Iggy Azalea: Rimas no feminino
Sim, é mulher. Sim, é loira. E sim, é australiana. Uma receita difícil para quem quer vingar no mundo do hip-hop. Ela conseguiu e prepara-se agora para lançar o seu primeiro álbum.
Os comentários no YouTube dividem-se: para uns, ela é “uma combinação entre a Dianna Agron e a Gwen Stefani”, para outros, “uma mistura entre a Nicki Minaj e a Demi Lovato”. Há ainda os que a descrevem como “uma Nicki Minaj branca com a voz da Ke$ha” e aqueles que a comparam a Lady Gaga ou a Ciara. Se estes nomes não lhe são estranhos, já deve estar a construir uma imagem na sua cabeça. Se, pelo contrário, não conhece nenhuma destas cantoras, talvez seja difícil imaginar quem é Iggy Azalea. Nós damos uma ajuda.
Nem sempre foi chamada assim. Mas, sejamos sinceros, Amethyst Amelia Kelly, o nome que os pais lhe deram, não teria ajudado muito na construção da sua credibilidade enquanto rapper, pois não? Ainda por cima australiana! É um facto: quase todas as mulheres rappers são americanas. E Iggy sabia-o melhor que ninguém: “Aqui [Mullumbimby, Nova Gales do Sul, Austrália], o hip-hop não é muito apreciado e eu sempre quis ser rapper. Pensei que se queria mesmo fazer isto tinha de ir para a América, caso contrário, nada ia acontecer.” Por isso, aos 16 anos abandonou a escola e o trabalho que tinha a limpar quartos de hotel e casas de férias com a mãe para perseguir uma carreira musical em Miami, Florida. Começou a ganhar notoriedade depois de lançar alguns temas controversos: os vídeos de Pu$$y e Two Times tornaram-se virais no YouTube e apaixonaram os amantes da música black na Internet. Em setembro de 2011, Azalea dava-se a conhecer através da sua primeira mixtape, Ignorant Art (inspirada no grafitter e neoexpressionista Jean-Michel Basquiat), cuja intenção diz ter sido “fazer as pessoas questionarem-se e redefinirem velhos ideais”. O pai, um pintor e ilustrador de banda desenhada, é quem mais influencia o seu trabalho e a forma como encara a vida: “Ele pôs-me em contacto com a arte quando ainda era uma adolescente.”
O ano que se seguiu seria determinante para alcançar o reconhecimento no mundo musical: 2012 trouxe-lhe mais uma mixtape (TrapGold), o seu primeiro EP (Glory), o feito de ter sido a primeira mulher rapper não americana a figurar na capa da revista XXL (a bíblia do hip-hop) e um contrato como modelo profissional na agência Wilhelmina Models. Mas Iggy, de apenas 23 anos, não está só a chamar a atenção pelas suas escolhas profissionais, mas também pela sua atitude polémica. De cabelo loiro platinado, olhar rasgado, estilo excêntrico e um corpo sensualmente explorado nos vídeos, conseguiu desafiar os estereótipos e afirmar-se como a nova bad girl do momento.
Foi no início de 2013, durante a tournée Radioactive, de Rita Ora (para a qual fez o espetáculo de abertura), que apresentou o primeiro single oficial – Work. A cantora já mostrou que o tema é poderoso o suficiente para ser o lead single do seu álbum de estreia, The New Classic, mas a ele se juntarão mais duas músicas que também estão a dar que falar: Bounce e Change Your Life. A apresentação do novo disco já foi adiada por diversas vezes, uma delas mais recentemente, depois de Azalea ter aceitado o convite de Beyoncé para abrir alguns dos concertos da sua digressão mundial The Mrs. Carter Show World Tour. Há uns meses, quando lhe perguntaram a data oficial do lançamento do seu primeiro trabalho de estúdio, respondeu: “Raios me partam se sei! Ele está feito, é muito deprimente dizer isto, mas será no início de março [de 2014], ainda falta imenso tempo, mas tenho apenas de aceitar.” A nós resta-nos esperar.
