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O colete amarelo que se transformou em uniforme político em França

A peça fluorescente assumiu um significado político para os protestantes franceses contra os preços dos combustíveis. E não só.

Foto: Gerard Julien/AFP/Getty Images
06 de dezembro de 2018 às 18:00 Aline Fernandez

Todos os protestos são eficazes a transmitir mensagens, mas um protesto com um uniforme – principalmente e propositalmente um de alta visibilidade – é ainda mais engenhoso. O "gilet jaune", o colete amarelo fluorescente tornou-se sinónimo dos protestos contra os altos preços dos combustíveis em França, da crescente desigualdade dos ordenados e, consequentemente, dos problemas sociais no país.

Ainda não se sabe quem teve a ideia, mas pode confirmar-se o seu poder para chamar a atenção para o problema. Nesta terça-feira, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que os impostos sobre os combustíveis não seriam aumentados.

O último traje de protesto tão marcante de que se tem memória? As calças dos sans-culottes que se manifestaram contra a aristocracia durante a Revolução Francesa, principalmente porque as demarcações claras de classes e valores tradicionalmente associados ao vestuário se têm esbatido. Não é uma coincidência o facto de, na década de 1910, as sufragistas optaram pela cor (branco, verde e roxo) para representar as suas demandas. No ano passado, o tom escolhido pelas mulheres foi o rosa, durante a Marcha das Mulheres, e o preto na passadeira vermelha do Globo de Ouro em apoio ao movimento #TimesUp, após os escândalos de abusos sexuais em Hollywood.

Nestas últimas semanas, o colete amarelo tem, assim, transmitido duas mensagens muito diretas: é uma peça utilizada pelos profissionais em áreas de risco ou salvação e está associado a indústrias da classe trabalhadora, como a da construção. Além disso, o colete tem outras vantagens, como a acessibilidade (custa cerca de €5,80) e é peça  obrigatória para proprietários de veículos em França, ou seja, já está nos carros de muitas pessoas. O gilet jaune contribuiu também para a natureza descentralizada do movimento, tornando-se um símbolo unificador do protesto sem líder.

Mais uma vez, comprova-se que, de facto, as peças de roupas têm o poder de transmitir mensagens tão fortes quanto universais.

Foto: Alain Jocard/AFP/Getty Images
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