Joana Santos: "Custou-me estar longe do meu filho na rodagem, mas usei a saudade para a personagem"
A atriz aventura-se de novo no grande ecrã como protagonista do filme "Vadio", de Simão Cayatte. Em entrevista à Máxima, a atriz recorda como correram as filmagens e qual a cena que mais lhe custou gravar.
No caso deste filme o protagonismo é divido com o Ruben Simões, que interpreta o papel de André. Os meus maiores desafios neste filme talvez tenham sido conseguir passar toda a carga emocional da minha personagem com realismo e evitar o caminho mais fácil do melodrama! Ser protagonista não é um mar de rosas: também significa ter mais cenas, mais texto para decorar e maior carga horária. Custou-me estar longe do meu filho durante as semanas de rodagem mas procurei usar essa saudade para a minha personagem...Foi um enorme e maravilhoso desafio fazer este filme.

Como correram as filmagens? Que momentos engraçados se proporcionaram? Episódios que possa contar…

Quais são as maiores diferenças entre cinema e televisão? Do tempo à forma como se filma…
Apesar de ambos serem produtos audiovisuais existem diferenças entre ambos, e ainda bem! Errado seria que fossemos ao cinema ver telenovela. A forma de trabalho de um ator é diferente e se por um lado no cinema, como conhecemos o guião por inteiro, podemos construir a personagem com mais camadas, em televisão temos que mostrar a nossa personagem mais rapidamente e vamos "dançando" com o que vai sendo escrito ao longo da novela. Outra questão, não menos importante, é que para cinema, ou pelo menos neste filme, filmas em média 5 cenas por dia, há mais tempo e dedicação ao pormenor. Em televisão pode haver planos de 20 a 30 cenas por dia, filmamos com 3 câmaras e acontece tudo muito mais rápido. Não quero dizer com isto que uma é melhor que a outra, são abordagens diferentes. A televisão deu-me a destreza de conseguir passar por várias emoções num curto espaço de tempo, deu-me a exigência na concentração, trouxe-me amigos para a vida.


O que é que a fascinou mais neste guião? Qual foi o momento mais difícil de filmar, seja a nível físico ou mental?
Adoro o facto de neste filme não ser tudo explicado, estamos um bom tempo sem saber quem é a Sandra, esta vizinha misteriosa do André, e mais outro tempo sem saber o que é que ela fez que a levou para aquela casa no meio do deserto alentejano. Isso acaba por te agarrar, porque para além de quereres saber mais e quereres acompanhar a história destes dois, também podes imaginar e podes criar a tua história em relação a estas personagens. Cada pessoa tem uma interpretação sobre o que vê diferente da outra e é aí que está a magia. A cena mais difícil a nível emocional foi sem dúvida a conversa com a mãe (Luísa Cruz), ouvir as palavras que saiam da boca da Luísa era um aperto no coração, o Simão não queria que esta cena fosse melodramática, o texto já era muito duro e não queria tornar a cena num melodrama, o desafio foi esse, passar a dureza da cena sem cair em exageros. Vejam o filme e depois digam-me como me saí. (sorriso)


Como é trabalhar com Simão Cayatte?
É bom, muito bom. O Simão para além de escrever muito bem tem uma sensibilidade muito grande a dirigir os atores. Sabe dizer o que quer, sabe ouvir o ator, é muito focado, perfecionista e acho que isso se nota nos filmes dele. Dá muita atenção aos pormenores e isso faz toda a diferença. Mas também é o tipo de realizador que prevalece o trabalho do ator ao plano bonito. Acho que vão ouvir falar muito nele no futuro.


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Cláudia Varejão, realizadora. “Somos todos diversos sem exceção. Somos todos queer.”
'Lobo e Cão' é dos mais belos filmes de 2022. A partir de relatos reais e recordações da sua própria vida, Varejão conta vivências de adolescentes LGBTQ+ nos Açores. As relações familiares e os sonhos, ou a religião que tanto assombra ou dá esperança ao arquipélago. Conversa com a realizadora sobre o processo de trabalho num filme que corta o fôlego a quem o vê.