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Merc'Art: arte ao preço da chuva

Entrevistámos c'marie, uma das artistas dos projeto que está a agitar Lisboa, no que respeita à democratização da arte.

18 de novembro de 2016 às 17:55 Máxima
O Merc'Art chegou a Lisboa, diretamente até ao tecto do Time Out Market em Lisboa. É que esta é a primeira galeria suspensa em Lisboa, a preços democráticos. Inaugurado no passado dia 17 de novembro, o Merc'Art nasce da vontade de comemorar, partilhar e acima de tudo democratizar a ilustração e a arte urbana. Composta por 50 obras de ilustradores e street artists nacionais, a galeria situa-se nas asnas do Time Out Market. Para lém disso, não é apenas constituída por artistas reconhecidos mas também pelos conhecidos, pelos emergentes e embrionários. 

Tâmara Alves, Luís Alegre, Tiago Albuquerque, Bigod, Mariana Cáceres, André carrilho, Ozearv, Carolina Celas, Costah, Afonso Cruz, Júlio Dolbeth, Daniel Eime, Fidel Évora, Alberto Faria, João Fazenda, Sara Feio, Inês Fonseca, Inês Franco, Godmess, Cláudia Guerreiro, Halfstudio, C’Marie, Já.Sinto, Lord Mantraste, Tiger Bastard, Lara Luís, Pickle Films, Inês Mendes, Mint Cuts Studio, Mariana a Miserável, J de Montaigne, Susa Monteiro, Mots, Nada, Paul Neberra, Sebastião Peixoto, Jorge Pereira, Pedro Podre, Carolina Reis, Regg Salgado, Samina, Rui Santos, Pedro Sim, Vanessa Teodoro, The empty belly, Senhor Tocas, Ana Types Type, João Vaz de Carvalho e Pedro Zamith
O merc’art oferece a todas as pessoas a possibilidade de comprarem obras de artistas a preços nunca antes vistos: edições limitadas e assinadas pelos autores a 15€ e 25€, originais a partir de 250€.

Para além disso, estão à venda 2.500 postais e a sua venda reverterá a favor da HeArt, uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo divulgar e promover o trabalho artístico das pessoas com deficiência

Entrevistámos c'marie, uma das artistas portuguesas convidadas a criar uma ilustração para este projeto. 

Como é ser artista em Portugal?

Não é fácil. Num país onde a cultura é posta em segundo plano, são inúmeras as situações em  que o nosso trabalho é pouco valorizado. Até nós, artistas, nos desvalorizamos um bocadinho. Às vezes aceitamos encomendas e orçamentos que não queremos para poder pagar contas, arranjamos part-times que nos consomem a vontade, criatividade e tempo porque 'viver só de desenhos' não dá. Porquê? É pouco certo e seguro, e porque a maioria dos convites e propostas que temos, são para 'divulgação do trabalho ou para acrescentar ao portfólio'.

Ainda assim, há que tentar ser-se positivo. tem que se lutar muito, é certo, mas se queremos chegar longe temos que nos fazer ouvir. Hoje em dia as plataformas online são uma grande ajuda de autopromoção, assim como streetart e exposições desta natureza (mercart). Tem que se insistir mas é por uma boa causa.

Qual é o seu maior sonho enquanto ilustradora?

Ainda que desenhe desde que me lembro, incluindo em toalhas de papel de restaurantes, o meu percurso enquanto ilustradora está no início. Sou ainda muito pequenina nesta área, mas confesso, já me vou permitindo a alguns sonhos e vontades. Gostava muito de ilustrar artigos, livros, murais, mas acima de tudo, gostava de conseguir viver com o meu trabalho. Muitos artistas evitam ou desvalorizam esta questão, mas eu creio que é um erro. 

ilustração é uma das minhas formas de comunicar com o mundo, de deixar uma espécie de legado, contribuição, e gostaria de poder ter a ilustração como 'emprego', sentir-me realizada e feliz.  

Como surgiu a oportunidade de participar no Merc'Art?

Merc'Art: arte ao preço da chuva
Merc'Art: arte ao preço da chuva Foto:

Terminei recentemente o meu Mestrado em Artes Plásticas e senti finalmente aquele arrepio que há tanto evitava.. o ingressar na vida adulta, o mercado de trabalho, a pressão social (e própria) de arranjar um emprego sério. Enviam-se candidaturas, alguns e-mails que não têm resposta, outros que nos enchem de esperança mas que por aí ficam. 

Decidi então fazer uma venda online de trabalhos, a preços acessíveis e por sorte, a J de Montaigne, uma artista plástica, comprou uns desenhos meus. 

Creio que gostou bastante, porque acabou por dar o meu contacto à organização do Merc'art, que no fim me selecionaram e convidaram a ingressar  no evento.

Como vê este género de iniciativas?

Tenho pena que não haja mais! Estas iniciativas são positivas para a comunidade artística, para o público que visita e frequenta o espaço e individualmente para o artista que tem hipótese de divulgar e vender o seu trabalho. 

O que significa a obra criada para o projeto? Qual o conceito?

Esta obra ilustra um sonho, em que o peixe representa a consciência da rapariga.

Por Rita Silva Avelar

"Keep Razors Sharp", de Sara Feio
1 de 5 / "Keep Razors Sharp", de Sara Feio
Tamara Alves
2 de 5 / Tamara Alves
"Diabo da Tasmania" de Sara Feio
3 de 5 / "Diabo da Tasmania" de Sara Feio
"Hungry for love cut" de Paul Neberra
4 de 5 / "Hungry for love cut" de Paul Neberra
"Picnic", de João Fazenda
5 de 5 / "Picnic", de João Fazenda
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