"Mães que não ameaçam e que não se ‘passam’ poderão ser mães certinhas, mas dificilmente serão boas mães"
No âmbito do Dia Internacional da Família celebrado no passado 15 de maio, conversámos com o psicólogo Eduardo Sá, que nos explicou como estão as famílias portuguesas e para onde caminham.

No âmbito do Dia Internacional da Família, celebrado ontem, 15 de maio, a marca Limiano levou a cabo um estudo sobre as Famílias Portuguesas, cujo objetivo foi perceber o que as preocupa, hoje em dia, e ainda compreender as principais características comportamentais e emocionais das mesmas, assim como os desafios e necessidades do presente e do futuro. O estudo contou com a colaboração do psicólogo e professor Eduardo Sá, com quem a Máxima teve a oportunidade de conversar. Quisemos saber para onde caminham as famílias portuguesas e para onde deveriam caminhar.
De acordo com o estudo, as mulheres continuam a ser as principais cuidadoras do lar (83% contra 8% dos homens). Ou seja, o gap continua a ser gigante. Uma vez que as mulheres já trabalham tanto quanto os homens, isto não deveria ser um cenário em mudança?

Deveríamos obrigar-nos, a todos, a repensar a família. Mães que têm um trabalho, que cuidam do lar e que serão as verdadeiras "entidades reguladoras" da educação dos filhos demonstram-nos, todos os dias, que a divisão das tarefas numa família tarda, assustadoramente, a mudar. E ajuda-nos a perceber que as mulheres, por mais que pareçam ser "multifunções", acabam por ser as mais prejudicadas nas oportunidades que só o tempo nos dá.
A maioria dos inquiridos com filhos diz que a sua grande preocupação é a educação dos filhos seguida da felicidade. Qual a coisa mais importante para se fazer um filho feliz, além do óbvio amor?
Aquilo que de mais importante serve para fazer um filho feliz passa por colocarmos a felicidade dos pais antes da educação dos filhos. Porque pais mal-amados, por melhores pessoas que sejam, serão sempre (contra a sua vontade) piores pais.

A felicidade dos nossos filhos não deveria passar por estarmos mais presentes? Ainda que estejamos cada vez mais longe, graças ao trabalho e à loucura que são os horários dos dias de hoje?
Sim, sem dúvida. Receio que nos desculpemos todos com o trabalho e com os compromissos que se encavalitam uns sobre os outros e nunca façamos todas as escolhas que devemos fazer. Nomeadamente, colocarmos os nossos filhos na agenda. Em primeiro lugar. Não que eles precisem de todo o nosso tempo do mundo. Mas sem nós mais perto de si, eles não crescem saudáveis, humildes e sábios. E não há nada de pior do que crescermos com a sensação de não termos sido tão crianças quanto teremos precisado de ser, para sermos amigos do futuro.
Os portugueses dividem mal o seu tempo, ou seja, trabalha-se muitas horas versus a eficácia alcançada ao fim do dia?

Dividimos, sim. Mas talvez acabemos todos a dividi-lo mal quando não definimos aquilo que queremos e as estratégias que achamos exequíveis para lá chegarmos. A eficácia começa na escolha!
Chegar-se mais cedo a casa deveria ser uma medida urgente para um lar mais feliz e equilibrado?
Obrigatoriamente! Devia, aliás, ser proibido que as crianças jantassem antes dos pais. Devia ser proibido que os pais chegassem a casa unicamente a tempo de lhes darem um beijinho, antes de irem dormir. Ou que, mesmo quando estão com elas, dessem mais atenção aos ecrãs que aos olhos dos filhos.

Indique-nos pequenos gestos que possam fazer a diferença no dia a dia de uma família.
Escutarmo-nos com o coração. Falarmos daquilo que sentimos sem que seja preciso que nos perguntem porquê. E nunca pouparmos nos pequenos gestos sem os quais acabamos por nos divorciar uns dos outros.
De acordo com o estudo, a maioria das mães considera-se boa mãe. Somos, de facto, boas mães e próximas dos nossos filhos? Ou já houve épocas melhores?

Temos as melhores mães que a Humanidade já conheceu! Agora, imagine só como o futuro irá agradecer quando todos descobrirmos que, ao lá chegarem, as mães conseguirão ser, ainda, melhores mães!
Perder a cabeça, gritar e até dar um safanão é legítimo? Há quem defenda que nunca se deve recorrer à "violência"…
Mães que não se esganiçam, que não ameaçam e que não se "passam" poderão ser mães certinhas, claro, mas dificilmente serão... boas mães.

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