IndieLisboa. Cinco filmes a não perder (mesmo)
A sala de cinema é o refúgio perfeito para fugir do calor dos próximos dias. Este é o roteiro da Máxima para aproveitar a 18ª edição do festival que arranca este sábado, 21, em Lisboa.

Girls/Museum, Shelly Silver


Diz-se que a Arte está nos olhos de quem vê. O que acontece então quando crianças do sexo feminino, dos 7 aos 19 anos, entram num museu (neste caso o Museu de Belas Artes de Leipzig, Alemanha) e contemplam as suas obras? O resultado foi captado pela realizadora norte-americana Shelly Silver e pode ser visto neste filme, em que as crianças oferecem as suas inesperadas e curiosas interpretações do que vêm nas paredes do museu. Numa época em que se questiona tanto o papel das instituições na promoção da diversidade e igualdade, esta obra chega em perfeita sintonia com o zeitgeist para discutir questões de género e ouvir quem nem sempre tem espaço no espaço mediático tradicional: a geração futura.
Onde e quando: dia 29, às 18h, no Cinema Ideal.
Bad Luck Banging or Loony Porn, Radu Jude


Foi dos primeiros filmes gravados em tempos de Covid-19 e, por isso, não estranhe se vir os atores de máscara nas ruas de Bucareste, Roménia, onde a história acontece. A longa-metragem do romeno Radu Jude venceu o Urso de Ouro de Berlim e antes de chegar às salas portuguesas comerciais faz uma primeira aparição (duas, na verdade) no festival de cinema independente. O filme começa com uma sex tape e explora como a sociedade lida com o facto de ser uma mulher, professora, a protagonista do vídeo. O que têm os pais dos seus alunos a dizer sobre o assunto? É isso que se descobre nesta obra para questionar tabus, destruir preconceitos e deixar a nu hipocrisias.
Onde e quando: dia 23, às 21h45, no Cinema São Jorge ou dia 26, às 2115, no Jardim Palácio Galveias

Lo que no se ve ni se oye, Clara Cullen

É uma daquelas histórias tão inacreditáveis que podia bem ser fruto da imaginação – só que não é, como espelha este documentário em que a realizadora Clara Cullen descobre uma caixa com um conteúdo capaz de dar direito a um filme. Ao abrir o objeto a realizadora depara-se com imagens filmadas pela sua bisavó e percebe que ela foi a primeira mulher realizadora na Argentina. É uma viagem pelo arquivo pessoal e pela árvore genealógica de Cullen.

Onde e quando: dia 30, às 19h, na Cinemateca.
Três Dias Sem Deus, Bárbara Virgínia

Três Dias Sem Deus foi a primeira longa-metragem de ficção a ser realizada por uma mulher em Portugal. Corria o ano de 1946 quando Bárbara Virgínia, realizadora, contou a história de Lídia, uma professora primária que fica colocada numa aldeia isolada na serra. O filme, que se estreou em Cannes, não está, contudo, completo. Resta apenas um fragmento da obra e vai ser exibido em apenas uma sessão do festival, em conjunto com o filme Lo que no se ve ni se oye. Faz parte da história do cinema português e é imperdível.
Onde e quando: dia 30, às 19h, na Cinemateca.
Souad, Ayten Amin

Não há grandes dúvidas de que a nossa existência está a ser cada vez mais moldada pelas tecnologias – podemos discutir se para bem ou para o mal. Souad é uma jovem de 19 anos de uma província no Egipto que, fora do ambiente conservador em que vive, assume uma segunda persona, mais livre, menos escrutinada pelas expectativas tradicionais de quem a rodeia. O seu smarthphone é a porta para esse mundo em que usa batom vermelho, tira selfies, mostra o ombro e fala com o namorado. O realizador Ayten Amin espelha neste seu segundo filme como a revolução digital pode colidir com a sociedade patriarcal.
Onde e quando: dia 27, às 21h30, no Cinema São Jorge.
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