Marina Abramović vai recriar a sua icónica “porta da nudez”
A artista sérvia volta a apresentar uma das suas icónicas performances: aquela em que os visitantes são convidados a passar numa porta por entre duas pessoas totalmente nuas. Acontecerá na Royal Academy of Arts, em Londres, no outono de 2020.

A primeira vez que Marina Abramovic apresentou a peça Imponderabilia foi ao lado do alemão Ulay (Frank Uwe Laysiepen), seu companheiro na altura, na Galleria Comunale d’Arte Moderna, em Bolonha, no ano de 1977. Com uma duração que não chegou a sete horas, a peça foi interrompida pela polícia, na altura, mas nunca mais se descolou do universo performativo desta que é considerada uma das maiores artistas nas artes performativas das últimas décadas. A peça consistia em colocar um homem e uma mulher nus – um enfrente ao outro - na passagem entre salas, numa porta. Quem quisesse atravessar teria que passar entre estas duas pessoas – optando sempre por passar de lado, escolhendo, assim, um lado. Agora, a Royal Academy of Arts (RA) prevê uma retrospetiva do trabalho da artista, hoje com 71 anos, que incluirá fotografias, vídeos, objetos, instalações e recreações, dando a conhecer mais de 50 obras ao longo de toda a sua carreira. Habituada a chocar o mundo das artes e o seu público, desta vez não deverá ser exceção.
A performance em questão - Imponderabilia - será uma das várias peças recriadas para este projeto que ocorrerá nas principais galerias da RA. Se na altura a performance deu direito a uma intervenção por parte da polícia, desta vez, em pleno século XXI espera-se menor alvoroço mas não um impacto menor. De acordo com o The Guardian, Andrea Tarsia, curador da RA, revela que este trabalho marca um gesto de simplicidade que "propõe um confronto com a nudez, com o género, com a sexualidade, com o desejo". Para a concretização desta performance, a RA vai selecionar, com a supervisão de Abramovic, jovens de ambos os sexos para uma audição diferente do habitual. É que estes homens e mulheres permanecerão nus, frente a frente, numa porta, enquanto os visitantes do espaço, passarão no curto espaço entre eles, quantas vezes assim desejarem.

Marina Abramovic nasceu em Belgrado, filha de pais comunistas, com uma infância difícil. Formou-se em Belas Artes e, desde os anos 70 que iniciou as suas performances marcadas pela invulgaridade e audácia, mostrando algo novo no mundo das artes dessa década. No seu trabalho é explorada a relação da artista com o público, tendo-se tornado conhecida por testar os seus limites físicos e mentais através do seu espólio profissional. Não são raras as vezes em que se coloca à disposição dos espectadores. Já brincou com facas, jogou à roleta russa, ficou sob o efeito de drogas controladas, permaneceu no meio de uma estrela em chamas, ou passou três meses sentada numa cadeira sem se mexer – e são apenas alguns exemplos.

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