exposições como a dos Bronzes Arcaicos do Museu de Xangai, bem como emprestar peças das coleções do acervo para exposições em França, Itália, Macau, China, Japão, Tailândia e Austrália, explica Joana Belard da Fonseca.
Em modo de celebração, por passar uma década com as portas abertas ao público, a atual diretora-adjunta diz que, neste aniversário, há a sensação de objetivo cumprido e que as relações históricas entre Portugal e os países da Ásia estão reforçadas. Acrescenta ainda que, mais do que um museu, este pretende ser um espaço "de encontro diário de culturas e civilizações através da arte, da literatura, da religião, da política e da economia" e destaca que este é um dos raros museus na Europa que se foca nas relações entre Ocidente e Oriente.

Neste ano tão especial, o 30.º aniversário da Fundação fica marcado pela condecoração com o grau de membro honorário da Ordem do Infante D. Henrique, atribuída pelo Presidente da República. E quanto ao 10.º aniversário do Museu, o programa tinha de ser especial, por isso, conta com a colaboração de embaixadas de países asiáticos, como Índia, Coreia, Filipinas, Tailândia, Japão, Balgladesh, China e Timor-Leste, na realização de iniciativas que se focam em cada uma destas culturas. Além da exposição Ópera Chinesa, está também patente desde março a exposição Um Museu do Outro Mundo, uma intervenção com obras de José de Guimarães em diálogo com as obras da coleção Kwok On. E entre tantas iniciativas já é possível anunciar que, para novembro, está prevista a exposição Da Europa para a China, sobre as Embaixadas de Portugal à China.
Também é importante reter alguns números: em 10 anos o museu teve cerca de 800 mil visitantes, 115 exposições, 500 espetáculos e mais de 700 cursos, conferências, encontros e workshops. E é impossível não referir (já que a própria directora-adjunta o fez) que a equipa é, maioritariamente, feminina. E o grande desafio é impô-lo no panorama cultural português "pela diferença, originalidade e diversidade de oferta" e, para tal, têm contribuído todas as atividades que a instituição disponibiliza: sejam exposições temporárias, cursos, conferências, encontros e espetáculos de música, teatro, dança e cinema, workshops de pintura, caligrafia, gastronomia e artesanato. E ainda aulas de Chi Kung, Yoga, Tai Chi e Tenchi Tessen. Sofia Lopes diz ver o museu como "um lugar único, um laboratório para a investigação transdisciplinar, com especial enfoque na história e na antropologia, no caso do Museu do Oriente. Um local para repensar e atualizar conceitos". E também quebrar barreiras, ou não fosse este um museu do outro (lado) do mundo.
Fotografia: Ana Viegas

Styling: Marina Sousa. Assistente de fotografia: João Taínha. Maquilhagem e cabelos: Elodie Fiuza

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